tag:blogger.com,1999:blog-52879935494162250452024-03-05T18:08:29.442-08:00literaciacaracismoécrimeRevista Literáriahttp://www.blogger.com/profile/10160769599934066285noreply@blogger.comBlogger38125tag:blogger.com,1999:blog-5287993549416225045.post-71140691388256313032011-05-06T05:33:00.002-07:002011-05-06T05:54:45.124-07:00<div style="text-align: justify;"><div style="text-align: center;"><b><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">CRIMES DE RACISMO</span></span></b><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXUL7XrpMGd1iPDxtKMzZMGWiAkpOd2svAMVDkrxtM0xtyuRhKG8v1bPhkavcinChF00OApO2ZwAZz9aYFvxxx4f7_7K7xRpZaasdAsVc1S8XqFP3qkqEg1DwexDSQdU5zUpDZIegBjYii/s1600/preconceito.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXUL7XrpMGd1iPDxtKMzZMGWiAkpOd2svAMVDkrxtM0xtyuRhKG8v1bPhkavcinChF00OApO2ZwAZz9aYFvxxx4f7_7K7xRpZaasdAsVc1S8XqFP3qkqEg1DwexDSQdU5zUpDZIegBjYii/s400/preconceito.jpg" width="363" /></a></div></div><div style="text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div style="text-align: center;"></div><div style="text-align: right;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Edison Maluf</span></span></div><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">O problema do racismo é antigo. A legislação penal positiva brasileira vigora na égide do Código Penal de 1940, da era getulista. Voltando no tempo, o código penal em vigor era o da República, de 1890; antes dele o Código Criminal do Império de 1830 e antes do código do Império, vigoravam as Ordenações Filipinas, Livro V.</span></span><br />
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Nas Ordenações Filipinas, não encontramos, no livro V, nenhum tipo de preconceito; pelo contrário, a escravidão humana existia (negro, índio) e o livro V tratava da matéria, mas nenhum dispositivo condenava o racismo. Tinham dispositivos que estimulavam o racismo. Por exemplo: contra os judeus, ciganos, mouros, os quais eram obrigados a usar roupas e chapéus de determinada cor, forma etc. e, se não o fizessem, estariam praticando uma infração penal.</span></span><br />
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Em suma, nos primeiros tempos após o descobrimento, durante 300 anos, a nossa própria legislação penal estimulava a ação discriminatória, envolvendo certas e determinadas pessoas.</span></span><br />
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Proclamada a independência, passamos para o Código Criminal de 1830, no qual não figurava nenhum dispositivo consagrando ou prestigiando esse procedimento preconceituoso, mas também nada dizendo que racismo, preconceito envolvendo religião, sexo etc., configuraria infração penal.</span></span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5olNdQ_G_1L04QUYuvjp2uaKjM1miRE9YKYrq64h3kxup1ftxIrrL1fy0cKs0r6PpewUqpY5Ba3q2u_C2ZB5nEmCv3G6-YZU2wbucqDlaNUnK-PQcHD3xMvmM1oV0rWd_tl_sJ671ymVF/s1600/escravidao.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5olNdQ_G_1L04QUYuvjp2uaKjM1miRE9YKYrq64h3kxup1ftxIrrL1fy0cKs0r6PpewUqpY5Ba3q2u_C2ZB5nEmCv3G6-YZU2wbucqDlaNUnK-PQcHD3xMvmM1oV0rWd_tl_sJ671ymVF/s640/escravidao.jpg" width="640" /></a></div><br />
<br />
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">A escravidão continuava e no Código Criminal de 1830, existia toda uma parte dedicada aos escravos, quando eles infringiam a lei penal. Eles recebiam tratamento diferente.</span></span><br />
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">No artigo 60 do Código Criminal do Império, se o réu fosse escravo e incorresse em penas que não fossem a pena capital ou de galés, ele seria condenado à pena de açoites e depois, seria entregue ao seu senhor, que colocaria nele, escravo, um ferro pelo tempo e maneira que o juiz designasse.</span></span><br />
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Mais ainda, o número de açoites seria fixado na sentença e o escravo, não poderia levar mais de cinqüenta (açoites) por dia.</span></span><br />
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">O mesmo se diga do Código da República, de 1890 que não trazia nenhuma alusão ao preconceito.</span></span><br />
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Verificado aqui no Brasil o movimento de Vargas, o Estado Novo, adotamos uma nova codificação penal que é o Código Penal de 1940.</span></span><br />
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Ocorrendo a revolução de 1964, partimos também para um novo código penal; foi o código de 1969, que não entrou em vigor, por circunstâncias diversas.</span></span><br />
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Continua em vigor o código de 1940, com muitas modificações e alterações.</span></span><br />
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">No código de 1940 não há nenhum dispositivo a respeito de racismo ou de preconceito.</span></span><br />
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">A expressão racismo é totalmente inadequada. O correto é usar preconceito.</span></span><br />
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Uma lei de 1951, a lei 1390/51 - Lei Afonso Arinos, dizia: "constitui infração penal (contravenção penal) punida nos termos dessa lei, a recusa por estabelecimento comercial ou de ensino, de qualquer natureza, de hospedar, servir, atender ou receber clientes, comprador ou não, o preconceito de raça ou de cor".</span></span><br />
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">O que temos, através dessa lei e de leis posteriores, é o combate ao preconceito, à chamada ação discriminatória, que nem sempre envolve raça.</span></span><br />
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Quando falamos em racismo, limitamos a área de incidência do preconceito. As manifestações preconceituosas são muitas: podem envolver a raça, cor, idade, sexo, grupo social etc.</span></span><br />
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Preconceito é uma infração genérica; neste gênero chamamos de preconceito de: raça, cor, estado civil, sexo, inclinação religiosa etc. O preconceito é considerado contravenção penal.</span></span><br />
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">O que a lei pune é o preconceito apenas de raça e cor. Preconceito é gênero; o que se combate realmente é o preconceito.</span></span><br />
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Em 1985, 34 anos depois da Lei Afonso Arinos, foi promulgada a lei nº 7437/85. Essa lei continua a considerar os comportamentos preconceituosos, meramente contravenção penal. Pela lei, a contravenção foi estendida para preconceito de: raça, cor, sexo, estado civil.</span></span><br />
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">A idéia central continua a ser preconceito, mas a lei evoluiu pois aumentou o número de crimes de natureza preconceituosa. Preconceito de sexo é não permitir por exemplo a entrada de mulheres desacompanhadas em determinados lugares; isto acontecia em certos estabelecimentos em São Paulo, tais como boates, bares dançantes etc.</span></span><br />
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">A Constituição de 1988, em seu art. 5º - inc. XLII, passou a considerar a prática do racismo como crime inafiançável e imprescritível.</span></span><br />
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">O legislador falou em racismo, mas na verdade, o que ele queria dizer era preconceito. Preconceito é gênero, do qual o racismo é uma espécie. Por racismo, entende-se um preconceito que abrange a raça e no máximo, a cor das pessoas. O racismo não envolve preconceito de sexo, de estado civil ou de outra natureza.</span></span><br />
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">O racismo então deixou de ser mera contravenção e ganhou o "status" de crime. Mas que crime? - Um crime particular, extraordinário, porque esse crime está sujeito sempre à pena de reclusão e mais do que isso, é um crime inafiançável e mais ainda, um crime imprescritível.</span></span><br />
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">É claro que o racismo é um crime muito grave, mas fazer com que seja um crime imprescritível é um absurdo. É preciso que o direito de punir do Estado seja limitado no tempo; não pode um crime não prescrever nunca. Nos diplomas penais do mundo moderno, a prescrição começa a ser introduzida, pois a prescrição atenua aquele poder do Estado de a qualquer hora poder punir.</span></span><br />
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Para o Estado, a imprescritibilidade é uma coisa extraordinária, mas não o é evidentemente, uma garantia para o cidadão.</span></span><br />
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">A prescrição é um instituto moderno e soberano em todos os códigos de todos os povos modernos. O legislador brasileiro retrocedeu séculos quando colocou como imprescritível o crime de racismo.</span></span><br />
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Diante da Constituição tinha que vir a lei ordinária nº 7716/89, que fala apenas em raça e cor. Essa lei pune expressamente o preconceito de raça e cor.</span></span><br />
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Em vista disso, da lei acima, com relação ao sexo e estado civil, continua em vigor a Lei 7436/85, que trata o delito como uma contravenção.</span></span><br />
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">A Lei 8081/90 acrescentou o art. 20 à lei anterior:</span></span><br />
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Norma alterada pela Lei 8081</span></span><br />
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">LEI 7.716 DE 05/01/1989 - DOU 06/01/1989</span></span><br />
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Define os Crimes Resultantes de Preconceitos de Raça ou de Cor.</span></span><br />
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">ART. 20 - Praticar, induzir ou incitar, pelos meios de comunicação social ou por publicação de qualquer natureza, a discriminação ou preconceito de raça, cor, religião, etnia ou procedência nacional (grifo nosso).</span></span><br />
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Pena: reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.</span></span><br />
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">É apenas através da mídia, através da imprensa. A Lei, limitou esses atos, característicos de crime, à chamada publicação, aos anúncios em jornais e outros meios de comunicação.</span></span><br />
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Antes da lei, haviam anúncios de empregados procurados nos jornais, que davam preferência a candidatos nisseis, candidatos de orígem alemã, americana e assim por diante, criando uma barreira às pessoas de outras nacionalidades.</span></span><br />
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Esta seria a última lei a respeito do assunto.</span></span><br />
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">A Lei 9092/95 de 13.04.95 proíbe a Exigência de Atestados de Gravidez e Esterilização, e outras Práticas Discriminatórias, para Efeitos Admissionais ou de Permanência da Relação Jurídica de Trabalho, proibindo a adoção de qualquer prática discriminatória e limitativa para efeito de acesso a relação de emprego, ou sua manutenção, por motivo de sexo, origem, raça, cor, estado civil, situação familiar ou idade.</span></span><br />
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">No dia 16 de janeiro de 1996, foi sancionada a Lei Municipal de nº 11.995, que "veda qualquer forma de discriminação no acesso aos elevadores de todos os edifícios públicos municipais ou particulares, comerciais, industriais e residenciais multifamiliares existentes no Município de São Paulo.</span></span><br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjs-uQvcViPnbhq0O8N3dlFba_l1d_jAAgsyQsiEnT7w2gYmebUOTitpGnaSp7V_YoikNrz2hDbmtuV617JJAHb-68JAkaNPTtOQkeSkJnox2omPx1OA41pYY6NWK7SdzKlkizTx1zxlb2h/s1600/PRECONCEITO.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="279" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjs-uQvcViPnbhq0O8N3dlFba_l1d_jAAgsyQsiEnT7w2gYmebUOTitpGnaSp7V_YoikNrz2hDbmtuV617JJAHb-68JAkaNPTtOQkeSkJnox2omPx1OA41pYY6NWK7SdzKlkizTx1zxlb2h/s400/PRECONCEITO.gif" width="400" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhqnRHl-OtoYnprzuTK1u4c5-7nfq-Q1F0BOqRvq0l5JJiIPygVmz8e8_2wogC8STFmKxuo_RhvWOGws9xUNJ6QB65CYO1oCpMLoUInGEfLXl84tewb3JVQpXvzFcKkKMX2qkU1M0F64i0/s1600/preconceito1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="303" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhqnRHl-OtoYnprzuTK1u4c5-7nfq-Q1F0BOqRvq0l5JJiIPygVmz8e8_2wogC8STFmKxuo_RhvWOGws9xUNJ6QB65CYO1oCpMLoUInGEfLXl84tewb3JVQpXvzFcKkKMX2qkU1M0F64i0/s400/preconceito1.jpg" width="400" /></a></div><b><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /></b><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><b> Edison Maluf: </b></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Advogado, com Curso de Pós-Graduação em</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Direito Penal pela FMU-SP, Mestre em Direito Penal pela PUC-SP,Doutor pela PUC-SP, Professor de Direito Penal</span></span></div>Revista Literáriahttp://www.blogger.com/profile/10160769599934066285noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5287993549416225045.post-2026619089486237892011-05-04T05:39:00.000-07:002011-05-06T05:46:24.494-07:00DENÚNCIA<h1 class="posttitle" style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: center;"><span style="font-size: small;">@blogdonoblat defende a prática de crime de racismo</span></h1><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh04_zdwwpSyJ-f2kiEk59yWbzDwTLXgsmjxTIlUbFfATxxlN0Z8XE3UFTdqgNa9VuO0LdaNcB9Bu8MJFZqxCfr1bwsM0TsFRpqi095w4JeKw2X6715Y_XCKX8KnjzqWqd5ibd_IEhnvTfn/s1600/kkk_g.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh04_zdwwpSyJ-f2kiEk59yWbzDwTLXgsmjxTIlUbFfATxxlN0Z8XE3UFTdqgNa9VuO0LdaNcB9Bu8MJFZqxCfr1bwsM0TsFRpqi095w4JeKw2X6715Y_XCKX8KnjzqWqd5ibd_IEhnvTfn/s400/kkk_g.jpg" width="400" /></a></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"> </span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Esperar coerência de um jornalista servil como o Ricardo Noblat seria muita ingenuidade da minha parte, por diversas vezes ele caiu em contradição ao analisar fatos políticos por mais que demonstre a fragilidade de senso crítico dos seus leitores, mas confesso que não imaginava que a sua desfaçatez pudesse chegar ao ponto de defender publicamente a prática do que a lei considera crime inafiançável.</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Em mais um de seus comentários seletivos em que exibe o seu recalque patológico com o ex-presidente Lula, Noblat manda os escrúpulos às favas e sai em defesa do mandato e impunidade das declarações racistas e homofóbicas de Jair Bolsonaro, tentando justificar o crime cometido fazendo correlação primária com uma piada politicamente incorreta que o ex-presidente fez em privado e uma declaração que deu publicamente em visita oficial que fez ao Reino Unido.</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">É desonestidade intelectual e desrespeito à inteligência do leitor ignorar a diferença de uma piada contada entre amigos ou uma metáfora usada para responsabilizar os países ricos pelos efeitos da crise internacional com a prática de crime tipificada na lei 7.716 de 5 de Janeiro de 1989 (Lei Caó) e corrigida na Lei 9.459 de 13 de Maio de 1997. A lei é clara ao punir a intenção manifesta de preconceito ou discriminação de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, intenção essa que ficou clara na declaração de Bolsonaro. A tentativa de comparar com o que disse o ex-presidente é de uma leviandade cínica.</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Sem se preocupar com o fato que na internet tudo que se escreve fica guardado como quando criticou impiedosamente o ex-presidente na ocasião em que foi publicado o vídeo de Lula contando a piada ou no episódio em que deu à declaração culpando os países ricos, agora o jornalista hipócrita chama de “patrulha progressista” às críticas de toda a sociedade contra a atitude de Bolsonaro e repetindo o mantra da liberdade de expressão repetido à exaustão quando não existem argumentos de defesa, como fuga para justificar o inominável.</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Alegar defesa de liberdade de expressão em casos onde são cometidos crimes tipificados pelo código penal (Art. 140) é fazer apologia ao crime. Se um artista pode ser processado por fazer apologia ao crime quando defende o uso da maconha, o que dizer quando um jornalista defende a prática de racismo por parte de um deputado? Este é um cidadão comum com a função delegada pela sociedade de fazer e defender as leis, e não uma elite que está acima delas. Pelo contrário, quando assume o deputado jura defender as leis. A imunidade parlamentar só serve para evitar perseguições políticas e não é um salvo-conduto para a prática de crimes.</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">O comentário boçal de Ricardo Noblat respinga no jornal que trabalha, O Globo, e em toda Organizações Globo, e reflete que tentam passar uma imagem em campanhas institucionais e novelas que não se sustenta na opinião de seus comandados. Noblat põe em prática o roteiro dos seus patrões para tentar salvar a pele e o mandato do Bolsonaro sem se envolver diretamente. O trabalho sujo fica para quem está lá justamente para isso, em uma atitude que lembra a contratação de mercenários em guerras.</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Sem generalizar, o Ministério Público carece hoje em dia de procuradores que estejam dispostos a enfrentar a imprensa quando comete desatinos como esse. Infelizmente muitos deles querem manter uma relação cordial com a velha mídia com medo de assassinatos de reputação ou por gostar dos holofotes que ela dá. O dublê de jornalista/blogueiro merecia no mínimo uma repreensão pública e um chamado para prestar esclarecimentos sobre as reais intenções por trás do lixo que escreveu. Deveria ser inaceitável para um nordestino com a tonalidade da tês típica da miscigenação brasileira se preste ao papel de defender algo que provavelmente já sentiu na própria pele, mas Noblat já é uma vergonha para o povo nordestino, sobretudo os seus conterrâneos pernambucanos.</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div class="wp-about-author-pic"></div><h3 style="text-align: justify;"><a href="http://pontoecontraponto.com.br/wp-content/uploads/userphoto/1.thumbnail.4d66ffad5b72b.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="LEN" border="0" class="photo" src="http://pontoecontraponto.com.br/wp-content/uploads/userphoto/1.thumbnail.4d66ffad5b72b.jpg" width="64" /></a><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">LEN</span></span></h3><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Químico, microempresário, libertário de esquerda sem filiação partidária, sem preconceitos, agnóstico, respeito o contraditório</span></div>Revista Literáriahttp://www.blogger.com/profile/10160769599934066285noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5287993549416225045.post-46793411579246705522011-03-13T12:06:00.000-07:002011-03-13T17:33:55.603-07:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/wBUJPiyr9aU?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe><iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/yjt5v88-6Aw?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>Revista Literáriahttp://www.blogger.com/profile/10160769599934066285noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5287993549416225045.post-78797045987154004872011-03-10T13:55:00.000-08:002011-03-10T13:55:48.230-08:00<div class="title_holder"><div style="text-align: center;"> </div><h1 style="color: black; text-align: center;"><span style="font-size: small;">“Preconceito não deveria existir”</span></h1><div style="color: black;"> </div><h3 style="color: black; text-align: center;"><span style="font-size: small;"> <span>Minha voz contra o racismo</span></span></h3></div><div class="entry_content"><div style="text-align: center;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: center;"><span style="font-size: small;"><a href="http://www.infanciasemracismo.org.br/wp-content/uploads/2010/12/jeferson.jpg"><img alt="" class="alignleft size-full wp-image-957" height="232" src="http://www.infanciasemracismo.org.br/wp-content/uploads/2010/12/jeferson.jpg" style="margin-left: 1px; margin-right: 6px;" title="jeferson" width="320" /> </a></span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Jefferson Fernandes, 14 anos, aluno da 9ª série de uma escola municipal de Parelhas (RN), é um adolescente com sonhos de adolescente, como ser jogador de futebol, com gostos de adolescente, mas com uma rotina cultural riquíssima, que o torna diferente de muitos meninos de sua idade.</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Morador da comunidade quilombola de Boa Vista dos Negros, localizada no município de Parelhas, ele cresceu em um ambiente onde a cor negra é motivo de orgulho e a cultura afro faz parte do cotidiano das famílias. Parelhas é um dos 43 municípios do Rio Grande do Norte que ganharam a Edição 2008 do Selo UNICEF Município Aprovado.</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">De tão pequeno, ele nem se lembra quando começou a participar dos grupos de danças e ritos religiosos. Só lembra que queria fazer como o pai: “eu via meu pai pulando, os homens tocando e queria fazer igual”. Ele se refere à Irmandade dos Negros do Rosário, grupo que existe desde 1863 e do qual seu pai faz parte, assim como vários homens da comunidade.</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Quem ajuda a recordar é a mãe, Graça Fernandes, mais conhecida como Preta, que presidiu a Associação de Desenvolvimento Comunitário de Boa Vista por seis anos e hoje é voluntária do ponto de cultura Espaço de Resistência. O filho tinha entre 7 e 8 anos quando começou a participar das atividades da comunidade. Primeiro, no grupo Quilombinhos, onde as crianças aprendem sobre suas origens, seus antepassados e sua história e, em rodas de conversa e práticas lúdicas, aprendem a importância da valorização de sua cultura.</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Hoje Jefferson, já crescido para o Quilombinhos, realizou o sonho de dançar com o pai na Irmandade dos Negros do Rosário. Eles participam todos os anos da festa dedicada à Nossa Senhora do Rosário, realizada de 30 de dezembro a 1 de janeiro, em Jardim do Seridó, peregrinação que passa de pai para filho e já faz parte da história de Boa Vista dos Negros.</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Jefferson também integra o grupo de percussão Afro Regueiros, onde aprende ritmos africanos. Sua casa é sua maior escola: enquanto o pai é seu exemplo na Irmandade, a mãe dança no grupo de mulheres Pérola Negra. Questionado sobre preconceito, fala com uma sabedoria e uma paz capazes de desmontar qualquer um que pense o contrário: “Preconceito é um negócio que não era pra existir. Há gente que acha que uma coisa é ruim sem nem conhecer e, quando conhece, muda de opinião”.</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Ele quer continuar na Irmandade e nas atividades da Associação ainda por muito tempo, porque, segundo ele, “ainda existe gente que não conhece a nossa história”.</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Fonte: Unicef</span></div></div>Revista Literáriahttp://www.blogger.com/profile/10160769599934066285noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5287993549416225045.post-40245966874845846792011-02-04T10:02:00.000-08:002011-02-05T12:25:50.811-08:00<div style="text-align: center;"></div><br />
<h1 style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: center;"><span style="font-size: small;">A pesquisadora que foi expulsa da Espanha</span></h1><br />
<div class="article-content"><br />
<div style="text-align: center;"><a href="http://www.geledes.org.br/images/stories/noticias/XENOFOBIA.espanha.jpg" target="_blank"><img alt="XENOFOBIA.espanha" class="imgarticle" src="http://www.geledes.org.br/images/plg_imagesized/8825-xenofobia.jpg" /></a></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Acho que muitos de vocês sabiam que eu estava saindo de férias junto com minha amiga Gracinha para a Espanha. Pois bem, planejamos tudo, compramos passagem, reservamos hotel e tudo mais. Porém, fomos em vôos separados. Depois de 15 horas de viagem EU fui INJUSTAMENTE DEPORTADA pela imigração da Espanha! Fiquei 15 horas PRESA numa sala da polícia federal sendo tratada como criminosa! Sem direito à telefonema, sem nenhuma informação sobre os motivos pelo qual estava detida e somente depois de 7 horas tive contato com um advogado e uma tradutora. Fui revistada fisicamente e revistaram e retiveram minha bolsa e minha bagagem de mão, tudo isso antes de ter um advogado.</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Eles arbitrariamente decidiram que eu não entraria naquele país e fizeram de tudo para arranjar algo para me deportar. Eu tinha todos os documentos que comprovavam que eu tinha dinheiro de sobra para a quantidade de dias que iria ficar, tinha carta do Ministério da Cultura que comprovava que eu trabalho para um projeto do governo brasileiro, seguro viagem pago, reserva de hotel no nome da Gracinha (iríamos dividir um quarto, por isso constava só o nome dela), passagem de volta e até a escritura da minha casa própria em Florianópolis!</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Primeiramente eles alegaram que meu cartão Travelmoney do Banco do Brasil não tinha valor nenhum pra eles porque não constava meu nome (o Banco do Brasil não imprime nome neste cartão, é política do banco). Só que eu tinha todos os extratos assinados pelo Banco do Brasil que comprovavam a compra de euros!!!! Mesmo assim eles disseram que não valia e me prenderam na sala. A assistente social da Polícia Federal só fazia era VENDER cartão telefônico para aqueles que quisessem ligar dos telefones públicos que havia nesta sala fechada. Então comprei ironicamente cartões da própria Polícia e liguei imediatamente pra Embaixada brasileira e pro Consulado do Brasil na Espanha.</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Eles foram ótimos! Mas disseram que infelizmente pouco poderiam fazer porque a Polícia é arbritária mesmo e até eles ficam de mãos atadas. Tudo que podiam fazer eles fizeram, que foi enviar um fax reiterando que eu tinha dinheiro, dizendo que meu cartão era válido e cobrando informações. Pois bem, depois de mais não sei quantas horas presa, eles admitiram que meu cartão era válido. Como não tinham mais argumento, cavocaram algum.</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Como a reserva do quarto duplo foi feita no nome da Gracinha, porque no site do hotel na internet pedia somente um nome, eles alegaram que eu não tinha reserva de hotel!!! A Polícia Federal mentiu na minha cara que haviam telefonado para o hotel e que o hotel havia dito que não havia nenhuma reserva no nome de Graça!!! Neste momento o advogado da própria Polícia que estava ali para me defender argumentou com a Polícia que havia reserva e telefonou do seu celular no viva voz novamente para o Hotel que confirmou que Graça já estava inclusive hospedada!!! Sabem o que a Polícia disse diante deste telefonema em viva voz????? Disse que não valia nada para eles aquele telefonema, que eles já haviam telefonado e decidido pela minha deportação!!!!</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Ou seja, eles realmente queriam arbitrariamente me deportar e ponto final!!! Disseram que eu seria deportada no vôo da meia noite e vinte e me prenderam novamente na sala. E para completar o absurdo fui levada para o avião escoltada como criminosa em carro blindado de polícia até dentro do avião. Meu passaporte foi entregue à tripulação e havia uma funcionária do aeroporto no Brasil me esperando com ele na mão para me escoltar até a imigração brasileira!!!!</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Somente depois de passar na imigração brasileira tive meu passaporte devolvido! Mas não acabou....pois CARIMBARAM meu passaporte com um signo que provavelmente deve ser o de deportada, sendo que eu nem entrei no país!!! E para finalizar, é claro, que eles extraviaram a minha bagagem! Pois a Polícia não despachou minha mala!!!</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Eles são arbitrários e preconceituosos mesmo! Não tem outra explicação e o próprio consulado disse isso pra mim! Havia cerca de 10 pessoas presas nesta situação e todas elas eram latinas e/ou negros da África!!! Ou seja, é XENOFOBIA PURA!!!! Mas XENOFOBIA CONTRA LATINOS E NEGROS!!!! PURO PRECONCEITO!!!</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Bem gente, é uma novela né....mas a novela só tá começando....porque eles escolheram a pessoa errada para isso!!! Vou recorrer ao Itamaraty, vou fazer uma queixa oficial na Embaixada da Espanha no Brasil, vou à Secretaria de Política para Mulheres e Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, vou a todos os órgãos que puder para lutar contra esta arbitrariedade!!! Preciso de contatos da mídia para divulgar essa situação absurda!!!</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Quero pedir a todos vocês que divulguem em todas as suas redes sociais e que façamos uma campanha CONTRA O TRATAMENTO QUE A ESPANHA DÁ AOS ESTRAGEIROS LATINOS E NEGROS!!!</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Obrigada pelo apoio de tod@s</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Grande Abraço</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Denise Severo</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Coordenadora Pedagógica do Projeto Vidas Paralelas</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Pesquisadora Associada do Núcleo de Estudos em Saúde Pública da UnB</span></div></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><br />
</span><span style="font-size: small;"><br />
</span></div>Revista Literáriahttp://www.blogger.com/profile/10160769599934066285noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5287993549416225045.post-32840463282605423892011-02-03T09:58:00.000-08:002011-02-05T12:22:17.124-08:00<div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><br />
</span></div><h1 style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: center;"><span style="font-size: small;">Caso Extra: Caso repercute na mídia e Abílio Diniz reage</span></h1><div class="article-content" style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: center;"><div class="faceandtweet"><span style="font-size: small;"><br />
</span><br />
<div class="faceandtweet_retweet" style="float: left; width: 90px;"><span class="db-wrapper db-clear db-compact" style="font-size: small;"><span class="db-container db-submit"><span class="db-body db-compact"><a class="db-anchor" href="http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=5287993549416225045&postID=3284046328260542389"><br />
</a></span></span></span></div></div><span style="font-size: small;"><a href="http://www.geledes.org.br/images/stories/noticias/abiliodiniz.jpg" target="_blank"><img alt="abiliodiniz" class="imgarticle" src="http://www.geledes.org.br/images/plg_imagesized/8830-abiliodiniz.jpg" /></a></span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br />
</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br />
</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">S. Paulo - O caso da agressão de seguranças do Hipermercado Extra a uma criança negra, de apenas 10 anos, por suspeita de furto de mercadorias que o menino comprovou ter pago, teve ampla repercussão nos grandes meios de comunicação e provocou a reação do próprio presidente do Grupo Pão de Açúcar, o empresário Abílio Diniz (foto).</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Em sua página no Twitter, Diniz comentou o caso, na tarde desta sexta-feira: "As investigações já estão em andamento e quero esclarecimento o mais rápido possível. Até porque sou o primeiro a repudiar qualquer atitude discriminatória", escreveu no microblog.</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">O Jornal "O Estado de S. Paulo" abriu manchete na edição desta sexta-feira, com foto do pai do garoto, Diógenes da Silva e do próprio menino, com o rosto encoberto, segurando uma folha com o cupom fiscal provando que pagou pelos dois pacotes de biscoitos, dois pacotes de salgadinhos e um refrigerante. Ao todo o garoto gastou R$ 14,65.</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">"Supermercado é acusado de racismo contra criança", diz a manchete, acrescentando na legenda que "após desconfiarem de furto, seguranças xingaram e obrigaram menino de 10 anos a tirar a roupa; empresa nega discriminação". A reportagem ocupa metade da página.</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">O caso também foi a reportagem de abertura do Jornal Hoje da Rede Globo. A jornalista Veruska Donato, ouviu o advogado e o pai da criança. Também a TV Record e a Rádio Jovem Pan, gravaram entrevistas sobre o caso. A Rádio levou ao ar, ao vivo, uma entrevista do repórter André Aguiar, com o advogado Dojival Vieira.</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><h1 style="text-align: center;"><span style="font-size: small;">Ministério Público acompanhará investigações do Caso Extra</span></h1><div class="article-content"><span style="font-size: small;"><br />
</span><br />
<div style="text-align: center;"><span style="font-size: small;"><a href="http://www.geledes.org.br/images/stories/noticias/extra-supermercados.jpg" target="_blank"><img alt="extra-supermercados" class="imgarticle" height="200" src="http://www.geledes.org.br/images/plg_imagesized/8828-extra-supermercados.jpg" width="200" /></a></span></div><span style="font-size: small;">S. Paulo - O Ministério Público do Estado de S. Paulo vai acompanhar as investigações do caso do garoto negro T., alvo de maus tratos e ameaças por parte de seguranças numa loja do Hipermercados Extra, da Marginal do Tietê, Penha, Zona Leste de S. Paulo. O caso aconteceu no dia 13 de janeiro passado.</span><br />
<span style="font-size: small;">A Procuradoria Geral de Justiça designou o promotor Luiz Paulo Sirvinskas, da Promotoria de Justiça Criminal do Foro Regional da Penha, para acompanhar o Inquérito, que é presidido pelo delegado Marcos Aníbal Andrade, do 10º DP.</span><br />
<span style="font-size: small;">O delegado disse que esta semana começará a ouvir os acusados envolvidos no caso e, para isso, aguarda o envio pelo Extra dos nomes dos seguranças que estavam de serviço no dia e horário em que ocorreu o episódio. Ele também aguarda o envio das imagens das câmeras do circuito interno de TV, que também foram pedidas.</span><br />
<span style="font-size: small;">T., segundo o pai, Diógenes da Silva, que trabalha em reciclagem de materiais usados, tornou-se uma criança retraída e introvertida e tem dificuldade em sair à rua sozinho. "Meu filho está traumatizado", afirmou.</span><br />
<span style="font-size: small;"><b>Aplicação da Lei</b></span><br />
<span style="font-size: small;">Também nesta segunda-feira (31/01), o advogado da família da criança, Dojival Vieira, protocolou requerimento a Secretária da Justiça e Defesa da Cidadania, Eloisa Arruda, pedindo a instauração de Comissão Processante, prevista na Lei 14.187/2010, que dispõe sobre as penalidades administrativas a serem aplicadas pela prática de discriminação racial.</span><br />
<span style="font-size: small;">A Lei, sancionada no ano passado pelo então governador Alberto Goldman (PSDB), dispõe sobre as penalidades administrativas a serem aplicadas pela prática de atos de discriminação racial e considera atos discriminatórios por motivo de raça ou cor, para os seus efeitos, a prática de "qualquer tipo de ação violenta, constrangedora, intimidatória ou vexatória".</span><br />
<span style="font-size: small;">As penas previstas vão da advertência, suspensão, multas de até 3 mil Unidades Fiscais do Estado de S. Paulo – UFESPs - (cerca de 52.350,00) até a cassação da licença estadual para funcionamento. No caso da multa, pode ser elevada ao triplo, dependendo da situação econômica do infrator.</span><br />
<span style="font-size: small;">O advogado pediu que seja aplicada a multa máxima elevada ao triplo, em função do registro de outros casos de discriminação envolvendo seguranças do Extra.</span></div><div style="background-color: transparent; border: medium none; color: black; overflow: hidden; text-align: left; text-decoration: none;"><span style="font-size: small;"><br />
</span></div></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">Fonte:<a href="http://www.afropress.com/noticiasLer.asp?id=2527" rel="nofollow"> Afropress</a></span></div><div style="background-color: transparent; border: medium none; color: black; overflow: hidden; text-align: left; text-decoration: none;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></div>Revista Literáriahttp://www.blogger.com/profile/10160769599934066285noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5287993549416225045.post-60643744690586179142011-02-02T09:53:00.000-08:002011-02-05T12:21:41.544-08:00<div class="article-content"><div style="text-align: center;"></div><div class="faceandtweet" style="color: black; font-family: Verdana,sans-serif; text-align: center;"><h1><span style="font-size: small;">El nivel de racismo en España ya es preocupante</span></h1><div style="background-color: transparent; border: medium none; overflow: hidden; text-decoration: none;"><span style="font-size: small;"><br />
</span></div></div><h3 style="color: black; font-family: Verdana,sans-serif; text-align: center;"><span style="font-size: small;">José Manuel Fresno. Presidente del Consejo de Igualdad de Trato y Discriminación por Origen Racial o Étnico. El Ministerio de Igualdad acaba de crear este organismo para combatir la exclusión</span></h3><br />
<div style="text-align: center;"><a href="http://www.geledes.org.br/images/stories/noticias/racismo-espanha.jpg" target="_blank"><img alt="racismo-espanha" class="imgarticle" src="http://www.geledes.org.br/images/plg_imagesized/3777-racismo-espanha.jpg" /></a> </div><br />
<div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Los gitanos han ganado visibilidad en los últimos años en España gracias al trabajo, fundamentalmente, de la Fundación Secretariado Gitano, que trata de combatir los tópicos que los retratan como ladrones y folclóricos. Durante 23 años, José Manuel Fresno (Cabreros del Río, León, 1961) presidió este organismo. En su regazo crecieron abogados, médicos y constructores. La ministra de Igualdad, Bibiana Aído, lo nombró recientemente presidente del nuevo Consejo de Igualdad de Trato y Discriminación por Origen Racial o Étnico, que celebró este mes su primera comisión permanente.</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><b>Un 17,3% de la población [unos ocho millones de personas] se ha sentido discriminada en el último año, según el CIS. ¿Por dónde va a empezar a trabajar?</b></span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Nuestra competencia es velar por la igualdad de trato de las personas de origen racial y étnico, es decir, de aquellos que estén discriminados por su color de piel, etnia o raza.</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><b>¿Cómo está afectandola crisis a este colectivo?</b></span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">La crisis ha incrementado la discriminación en el acceso al mercado de trabajo. También ha activado más los comportamientos de rechazo hacia el diferente en muchos ámbitos: diez puntos en el campo de la discapacidad o seis en el de la etnia y la raza, según el Eurobarómetro. Las crisis provocan que la gente se repliegue y se vuelva más conservadora, más defensora de lo suyo, y que considere a los otros como alguien que compite contra ellos.</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><b>¿Cuál es la situación en España?</b></span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Por fortuna, aunque se haya incrementado mucho el de-sempleo, se ha mantenido la protección social y se han habilitado medidas específicas. Esto ha contenido la reacción que, normalmente, se produce cuando hay una disputa por los recursos entre gente distinta. El problema se ha amortiguado, pero se puede activar.</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><b>¿Cuáles son los sectores más discriminados?</b></span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Si hablamos de etnia y raza, los marroquíes y los gitanos son los más discriminados. La población subsahariana también sufre un rechazo importante.</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><b>¿Qué problemas tienen?</b></span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Además del acceso al mundo laboral, tienen problemas en el sector servicios, especialmente en el privado, al no permitirles la entrada a discotecas, bares, acceso a la vivienda... Aunque no se les dice abiertamente: "No le alquilo a usted el piso porque es inmigrante". Los ciudadanos deben entender que discriminar es un delito. No puedes poner un anuncio en el periódico diciendo que se abstengan los inmigrantes. Hay que sensibilizar, denunciar los casos y establecer medidas de discriminación positiva. También tenemos que estar atentos al campo de la seguridad, no sólo en el de los cuerpos públicos, sino también en los privados. El Consejo irá identificando dónde hay más problemas.</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><b>¿Van a vigilar a la policía?</b></span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Estaremos pendientes de las discriminaciones que se puedan realizar, pero a veces el problema tiene otro origen, porque faltan agentes suficientemente especializados, por ejemplo.</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><b>¿Qué puede aportarel Gobierno?</b></span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">El Gobierno ha de tener buenas leyes. Necesitamos una ley integral de igualdad de trato. El problema es que la discriminación llega a la vez por varios motivos: por ser mujer, marroquí, musulmana...</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><b>El último Eurobarómetro indica un auge del racismo en la UE.</b></span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">La conclusión negativa es que aumenta el rechazo y el número de personas que se sienten discriminadas. Lo positivo es que una parte muy grande de los europeos está a favor de crear leyes contra la discriminación.</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><b>¿Qué conclusiones extrae de la crisis de los minaretes suizos?</b></span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Es una cuestión preocupante por el miedo que hay a la diferencia y lo que eso significa: convertir en problema algo que no es un problema. Va en contra de lo que ha de ser nuestra sociedad, abierta y plural.</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><b>¿España es racista? </b></span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">En España hay racismo y la sociedad tiene prejuicios y estereotipos. Si lo comparamos con los países que integran la UE, los españoles somos menos racistas que la media europea, pero eso no significa que en España no haya problemas.</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><b>¿Puede haber un rebrote de la extrema derecha?</b></span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Sí, el nivel del racismo en España ya es preocupante. Los discursos discriminatorios se van viendo más legitimados socialmente. Aunque no tengamos partidos políticos con representación parlamentaria que sean manifiestamente intolerantes o racistas, cada vez hay más movimientos en Internet, asociados al ocio de los jóvenes y la música. Tenemos que estar muy atentos porque Internet impacta mucho en la población joven, y puede estar transmitiendo mensajes muy negativos y perversos. Culpan al prójimo de cosas que el prójimo no provoca. Los Gobiernos tenemos que rearmarnos. No sólo con leyes, sino también con fiscales especializados, por ejemplo.</span></div></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif; font-size: small;"><br />
<a href="http://www.geledes.org.br/espanha/el-nivel-de-racismo-en-espana-ya-es-preocupante-08/01/2010.html#ixzz1CpD7BR7u" style="color: #003399;"> Portal Geledés</a></span> <span style="font-size: small;"><br />
</span></div>Revista Literáriahttp://www.blogger.com/profile/10160769599934066285noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5287993549416225045.post-31608522440756855962011-01-03T02:48:00.000-08:002011-02-05T12:21:05.155-08:00Homofobia<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><br />
<div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><div style="text-align: center;"><span style="font-size: small;"><b>Não há homofobia</b></span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-size: small;"><b><br />
</b></span></div><div style="text-align: center;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: small;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihNelPotSjPWF_OhHDO4xtpDGNDwEEZ8S1dp9mvX8t2DuzAwihvevQ-k0sd_KdOLRDQpfVapefhG0bZtF_Cdic-WSqI29ea4qH9t-cYJBfnahIM_xYXEamCa9YvaoqQ2DRxroMnFCqgZ_j/s1600/homofobia10.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="370" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihNelPotSjPWF_OhHDO4xtpDGNDwEEZ8S1dp9mvX8t2DuzAwihvevQ-k0sd_KdOLRDQpfVapefhG0bZtF_Cdic-WSqI29ea4qH9t-cYJBfnahIM_xYXEamCa9YvaoqQ2DRxroMnFCqgZ_j/s400/homofobia10.jpg" width="400" /></a></span></div><span style="font-size: small;"><b><br />
</b></span></div><div style="color: #660000; text-align: center;"><b><span style="font-size: small;">Brasil é um dos campeões em crimes contra homossexuais e só a família e escola mudarão esse quadro</span></b></div><div style="text-align: right;"><span style="font-size: small;"><b>Janaína Oliveira </b></span></div></div><div class="separator" style="clear: both; font-family: Verdana,sans-serif; text-align: center;"><span style="font-size: small;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5ev27aWDY2_nPZ-4q3TgyARln7IvvDEwHX9Y2PcO2eBZdLfvAJhtjUMg3-oXP42tXLQMYZ7KIevpKK1j1BNeWHGA21dQdRmqcdhQi-zeUCZoQoFDPLCuWtRbYuB-rlvKWpAUJmIrMfN_i/s1600/naohahomofobia-151456.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5ev27aWDY2_nPZ-4q3TgyARln7IvvDEwHX9Y2PcO2eBZdLfvAJhtjUMg3-oXP42tXLQMYZ7KIevpKK1j1BNeWHGA21dQdRmqcdhQi-zeUCZoQoFDPLCuWtRbYuB-rlvKWpAUJmIrMfN_i/s400/naohahomofobia-151456.jpg" width="280" /></a></span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: center;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"> <b> [ Fotos: Pedro Vilela / André Fossati]</b><b><br />
</b></span><br />
<div style="text-align: center;"><span style="font-size: small;"><b><span style="color: #660000;"> [Edith modesto, com o filho Marcello: apoio à causa homossexual]</span></b></span></div><span style="font-size: small;"><br />
</span><br />
<span style="font-size: small;">A cada dois dias, pelo menos um homossexual é assassinado no Brasil. Segundo os últimos dados do Relatório Anual de Assassinatos de Homossexuais, publicado pelo Grupo Gay da Bahia (GGB) e divulgado neste ano, foram registradas 387 mortes em todo o território brasileiro em 2009 e 2008 – média aproximada de um crime a cada 48 horas –, o que representa um crescimento de 54% em relação ao biênio 2006-2007. O levantamento, que coloca o país entre os campeões de violência contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros (LGBT), também expõe uma ferida na sociedade brasileira: muitos pais e educadores não estão preparados para respeitar e lidar com a diversidade sexual. </span><br />
<span style="font-size: small;"><br />
</span><br />
<span style="font-size: small;">A entidade, a mais antiga de defesa dos direitos dos homossexuais no Brasil, fundada em 1980, faz a pesquisa com base em notícias divulgadas pela imprensa nacional, pois não existe um órgão oficial que realize esse estudo. Em 2010, às estatísticas do GGB serão incorporados os casos mais recentes envolvendo um estudante de 19 anos do Rio de Janeiro, baleado após participar da 15ª Parada do Orgulho Gay, e dois rapazes que apanharam covardemente de adolescentes em plena avenida Paulista, em São Paulo. </span><br />
<span style="font-size: small;"><br />
</span><br />
<span style="font-size: small;"> Tanta crueldade reacendeu o debate sobre os direitos civis dos homossexuais e as formas de combate ao preconceito. Para especialistas, a explicação para casos de violência como esses – se é que existe alguma – pode estar na intolerância pregada, ainda que nem sempre de forma intencional, desde a infância, na fase de formação dos filhos.</span><br />
<span style="font-size: small;"><br />
</span><br />
<span style="font-size: small;"> “O preconceito quanto à orientação sexual é manifestada por atos conhecidos como homofobia, que se expressa através de insultos verbais, como chamar o homossexual de bichinha, veado, sapatão e boiola, até agressões físicas”, afirma a presidente da GPH – Associação de Pais e Mães de Homossexuais, Edith Modesto, que montou a ONG depois de descobrir que o caçula dos seus sete filhos era gay. “O machismo está quase no nosso DNA. Às vezes, sem perceber, o pai passa o preconceito para a criança. E a intolerância que começa na pré-escola pode terminar de forma trágica”, emenda o presidente da Federação de Associações de Pais e Alunos das Escolas Públicas de Minas Gerais (Fapaemg), Mário de Assis. </span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><br />
</span></div><div class="separator" style="clear: both; font-family: Verdana,sans-serif; text-align: center;"><span style="font-size: small;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiujrFrJVFLRXCjg8kafrkben1KDuETaLqfFNsmfdUujdg8pCwcddcCiZwyqTAFw4HsdzOJpxeeudejJDcFk2JjLmBoVxN3f9R0bqKnFTc_QGAKy3ns9Piu1HDyTDHcX-eS2mx7cQYeCSpl/s1600/-163801.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiujrFrJVFLRXCjg8kafrkben1KDuETaLqfFNsmfdUujdg8pCwcddcCiZwyqTAFw4HsdzOJpxeeudejJDcFk2JjLmBoVxN3f9R0bqKnFTc_QGAKy3ns9Piu1HDyTDHcX-eS2mx7cQYeCSpl/s1600/-163801.jpg" /></a></span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br />
</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><div style="text-align: center;"><span style="font-size: small;">Gabrielly: ser chamada pelo nome que escolheu rendeu-lhe autoestima</span></div><span style="font-size: small;"><br />
</span><br />
<span style="font-size: small;">Para Edith, o preconceito mais difícil de ser combatido está justamente entre as paredes, preocupação que a fez debruçar sobre livros e construir uma tese sobre a intolerância dentro de casa, a ser defendida na USP no dia 20 de dezembro deste ano. “Quando fiquei sabendo sobre meu filho (Marcello Modesto, assim como ela, professor universitário e pesquisador), foi um baque. Não tinha com quem conversar, porque os pais também não querem se expor, sair do armário. Mas procurei me informar e adquirir conhecimento. Hoje, sou uma pessoa menos preconceituosa e mais solidária.” </span><br />
<span style="font-size: small;"><br />
</span><br />
<span style="font-size: small;">Segundo ela, a televisão, com a aparição de homossexuais em novelas, e a escola, onde o tema ganha mais espaço, ainda que timidamente, têm contribuído para a legitimação das identidades de gênero. Dentro dos lares, porém, muitas vezes a orientação sexual é julgada como pura sem-vergonhice. “Com todo o debate na mídia, o filho do vizinho ficou mais fácil de aceitar. Mas aceitar o seu próprio ainda é complicadíssimo. Por isso, mães e pais devem se unir, trocar ideias, conversar de maneira delicada e aberta entre si e com os filhos”, recomenda. </span><br />
<span style="font-size: small;"><br />
</span><br />
<span style="font-size: small;">O assunto é tão tabu que Ana Maria Oliveira Silva, uma das diretoras da Escola de Pais Setor Belo Horizonte, um movimento voluntário criado com a finalidade de ajudar pais, futuros pais e agentes educadores a formar verdadeiros cidadãos, admite que jamais recebeu um questionamento ou demanda sobre o tema. “A discussão ainda é embrionária. Até para os pais é difícil exteriorizar”, diz, afirmando que levará o assunto para um seminário de revisão que em março. </span></div><div class="separator" style="clear: both; font-family: Verdana,sans-serif; text-align: center;"><span style="font-size: small;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5OY4DYuxReSCZG3PUqzL6IVQM2gV7vgQNyVx76JTy0i-fywq_cFKzS05ZSkhYRL36WD9NKzIRGl2zjgAj6n6NAlzYF7pzRYAgl-_8NrZ57KuYsRPxFbnhTFwITV9FCGlOOebxbgqTmm5S/s1600/-163925.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="283" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5OY4DYuxReSCZG3PUqzL6IVQM2gV7vgQNyVx76JTy0i-fywq_cFKzS05ZSkhYRL36WD9NKzIRGl2zjgAj6n6NAlzYF7pzRYAgl-_8NrZ57KuYsRPxFbnhTFwITV9FCGlOOebxbgqTmm5S/s400/-163925.jpg" width="400" /></a></span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><div style="text-align: center;"><span style="font-size: small;"><br />
</span><br />
<span style="font-size: small;">Emiro Barbini: “Punição não resolve, mas inibe a violência”</span></div><span style="font-size: small;"><br />
</span><br />
<span style="font-size: small;"><br />
</span><br />
<span style="font-size: small;">Espaço decisivo para construção de uma consciência crítica e para o desenvolvimento de práticas pautadas pelo respeito à diversidade e aos direitos humanos, a escola também tem a sua tarefa neste dever de casa. Em Belo Horizonte, uma das capitais pioneiras no país, as escolas municipais já desenvolvem atividades diversas com o intuito de ensinar a convivência e o respeito ao diferente. Livros, filmes, documentários e diálogo são as ferramentas para educadores e estudantes. </span><br />
<span style="font-size: small;"><br />
</span><br />
<span style="font-size: small;">Numa parceria com o Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania GLBT da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mais de 1,2 mil diretores e professores da rede pública municipal voltaram aos bancos da escola para aprender noções de uma educação sem homofobia, lição que dá nome ao projeto e que inclui reflexões e debates teóricos sobre o tema. O conhecimento, posteriormente, é transmitido para os estudantes. “Ainda há um alto índice de discriminalização. Mas, com o trabalho, percebemos que diretores, professores e funcionários estão caminhando em direção ao entendimento”, diz José Wilson Ricardo, coordenador do Programa Diversidade Sexual e Gênero na Educação, da Secretaria de Educação de Belo Horizonte. </span><br />
<span style="font-size: small;"><br />
</span><br />
<span style="font-size: small;">A capital também foi a primeira a instituir o nome social – nome pelo qual travestis e transexuais femininos ou masculinos preferem ser chamados – nos registros escolares (livro de chamada, cadernetas escolares, históricos, certificados e declarações). Parecer neste sentido, publicado no Diário Oficial do Município em 2009, já mostra seus efeitos. Gabrielly Letiers da Silva, 20, nascida Carlos Henrique Silva, garante que o direito de ser chamada pelo nome que escolheu lhe deu auto-estima, aceitação e felicidade. “No começo, foi muito complicado, tanto entre colegas quanto entre professores. Principalmente os homens, evitavam se aproximar ou ter contato, como se eu fosse um doente. Cansei de ouvir piadas e ser motivo de deboche. Até que, com a ajuda de um grande mestre da escola, consegui seguir firme e forte naquilo que queria. E não foi que aos poucos todo mundo passou a me aceitar do jeito que sou? Hoje, tenho até muitos amigos”, conta Gabrielly, que passou a usar brincos, saia, salto alto e maquiagem aos 16 anos. </span><br />
<span style="font-size: small;">“Ainda há um alto índice de discriminalização. Mas, com o trabalho, percebemos que todos na escola estão caminhando em direção ao entendimento” Jo</span><br />
<span style="font-size: small;">“Para um trans, ver seu nome social nos registros escolares significa ter o seu corpo e o seu espírito em acolhida no espaço da escola. Caso contrário, a instituição escolar permanece como um lugar hostil e, no mínimo, não acolhedor”, afirma Sarug Dagir Ribeiro, mestre em letras e psicologia pela UFMG. Alunos com 18 anos completos têm o direito de solicitar junto à direção da escola a inclusão do nome social. Em se tratando de alunos ou alunas menores, o requerimento deve ser assinado pelo pai ou responsável legal pelo aluno ou aluna. </span><br />
<span style="font-size: small;"><br />
</span><br />
<span style="font-size: small;">Apesar dos progressos, a homofobia e o bullying – termo em inglês utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica praticados por um ou mais indivíduos com o objetivo de intimidar ou agredir outro indivíduo incapaz de se defender – ainda são pragas nas salas de aula. Um problema que, de acordo com o presidente do Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep), Emiro Barbini, só será resolvido com a união de forças da família, da escola e até da Justiça. “A punição não resolve, mas inibe a violência. A própria sociedade está exigindo providências.” Um projeto de lei (122-06) que criminaliza a homofobia, assim como já acontece com o racismo, está em tramitação no Senado, e é uma das principais reivindicações de grupos que atuam a favor dos direitos dos LGBT. </span></div>Revista Literáriahttp://www.blogger.com/profile/10160769599934066285noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5287993549416225045.post-15629764689652946082011-01-02T10:58:00.000-08:002011-01-03T11:25:34.417-08:00<div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><div style="color: black; text-align: center;"><span style="font-size: small;"><b>Escola de samba é ameaçada por homenagear nordestinos</b></span><br />
<span style="font-size: small;"><br />
</span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: small;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwyTlWwvp_UbT0jOWGq_iQsr3grQRa7vhLMJJNVrTe7ZnbjA5bS75mUPMIR597v8a0Wgpq1VcR_9agXQaw3Ph76iXqJuPBmDDunLaU-qVKgBRlHWF6CKJEYIPRphY2SxfSKdT72briMutS/s1600/tucuruvi.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="408" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwyTlWwvp_UbT0jOWGq_iQsr3grQRa7vhLMJJNVrTe7ZnbjA5bS75mUPMIR597v8a0Wgpq1VcR_9agXQaw3Ph76iXqJuPBmDDunLaU-qVKgBRlHWF6CKJEYIPRphY2SxfSKdT72briMutS/s640/tucuruvi.jpg" width="640" /></a></span></div></div><div style="color: black; text-align: center;"><span style="font-size: small;"><b><br />
</b></span></div><span style="font-size: small;">A escola de samba Acadêmicos do Tucuruvi afirma ter recebido e-mails com conteúdo discriminatório por causa do enredo escolhido para o carnaval 2011: “Oxente, o que seria da gente sem essa gente? São Paulo: a capital do Nordeste!”. A agremiação da Zona Norte registrou um boletim de ocorrência no dia 17 de dezembro na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi).</span><br />
<span style="font-size: small;">O diretor jurídico da Tucuruvi, Carlos Malachim, conta que decidiu procurar a polícia por causa de mensagens repetidas, enviadas através de e-mails diferentes. “Os primeiros acabamos deletando e, como foi reincidente, o cidadão manda o mesmo texto com e-mails diferentes, decidimos registrar o boletim de ocorrência”, disse. Segundo o diretor, a mensagem critica a escolha do enredo da escola.</span><br />
<span style="font-size: small;"><br />
</span><br />
<span style="font-size: small;">Na sexta-feira (24), um novo e-mail com ameaças foi recebido pela Tucuruvi e, nesta segunda-feira (27), outra mensagem continha, como descreveu o diretor, “um festival de palavrões”. Malachim afirma que, nesse último, a pessoa ameaça “acabar com o pessoal que está defendendo o enredo”. Ele leu um trecho do e-mail para a reportagem: “Tomara que esse carnaval seja o pior de todos da escola. É o que desejam todos os paulistas separatistas”. O remetente assina como “São Paulo é meu país”.</span><br />
<span style="font-size: small;"><br />
</span><br />
<span style="font-size: small;">Uma mensagem de intolerância contra o enredo da escola também foi encaminhada para a Ouvidoria da São Paulo Turismo (SPTuris), responsável pela organização do carnaval. A assessoria da SPTuris confirmou que o e-mail foi recebido no dia 7 de dezembro.</span><br />
<span style="font-size: small;"><br />
</span><br />
<span style="font-size: small;">O presidente da escola, seu Jamil, comentou os e-mails ofensivos. “Tiveram várias ameaças para a escola não desfilar e, se a gente falasse alguma coisa, eles iriam revidar. Esse pessoal que usa essas artimanhas é covarde, são pessoas que não têm escrúpulos”, afirmou. Ele acredita que “uma ou duas pessoas” podem ser responsáveis pelas mensagens.</span><br />
<span style="font-size: small;"><br />
</span><br />
<span style="font-size: small;">De acordo com a Secretaria da Segurança Pública, dois e-mails já apresentados na delegacia pela escola foram enviados através do campo de contato no site da agremiação. A polícia tenta descobrir o IP (protocolo de internet) para chegar ao responsável pelas mensagens. Segundo Malachim, uma pessoa mandou um e-mail também nesta segunda-feira se identificando como suposto autor de algumas mensagens. Esse e-mail será também repassado à polícia.</span><br />
<span style="font-size: small;"><br />
</span><br />
<span style="font-size: small;">Malachim diz que, apesar das mensagens, não houve reforço na segurança da escola. “Não há necessidade disso, não estamos nos escondendo de ninguém”, defende. O diretor acredita que o problema é também reflexo do “crescimento da escola”. “Ano passado fizemos um carnaval impecável. Em função de a escola ter ficado em evidência, chamou a atenção”, afirma. Para ele, o episódio não abalará a agremiação durante os preparativos para o carnaval 2011. “Isso só vem fortalecer a escola.”</span><br />
<span style="font-size: small;"><br />
</span><br />
<span style="font-size: small;">A União da Juventude Socialista (UJS) do Ceará, na semana passada, repudiou a agressão contra a escola de samba e conclamou a que outras manifestações iguais também sejam feitas. Para ler a íntegra da nota, clique aqui.</span><br />
<span style="font-size: small;"><br />
</span><br />
<span style="font-size: small;">Com G1</span><br />
<span style="font-size: small;"><br />
</span><br />
<span style="font-size: small;"><br />
</span><br />
<span style="font-size: small;"><br />
</span><br />
<div style="text-align: center;"><span style="font-size: small;"><b>Xenofobia: Escola de samba provoca ira dos racistas</b></span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-size: small;"><b><br />
</b></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: small;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEivy0fdj21CWUEryDwdiUZpX_zDIaXrtm1c0l9bKOftIYD8ttqvQGHkMgEvJPMflgAgU0UDrtjs29gM0kP-AWkwYKWF6C9IAGCsGHYnAK-QpEkGCjed2DrGos2oAG7IKIiEzXTL2PMxdwf_/s1600/727Escola_de_Samba_Acad.jpg" imageanchor="1"><img border="0" height="476" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEivy0fdj21CWUEryDwdiUZpX_zDIaXrtm1c0l9bKOftIYD8ttqvQGHkMgEvJPMflgAgU0UDrtjs29gM0kP-AWkwYKWF6C9IAGCsGHYnAK-QpEkGCjed2DrGos2oAG7IKIiEzXTL2PMxdwf_/s640/727Escola_de_Samba_Acad.jpg" width="640" /></a></span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-size: small;"><b><br />
</b></span></div><span style="font-size: small;">Apenas porque a Escola de Samba Acadêmicos do Tucuruvi optou por um samba enredo cujo titulo é: “Oxente, o que seria da gente sem essa gente? São Paulo: a capital do Nordeste!”, a escola recebeu oito e-mails ofensivos e ameaçadores de xenófobos paulistas que parecem não ter aprendido nada com a repercussão negativa de atitude parecida de Mayara Petruso, a infeliz que resolveu recomendar que matem nordestinos.</span></div><div style="text-align: justify;"><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br />
</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br />
</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">Dessa vez os xenófobos imbecis chegam ao ponto de ameaçar a escola e o texto de um dos e-mails diz o seguinte: “Vou dar um aviso: na primeira ameaça que alguém receber de qualquer verme dessa escola de samba, a coisa vai ficar preta.”</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br />
</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">Um outro xenófobo menos belicoso – como se existisse – consegue vomitar o seguinte: “Eu, como paulistano, tenho nojo dessa escola de samba e seu samba enredo. Assim como vários paulistas e paulistanos, repudio este enredo nojento e absurdo. Querem exaltar o Nordeste, desfilem por lá.”</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br />
</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">Observem que o idiota diz ter nojo por ser paulistano, talvez não o tivesse se ele fosse goiano ou gaúcho, donde se deduz que esse luminar da sabedoria humana restringe apenas aos abençoados nascidos em solo paulista a exclusividade do saber, da cultura, da riqueza e da diversão, ou seja, o mundo não pode existir se tudo não for uma exaltação a São Paulo. Talvez quem sabe ele faça uma exceção aos Estados Unidos da América do Norte, com quem ele deve estar acostumado a falar fino.</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br />
</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">Triste e parodoxal esse nosso mundo. Nos dias atuais em que tantos esforços se fazem na busca de soluções que caminhem na direção do justo usufruto da vida, das benesses da natureza, justo quando mais se discute meios de preservar o planeta, exatamente por que cada vez mais se entende que tudo que existe por aqui além de vital é de direito de todos, ainda existem idiotas desse naipe – e que não são poucos – que não param de olhar para os próprios umbigos a julgarem-se o centro do universo. É de dar dó. Nunca sairão de seus quintais, por medo de descobrirem que o Brasil e o mundo podem perfeitamente funcionar sem São Paulo. Aliás podem funcionar não, funcionam de verdade.</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br />
</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">Ainda bem que os dirigentes da escola já tomaram providências para reprimir essa idiotice encaminhando as mensagens para a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi).</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br />
</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">E se por acaso no próximo carnaval eu estiver em São Paulo quem sabe vou até o Sambódromo enrolado na bandeira paulista só para aplaudir de pé o desfile dessa escola!</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br />
</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><b>Via Blog do Miro</b></span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br />
</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">Desocupado envia e-mail racista a escola de samba</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">Um homem morador em Santo André (ABC) enviou à Escola de Samba Acadêmicos do Tucuruvi (zona norte de São Paulo) um e-mail atacando a escolha do samba-enredo para o Carnaval 2011. O e-mail, com a assinatura “Caio César, 20 anos”, ataca nordestinos que moram em São Paulo e contesta a homenagem que a escola vai prestar ao povo do Nordeste no ano que vem. Essa é a nona mensagem recebida desde o último dia 17 de dezembro com esse teor.</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br />
</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">O e-mail foi recebido pela Acadêmicos do Tucuruvi ontem [27/12], mas foi enviado pelo racista na tarde do último sábado, dia de Natal.</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br />
</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">O texto do e-mail faz ofensas contra o povo nordestino com palavras de baixo calão: “Capital do Nordeste é o c...! Vão todos tomar no c..., escola de b...! Temos que valorizar a cultura paulista, e não esse povinho de m..., cabeça chata. Tomara que esse Carnaval seja o pior de toda a história da escola. É o que deseja (sic) todos os paulistas separatistas. São Paulo é o meu país”, afirma a mensagem.</span></div><br />
</div>Revista Literáriahttp://www.blogger.com/profile/10160769599934066285noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5287993549416225045.post-77753436611974912902011-01-01T04:23:00.000-08:002010-12-30T04:41:27.336-08:00<div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div style="text-align: center;"><span style="font-size: small;"><b><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">O Brasil quer mesmo é ser louro</span></b></span></div><div style="text-align: center;"><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /><span style="font-size: small;"><b><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></b></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZwRhj7j7YqcOCusEtDCicqy45wx_ZnZ_hvJqF0o5_6ns0n3_uhogxTxmFDTxkJgxZ_A0J3qUgpW4sgGbT90lWxFCkFbksXSPfwGrCWAJCG-5jHhb-CkmGyZL6_xwNNewLhN7_YQmNnf_E/s1600/LOURO.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="261" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZwRhj7j7YqcOCusEtDCicqy45wx_ZnZ_hvJqF0o5_6ns0n3_uhogxTxmFDTxkJgxZ_A0J3qUgpW4sgGbT90lWxFCkFbksXSPfwGrCWAJCG-5jHhb-CkmGyZL6_xwNNewLhN7_YQmNnf_E/s400/LOURO.jpg" width="400" /></a></div><div style="text-align: center;"></div><div style="text-align: center;"></div><div style="text-align: center;"></div><div style="text-align: center;"></div><div style="text-align: center;"></div><div style="text-align: center;"><div style="text-align: right;"><span style="font-size: small;"><b><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Conceição Freitas</span></b></span></div></div><span style="font-size: small;"><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Em Brasília desde os 17 anos, o pesquisador Mário Lisboa Theodoro, diretor de cooperação e desenvolvimento do Instituto de Pesquisas e Estudos Aplicados (Ipea), mora no Lago Norte com a mulher e dois filhos. Apesar de viver numa região administrativa que tem 80% de moradores brancos, 11% pardos e 1% pretos, Theodoro, negro nascido em Volta Redonda (RJ), nunca sentiu o preconceito. “Talvez porque as casas dão para o quintal, não dão pra rua. Então quase ninguém se conhece”. O que impressiona o pesquisador é a Escola-Classe do Lago Norte, criada para acolher os filhos dos moradores, mas que abriga filhos de caseiros, de jardineiros, de empregadas domésticas e crianças da vizinha Varjão. “É um nicho de crianças negras no meio do Lago Norte. Os moradores têm um verdadeiro preconceito com aquelas crianças. Têm medo de serem roubados. Aquela escola é a cara do preconceito brasileiro.”</span><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Economista estudioso da questão racial, ativista dos movimentos negros, Mário Theodoro é o organizador do livro As políticas públicas e a desigualdade racial no Brasil, 120 anos após a abolição, edição do próprio Ipea. Na 12ª e última parte da série Negra Brasília, o pesquisador trata da grande ferida que é questão racial no Brasil, do razoável avanço das políticas públicas, dos limites da abolição e do papel do movimento negro nesse momento. E diz: “O Brasil quer mesmo é ser louro”, para explicar as razões pelas quais há um consenso entre ativistas e pesquisadores de que negro é a soma de preto mais pardo.</span><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Um grande marco</span><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Houve um grande avanço nos últimos 10 anos. Houve avanço no tratamento da questão racial e talvez o grande marco seja a criação da Seppir [Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial]. Ainda que a atuação política da Seppir seja residual, pequena, pontual, ainda que ela não dê conta da questão racial no Brasil, a criação dela foi o reconhecimento pelo Estado de que a questão racial tem que ser objeto de políticas públicas. Foi esse o grande avanço, por maiores que sejam as críticas. A partir daí, temos que começar a construir.</span><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /></span><br />
<div style="text-align: center;"><b><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Revivendo a questão racial</span></span></b></div><div style="text-align: center;"><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDCE9ftqyYejH7nCYu6R0lHpR822_R133wjeFjGEZdsys9wyxfwql_6SdMQd8OH-O01QU_jwMrv2Y9fdy2WSuMcpCferk0YtlWVykFS8uD-Ty7fCa1Morc7o3ga6peJ7yUHo5Q9IhFuTQL/s1600/Capa-do-livro-Ds_01.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDCE9ftqyYejH7nCYu6R0lHpR822_R133wjeFjGEZdsys9wyxfwql_6SdMQd8OH-O01QU_jwMrv2Y9fdy2WSuMcpCferk0YtlWVykFS8uD-Ty7fCa1Morc7o3ga6peJ7yUHo5Q9IhFuTQL/s400/Capa-do-livro-Ds_01.jpg" width="330" /></a></div><div style="text-align: center;"><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /></div><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">A partir das cotas [raciais nas universidades] começou a surgir uma polêmica nacional. E isso é o mais importante. A questão racial virou uma questão nacional. Todo segmento importante da sociedade sentiu necessidade de se posicionar. O Brasil só debateu verdadeiramente a questão racial entre os anos 1850/1888, e de lá pra cá o tema sumiu das discussões nacionais. As cotas fizeram reviver a questão racial. As pessoas estão indo aos tribunais para dizer que não ou que sim. Esse debate está nos fazendo encarar a questão racial como um problema brasileiro. O silêncio é o pior dos mundos, porque no silêncio é como se o problema não existisse. Agora, teremos que dar respostas a essas questões, formular políticas públicas maiores.</span><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /></span><br />
<div style="text-align: center;"><b><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">O racismo como ideologia</span></span></b></div><div style="text-align: center;"><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIp99wjUYsKd5D4Wr1uZFMZJjvTt8CyqlHaxv5orDTn9W8aMq-9U8wytIhyphenhyphenkiyz4VLem3gTZPw2KosfzYogaIP8dMFpfUmPatRwU6xrPmzoVcr9n8YzAHt8FP_bq87fqHKfOA6b_G1PKnQ/s1600/DigaNAOaoRacismo-1-2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIp99wjUYsKd5D4Wr1uZFMZJjvTt8CyqlHaxv5orDTn9W8aMq-9U8wytIhyphenhyphenkiyz4VLem3gTZPw2KosfzYogaIP8dMFpfUmPatRwU6xrPmzoVcr9n8YzAHt8FP_bq87fqHKfOA6b_G1PKnQ/s400/DigaNAOaoRacismo-1-2.jpg" width="400" /></a></div><div style="text-align: center;"><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /></div><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">A abolição não resolveu o problema racial. Ela libertou os negros e nada mais. A abolição jogou no limbo a força de trabalho brasileira, os ex-escravos. E vieram os migrantes para ocupar os novos postos de trabalho. O mito da democracia racial nasceu depois da abolição e o próprio racismo só foi se instalar no Brasil como ideologia dominante depois da abolição. É curioso isso, mas todo pensamento racista surgiu como se fosse uma forma de justificar diferenças e desigualdades a partir da naturalização. Parecia “natural” que os negros continuassem onde estavam, porque eles sempre estiveram nesse lugar. Desde a abolição se instalou o silêncio sobre a questão racial e quem ousasse falar dela era tratado como um caso de polícia. Como foi o caso da frente negra dos anos 30, que foi perseguida e dizimada. Ou de Abdias Nascimento, com o teatro experimental do negro. E lá vinha o discurso de sempre: “Você está querendo dividir, que horror! Vocês estão imitando os Estados Unidos”. Como se fosse uma luta que não tivesse legitimidade. As mulheres podem queimar sutiã, bacana; os sem-terra podem pedir a reforma agrária; mas os negros, do que eles estão reclamando?</span><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">O negro não é um igual</span><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Depois da Segunda Guerra Mundial, a reconstrução social europeia foi no sentido de retirar seus iguais de uma situação de penúria. Mas o brasileiro branco não vê o outro brasileiro negro como igual e não se incomoda se determinado grupo passa por privações. Ele não é meu igual…Não existe um apelo moral para a inclusão. São dois grupos, um com direito a tudo e outro naturalmente com direito a nada. É como se fosse natural que os negros sejam pobres.</span><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Chaga aberta</span><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">O racismo é uma chaga aberta no dia a dia. A pessoa que sofre racismo, ela sente a ofensa não somente nela mesma. Se eu sou um negro sujo, minha mãe é negra suja, minha avó é negra suja. Então é uma chaga inominável e essa chaga está no cotidiano, só que está velada, mas ela existe o tempo todo. Antônio Candido disse, recentemente, que o racismo diminui os dois lados, diminui quem sofre a ofensa porque a pessoa é diminuída diretamente e diminui quem o pratica, porque demonstra que é incapaz de ver a alteridade, é uma pessoa que estreita o mundo. O Brasil criou gerações de racistas. E continuamos a fazer isso com nossas crianças. Porque ninguém nasce racista. As crianças pequenas se abraçam, se beijam, mas à medida que o tempo vai passando ela vai aprendendo a ser racista.</span><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Negro, principal interlocutor</span><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">É a primeira vez que o movimento negro é o principal interlocutor da questão racial. Nos debates abolicionistas, havia os intelectuais urbanos do Rio de Janeiro, o pessoal de São Paulo, cada um tinha uma ideia, mas os negros eram minoria na discussão. Agora o movimento negro entra como interlocutor prioritário.</span><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /></span><br />
<div style="text-align: center;"><span style="font-size: small;"><b><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Pretos pardos = negros</span></b></span></div><div style="text-align: center;"><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjzHaLJmR8v10MYLHbp5Mx38f4Xvwy_cE-FHks0Kv0Ch97p_U5FsH3ohs4BGPaGX__VxB5I-xdKSzq3NrqcxDH9oALcftNsi7RYRYqReYhxPKXut6TDZpIBMapbu2ylK7WDZs1qa1TDM05-/s1600/jovem-negro.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="458" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjzHaLJmR8v10MYLHbp5Mx38f4Xvwy_cE-FHks0Kv0Ch97p_U5FsH3ohs4BGPaGX__VxB5I-xdKSzq3NrqcxDH9oALcftNsi7RYRYqReYhxPKXut6TDZpIBMapbu2ylK7WDZs1qa1TDM05-/s640/jovem-negro.jpg" width="640" /></a></div><div style="text-align: center;"><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /></div><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Negros e mulatos têm um sofrimento racial muito parecido, embora os negros sofram um pouco mais. Mas qualquer mulato que ouse sair da sua posição social sentirá que a questão racial fala mais alto. Alguém até pode dizer que é moreninho, mas a polícia vai vê-lo como negro. Um mulato pode até dizer que não é negro, mas na hora H, numa briga com um branco, ele vai ser chamado de crioulo. Juntar pretos e pardos numa só classificação, a de negros, é uma escolha política, sem dúvida. É um modo de dizer que estamos todos juntos, que sofremos o racismo juntos, que temos um problema a enfrentar juntos e que vamos enfrentá-lo juntos. Porque, ao final, o Brasil quer mesmo é ser louro. Ele não quer ser moreninho, ele não quer ser pardo. E se o ideal é ser louro, então mulatos e negros estamos juntos. O fato de ser mulato não leva alguém para a tevê. Nas novelas, quem tem alma são os louros de olhos azuis. Tudo isso faz com que o movimento negro chame todo mundo [pretos e pardos].</span><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /><b><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">[Professor, crítico literário, é um dos maiores intelectuais brasileiros do século 20]</span></b><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">JOAQUIM NABUCO</span><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">1849/1910</span><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Se a abolição se fez entre nós sem indenização, a responsabilidade não cabe aos abolicionistas, mas ao partido da resistência [ao abolicionismo]. O meu projeto primitivo, de 1880, era abolição para 1890 com indenização</span><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Fonte: Brasilia Negra</span><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Portal Geledés </span><b><br />
</b></span></div>Revista Literáriahttp://www.blogger.com/profile/10160769599934066285noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5287993549416225045.post-17929189395897264442010-12-29T12:35:00.000-08:002010-12-29T12:36:48.806-08:00<div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: center;"><span style="color: #660000; font-size: small;"><b>Discriminação perpétua</b></span><span style="font-size: small;"><br />
</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: center;"><span style="font-size: small;"> <img align="right" height="296" src="http://www.revelacaoonline.uniube.br/a2002/imagens/escravidao.jpg" width="400" /><b><br />
</b><br />
</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: center;"><span style="font-size: small;"></span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small; margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><br />
</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small; margin-left: 1em; margin-right: 1em;"> <span style="color: #666666;"><b>"O preconceito é um relativismo individual que resulta em conseqüências graves. As pessoas por acharem que são melhores começam a desmerecer as outras" </b></span></span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: right;"><span style="font-size: small;"><b> por Luciana Souza</b></span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">É comum ouvir dizer que no Brasil já não existe mais racismo, preconceito ou discriminação. Ao mesmo tempo é impossível negar o alargamento das diferenças sociais e econômicas sofridas pela sociedade no decorrer dos séculos. Para entender estas diferenças é necessário voltar ao período de colonização do País, para perceber também, que há, através da história a perpetuação da discriminação. <br />
<br />
De acordo com a socióloga, Maria das Dores Silva, professora da Universidade de Uberaba, a sociedade contribui para que o preconceito seja voltado para os negros. Durante a colonização do Brasil, as terras foram tiradas do poder dos índios, que se viram obrigados a trabalhar. Como não se adaptaram bem, por recusarem a escravidão, foram substituídos pelos escravos africanos. Os negros foram arrancados de sua pátria e trazidos para as Américas - um continente desconhecido, onde não lhes ofereceram nenhuma vantagem. <br />
<br />
Mesmo depois da abolição, no dia 13 de maio de 1888, os negros não se libertaram. Data daí, de acordo com a socióloga o período da intensificação do preconceito."O conflito pessoal começa quando a raça branca faz algum tipo de comentário sobre o passado dos índios ou negros, por causa da escravidão", aponta Maria das Dores.<br />
<br />
É necessário também, na visão de Maria das Dores, recorrer a Biologia para que o racismo não seja analisado somente no campo ideológico. "Existe uma parte da ciência, também chamada de Racismo, que estuda a mensuração das espécies humanas. São comparados ossos de homens negros com os de brancos, amarelos e vermelhos, para indicar quais são as diferenças entre cada raça", explica. <br />
<br />
É exatamente essa mistura de raças que pode causar mudanças na sociedade. O Racismo ou Etnocentrismo, é a característica de um grupo racial que cria conflitos, tentando mostrar-se melhor que os outros. A Sociologia classifica o racismo como uma discriminação ideológica, na qual um grupo considera ter mais qualidades que o outro. "O preconceito é um relativismo individual que resulta em conseqüências graves. As pessoas por acharem que são melhores começam a desmerecer as outras", esclarece. <br />
<br />
</span><span style="font-size: small;">Para a Psicólogia, o racismo pode gerar certos tipos de patologias nas pessoas discriminadas. A psicóloga Osimar Beatriz Tura, cuja experiência somam-se nove anos de atendimento clínico na cidade de Conquista/MG explicou que as pessoas, quando discriminadas, sofrem um certo isolamento podendo ter como consequência a violência. "Quando alguém está sendo inferiorizado, seja por causa de sua cor ou por sua crença, passa a desenvolver problemas psicológicos. Com isso fica doente ou até mesmo desenvolve um sentimento de raiva, tornando-se violento", exemplifica.</span></div>Revista Literáriahttp://www.blogger.com/profile/10160769599934066285noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5287993549416225045.post-75311500501941479232010-12-05T11:04:00.000-08:002010-11-30T11:09:03.035-08:00<h1 style="font-family: Verdana,sans-serif; font-weight: normal; text-align: center;"><span style="font-size: small;"><b>"O Alufá Rufino" conta história de escravo que foi vendido para traficantes brasileiros </b></span></h1><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"></div><br />
<div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: center;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: center;"><span style="font-size: small;"><b>Nas malhas do tráfico negreiro: Alufá Rufino e o Atlântico Sul do século 19 </b></span></div><h3 align="justify" class="post-title entry-title" style="font-family: Verdana,sans-serif; font-weight: normal;"><div class="post-header"></div><span style="font-size: small;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgf1ipu6_WBdMaScWB2oXXnRyFo40dY6pThADIwRU0Tes1cl8uH3PgvDPhTQDLVSDt8fuD_CHwTUXVj4vnSEhvTyPMqoZcOYqqzgjwvlpunyouUgPTMaN5w3sRuXt-qQPpJSuuqCRuMYqA/s1600/46a15f11.jpg"><span style="color: black;"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5539372698944403250" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgf1ipu6_WBdMaScWB2oXXnRyFo40dY6pThADIwRU0Tes1cl8uH3PgvDPhTQDLVSDt8fuD_CHwTUXVj4vnSEhvTyPMqoZcOYqqzgjwvlpunyouUgPTMaN5w3sRuXt-qQPpJSuuqCRuMYqA/s400/46a15f11.jpg" style="cursor: pointer; display: block; height: 253px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 400px;" /></span></a></span><span style="font-size: small;"><br />
</span><span style="font-size: small;">A vida de Rufino José Maria, escravo liberto que passou a integrar o tráfico negreiro, ressalta o uso ambivalente da escravidão na segunda metade do século 19, tanto para a busca da hegemonia britânica, em nome do antiescravismo, como para a construção da identidade brasileira, em torno de ideias escravistas e anti-imperialistas.<br />
<br />
<br />
AINDA QUE NÃO SEJA tão usual como nas "ciências duras", o trabalho colaborativo em ciências sociais revela, em seus diversos campos, uma longa história de sucessos.<br />
<br />
É o caso do notável banco de dados sobre o tráfico transatlântico de escravos elaborado por um grupo internacional de historiadores nas últimas três décadas, disponível em slavevoyages.org.<br />
<br />
Em "O Alufá Rufino - Tráfico, Escravidão e Liberdade no Atlântico Negro (c. 1822-c. 1853)" [Cia. das Letras, 488 págs., R$ 62], João José Reis, Flávio dos Santos Gomes e Marcus Joaquim Maciel de Carvalho, três dos maiores especialistas na escravidão brasileira, juntaram-se numa empreitada que, ao narrar uma trajetória de vida fascinante, joga luz sobre importantes aspectos da história brasileira, africana e mundial.<br />
<br />
O leitor se vê diante de uma pletora de temas, todos abordados com bastante cuidado: a conturbada história da Iorubalândia -a vasta região habitada pelos povos de fala iorubá, compreendendo terras nas atuais Nigéria e Benin; a escravidão urbana em diferentes províncias brasileiras; a resistência escrava no Brasil; as realidades de cidades africanas como Luanda e Freetown; as engrenagens do tráfico transatlântico de escravos na era da ilegalidade; o antiescravismo britânico; os processos de formação cultural e reconfiguração identitária na diáspora africana.<br />
<br />
Os autores estão entre os maiores especialistas na escravidão brasileira: cada qual escreveu obras decisivas para a compreensão de nosso passado escravista, como as que tratam do maior levante de escravos urbanos na história das Américas, a Revolta dos Malês, ocorrida em Salvador, em 1835, trabalho de João José Reis ["Rebelião Escrava no Brasil", Cia. das Letras]; das múltiplas formas de resistência escrava em quilombos do Amazonas, do Maranhão, de Minas Gerais e do Rio de Janeiro ["A Hidra e os Pântanos", Unesp, de Flávio dos Santos Gomes]; ou da movimentada história da província de Pernambuco entre a Independência do Brasil e a Revolta Praieira (1848), de Marcus Joaquim Maciel de Carvalho.<br />
<br />
Os três apresentam o resultado de um trabalho coletivo que consumiu quase uma década de pesquisa: a narrativa da vida do muçulmano Abuncare, nascido em data incerta, na década de 1800, na atual Nigéria, e que foi feito escravo nas guerras civis que destruíram o Reino de Oyó no início do século 19. Possivelmente embarcado em Lagos, Abuncare aportou na Bahia no ápice dos conflitos pela Independência do Brasil.<br />
<br />
RUFINO <br />
<br />
Adquirido pelo boticário pardo João Gomes da Silva, Abuncare -agora renomeado Rufino- passou a trabalhar como cozinheiro em Salvador. <br />
<br />
Entre 1830 e 1831, partiu com o filho de Gomes, então cadete do Exército, para a província de São Pedro do Rio Grande do Sul, onde foi vendido a um novo senhor.<br />
<br />
Logo, contudo, Rufino foi adquirido em hasta pública por José Maria Peçanha, chefe de polícia da província. Poucos meses após o início da Revolução Farroupilha, em 1835, conseguiu comprar sua carta de alforria pelo preço equivalente ao de um escravo adulto, assumindo no ato os dois primeiros nomes de seu senhor.<br />
<br />
Na segunda metade da década, Rufino José Maria viveu como liberto no Rio de Janeiro. Na virada dos anos 1830 para os 1840, engajou-se no tráfico transatlântico ilegal de escravos. Até 1843, participou de um sem-número de expedições negreiras entre Angola e Pernambuco, sempre como cozinheiro e, eventualmente, pequeno traficante.<br />
<br />
Em 1840-1, quando trabalhava no negreiro "Emerlinda", viu a embarcação ser capturada pela Marinha britânica, que a conduziu à colônia de Serra Leoa para julgá-la por tráfico ilegal.<br />
<br />
ISLÃ <br />
<br />
A temporada forçada em Freetown permitiu-lhe travar contato com a comunidade local de falantes de iorubá que professavam a fé islâmica. <br />
<br />
Em 1843, regressou a Serra Leoa, onde frequentou uma escola corânica por um ano e sete meses. Após o intenso aprendizado religioso, retornou em definitivo ao Brasil, estabelecendo-se como alufá, um sacerdote muçulmano, em Recife. Em 1853, preso pela polícia pernambucana sob suspeita de envolvimento em uma conspiração escrava, narrou sua história às autoridades.<br />
<br />
Os autores constroem o livro a partir deste último depoimento. Diante da parca documentação disponível sobre Rufino, optaram por valer-se de todas as referências possíveis sobre pessoas que, de um modo ou de outro, relacionaram-se com o africano -proprietários, autoridades, traficantes, parceiros- para iluminar "o conturbado mundo em que viveu, por onde circulou e que ajudou a criar por diferentes pontos do Atlântico". O livro, assim, "mais do que a biografia de um homem", oferece "uma história social do tráfico e da escravidão no Atlântico de Rufino, o muçulmano Abuncare".<br />
<br />
Para cumprir tal objetivo, Reis, Gomes e Carvalho realizaram um notável esforço de investigação, com pesquisas em quase duas dezenas de arquivos localizados em quatro países e três continentes. Digno de nota é o domínio que demonstram da bibliografia especializada, sobretudo a africanista.</span><span style="font-size: small;"><img align="baseline" alt="" border="0" hspace="0" src="cid:80AE02CAB08E457C93E79E4A1DD9A041@userba6044fa31" /></span></h3><div align="justify" style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">Além de analisar o contexto histórico do Brasil e da África no século 19, <a href="http://livraria.folha.com.br/catalogo/1153339/o-alufa-rufino"><span style="color: black;">"O Alufá Rufino"</span></a></span><span style="font-size: small;"> (Companhia das Letras, 2010) percorre a biografia de Rufino José Maria.Rufino nasceu no antigo reino africano de Oyó. Na adolescência, foi escravizado por um grupo étnico rival. </span></div><div align="justify" style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">Foi adquirido por traficantes brasileiros e levado para Salvador, na Bahia. Após muito sofrimento, obteve sua alforria. Tornou-se então cozinheiro assalariado de navios negreiros. </span></div><div align="justify" style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">Mais velho, ele se mudou para o Recife, onde adquiriu o posto de alufá --guia espiritual da comunidade de negros muçulmanos. Escrita por João José Reis, Flávio dos Santos Gomes e Marcus Joaquim de Carvalho, a trama documenta as aventuras desse ex-escravo africano. </span><br />
<span style="font-size: small;"> </span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGSymRoZmpLfD3xm_Bw2Jv_x_9T2Z6-BwpoPCR_UV2Z4goagZ2ngjZPkyLX-p1jro0g1-hhHjHeDSNvzYV8c-askRt3rMohSXsLAL-mZGmkj_T2UZdfJ-cNX-vqLm3bK56Qfah8HbeRS0j/s1600/livrorufino.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGSymRoZmpLfD3xm_Bw2Jv_x_9T2Z6-BwpoPCR_UV2Z4goagZ2ngjZPkyLX-p1jro0g1-hhHjHeDSNvzYV8c-askRt3rMohSXsLAL-mZGmkj_T2UZdfJ-cNX-vqLm3bK56Qfah8HbeRS0j/s320/livrorufino.png" width="320" /></a></b></div><div style="text-align: center;"><br />
</div></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: center;"><b><span style="font-size: small;">Leia abaixo um trecho do capítulo inicial da obra. </span></b></div><div align="justify" class="star" style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">* </span></div><div align="justify" style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">Rufino disse ser filho do reino de Oyó, provavelmente sua capital Oyó Ilê, onde nasceu no início do século XIX. Oyó destacou-se como um dos Estados mais poderosos da região interior do golfo de Benim, chegando a controlar durante largo período no século XVIII e início do XIX a maioria dos reinos localizados em território iorubá. Além disso, submeteu os reinos de Daomé a oeste, Borgu ao norte e Nupe a nordeste, que se tornariam seus tributários. Oyó dominava importantes rotas de comércio de escravos que vinham do interior até portos dos golfos de Benim e de Biafra. Parte importante do poderio militar de Oyó, com destaque para sua cavalaria, ímpar na região, vinha dos recursos obtidos de sua ativa participação no tráfico de gente. </span></div><div align="justify" style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">No alvorecer do século XIX, Oyó já enfrentava alguns desafios à sua hegemonia na região. Daomé e Nupe lutavam para sair da sua órbita de influência e, mais importante, o reino foi abalado por dissensões internas. Em torno de 1796, um guerreiro chamado Afonjá, o are-ona-kakanfo (ou comandante em chefe do Exército provincial de Oyó), se rebelou contra o recém-empossado alafin (rei de Oyó) sob alegação de que esse cargo lhe cabia por mérito e direito de linhagem. Afonjá, além de importante chefe militar, era o líder político (ou baálè) da cidade de Ilorin, que ficava a sudeste de Oyó Ilê. </span></div><div align="justify" style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">Sediado em Ilorin, Afonjá resistiu à autoridade do alafin durante duas décadas e, em 1817, decidiu jogar uma cartada decisiva ao incitar uma grande rebelião escrava em Oyó. Pois esse poderoso reino, além de promover o tráfico de escravos, era destes grande consumidor, ou seja, tratava-se de um Estado traficante à testa de uma sociedade escravista. A maioria dos escravos de Oyó vinha de territórios situados ao norte do reino, e entre eles a maior parte era haussá e muçulmana. Os povos de língua haussá ocupavam vasto território situado no norte da atual Nigéria, e ali um Estado muçulmano - o califado de Sokoto - foi formado em torno de 1809 sob a liderança dos fulânis, importante grupo étnico presente na região, obstinados devotos do Islã e responsáveis por um jihad iniciado em 1804. </span></div><div align="justify" style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">Liderado por Usuman Dan Fodio - homem letrado, autor de eruditas obras religiosas, também poeta -, o jihad representou uma virada radical na história dos haussás e povos vizinhos. Inicialmente, a guerra santa teve como alvo principal os chefes haussás, acusados de oprimir os bons muçulmanos e de tolerar um estilo de islamismo sincretizado com a religião "pagã" local. Muitos adeptos desta, todavia, lutaram ao lado dos guerreiros do jihad com vistas a se verem livres de lideranças políticas amiúde tirânicas. Os haussás escravizados em Oyó eram principalmente vítimas desse conflito político-religioso que revolucionou a região, um movimento sobretudo de reforma muçulmana, de muçulmanos ortodoxos contra outros, acusados de relaxados, que no entanto evoluiu para uma guerra de expansão por todo o território haussá e para além de suas fronteiras, inclusive o país iorubá de Rufino. A revolta dos escravos haussás de Oyó, em 1817, marcaria o início da penetração muçulmana em larga escala entre os iorubás. </span></div><div align="justify" style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br />
</div><div align="justify" style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">Retornar... </span></div>Revista Literáriahttp://www.blogger.com/profile/10160769599934066285noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5287993549416225045.post-51962672622360960802010-12-03T04:55:00.000-08:002010-12-03T04:59:22.099-08:00<div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><b><span style="font-size: small;">Contribuição da ciência na elaboração de teorias racistas no séc.XIX, e seus efeitos nas relações raciais no Brasil</span></b></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVeWGiv15ZpgycbheshYBcPTvbnNbkas08jlvmM9cKC4Twpk9GYiSJcT_XX6NcXFY2pkCjchopSE1KLD8qLFMkt3EpNcNzBd9KvY4V-Lfzw94HKqLHNe67KEBtOIlHjqRH4unQ6omf4Vcw/s1600/redenodeC.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVeWGiv15ZpgycbheshYBcPTvbnNbkas08jlvmM9cKC4Twpk9GYiSJcT_XX6NcXFY2pkCjchopSE1KLD8qLFMkt3EpNcNzBd9KvY4V-Lfzw94HKqLHNe67KEBtOIlHjqRH4unQ6omf4Vcw/s400/redenodeC.jpg" width="295" /></a></div><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><b><span style="font-size: small;"><br />
</span></b></div><div style="text-align: right;"><b><span style="font-size: small;"> Maria Auxiliadora de Paula Gonçalves Holanda *</span></b></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><b>Introdução</b> </span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Algumas reflexões sobre o que nos revelam os dados - Os quesitos raça/cor ganham espaço nas pesquisas.</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">O Brasil é um país de grandes contrastes sociais e desigualdades resultantes de um longo período de colonização e exploração das populações indígenas e negras. Ainda hoje as conseqüências do regime escravocrata persistem mostrando estatísticas nas quais essas populações aparecem em grandes desvantagens em relação aos brancos. Essas constatações hoje já começam a ser aceitas pelos governos, e medidas de equalização dos quadros de desigualdades começam a serem tomadas.</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">É necessário e urgente que a garantia dos direitos fundamentais como saúde, educação e trabalho, seja efetivada com justiça, de forma que as camadas desfavorecidas da sociedade brasileira possam ter um aumento significativo de qualidade de vida. Algumas ações governamentais têm sido implementadas nesse sentido, dentre as quais podemos citar a obrigatoriedade de 50% de mulheres nas candidaturas para cargos públicos eletivos(1), e políticas de trabalho direcionadas para portadores de deficiências físicas(2).</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Os movimentos sociais como um todo, sobretudo os feministas, negros, e de jovens, tiveram uma participação decisiva nessas ações desde o momento inicial de pressão política, passando pela sua elaboração, execução e monitoramento. A criação de secretarias governamentais para tratar especificamente dessas políticas é uma prova concreta da mobilização e força dos movimentos sociais e da sociedade civil de uma forma geral.</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Embora alguns avanços sejam identificados, a base das desigualdades persiste. Conforme dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD, 2006), a população entre 7 e 14 anos do Norte-Nordeste continua apresentando as menores taxas de escolarização. As mulheres na idade entre 5 a 17 anos apontam um percentual maior de freqüência à escola que os homens, respectivamente 92,4% para 91,9%, sendo que o aumento ocorreu em todas as regiões. No Norte-Nordeste a taxa de analfabetismo das mulheres foi menor que a dos homens. As mulheres possuem em 2006, em média, mais anos de estudo completos que os homens. A participação das mulheres no mercado de trabalho e na freqüência à universidade também cresce em relação aos homens, no entanto o tipo de ocupação no trabalho e os salários são inferiores aos dos homens, o que evidencia a persistência das desigualdades.</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Quando nos referimos aos itens "cor" ou "raça", os dados da PNAD (2006) atestam que, dos 15 milhões de analfabetos brasileiros mais de 10 milhões são pretos e pardos, apresentando mais que o dobro na taxa de analfabetismo em relação aos brancos, ou seja, 14% contra 6,5% para os brancos. Já com relação à freqüência à universidade, os brancos correspondem a 56%, e pretos e pardos 22%, mas esses dados são verdadeiramente alarmantes quando passamos a perceber qual a porcentagem de pretos e pardos que conseguem concluir a graduação em relação aos brancos. Da população de 25 anos ou mais que concluíram a graduação em 2006, temos um total de 8,6%. Desses 8,6% que concluíram; 78% são brancos, 16% pardos, e apenas 3,3% de negros.</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Estas estatísticas nos mostram claramente a necessidade e urgência de ações afirmativas e cotas que garantam o acesso e permanência da população negra na universidade. Das políticas de ação afirmativa já implementadas, o sistema de cotas foi o que mais envolveu a opinião pública e mobilizou setores da sociedade civil. Muitas universidades estaduais e federais(3) já iniciaram políticas e programas de democratização do acesso e permanência de índios e negros, cada uma de acordo com as suas especificidades regionais e com embates políticos diferenciados.</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Raça e relações raciais</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Muitos desafios têm contribuído para o avanço dos estudos sobre as relações raciais no Brasil, e estes se apresentam em conjunturas sócio-históricas diferentes, de acordo com o dinamismo das relações que se constroem a cada época. Portanto, dado a brevidade de nosso texto, destacaremos apenas alguns desafios mais pertinentes à compreensão de nosso objeto. Queremos no entanto destacar a influência que o pensamento cientifico opera sobre o imaginário social e de como as idéias racistas ainda hoje repercutem.</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Hasenbalg (1979) faz um interessante comentário crítico às teses de Florestan Fernandes (1965) apresentadas em seu texto: "Integração do Negro na Sociedade de Classes". O primeiro autor fundamenta sua crítica ao segundo com base, sobretudo, em Stanislav Andreski (1969 apud HASENBALG, op. cit., p. 76), quando este afirma: "Uma vez que uma superposição bem definida de raças passa a existir, cria-se uma situação em que é bastante racional para seus beneficiários tentar perpetuá-la".</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">O autor não concorda com Florestan Fernandes (1965, p. 75) quando este considera que "[...] parece provável que as tendências dominantes levarão ao estabelecimento de uma autêntica democracia racial." (FERNANDES apud HASENBALG, 1979, p. 75). De acordo com o que apresenta Hasenbalg (op. cit.), Fernandes (op. cit.) considera que, uma democracia racial autêntica implica que negros e mulatos devam alcançar posições de classe equivalentes àquelas ocupadas por brancos, o que nos parece correto. Ainda de acordo com o autor, Fernandes (op. cit.) acreditava na gradativa transformação das relações raciais no Brasil, à medida que o modelo econômico fosse sofrendo mudanças de um perfil arcaico para outro mais moderno e democrático. Este autor acreditava que os comportamentos preconceituosos e racistas acabariam por desaparecer, o que na verdade não ocorreu, pelo contrário, as desigualdades persistem, em grande parte em conseqüência da discriminação, do preconceito, das idéias racistas que continuam vivas na contemporaneidade.</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Com base nas posições de Hasenbalg (1979) no que se refere à permanência de uma sociedade desigual, mesmo após a abolição, e considerando os efeitos perversos e ainda permanentes do longo período de escravidão, situaremos nosso texto no momento mais recente das discussões sobre relações raciais. Atualmente busca-se com as políticas de ação afirmativa, se busca uma justiça racial concreta, da forma como pensou Fernandes (1965), ou seja, onde negros ocupem status social equivalente aos brancos.</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><b>Estudos de relações raciais no Brasil</b></span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Guimarães (1999) destaca que as primeiras compreensões de raça estavam relacionadas às características físicas das populações nativas dos vários continentes. Os estudiosos atribuíam qualidades morais, intelectuais e psicológicas de acordo com os atributos físicos das populações. De acordo com esse autor, estas teorias racistas sustentaram aspirações imperialistas e geraram grandes tragédias o que levou os cientistas a negarem este conceito de raça. Houve uma substituição do termo raça por "etnia" (Ibidem).</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Conforme declara Telles (2003) a respeito das teorias racistas do século XIX surgidas na Europa e amplamente assimiladas e divulgadas no Brasil, a idéia de raça é conceitual e não um fato biológico. Embora as teorias de superioridade da raça branca, que ganharam um status científico no século XIX, tenham sido desacreditadas, elas continuam firmemente enraizadas no pensamento social (Ibidem). Para Pessoa (1996), o conceito de raça é comparativo, e para se reconhecer uma raça é necessário estabelecer um contraste com outra semelhante ou diferente. A esse respeito o autor traz sua compreensão com base no conceito de raciação, conforme podemos ver a seguir: <br />
Como a raciação é um processo longo e contínuo que vai produzindo raças dentro de raças, o grau de diferença entre as raças varia. Comparada com a população alpina, a população nórdica é uma raça menor (não muito distinta), mas, em relação aos pigmeus africanos, é uma raça maior (muito diferente). (Ibidem, p. 30).</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">O autor traz em seu texto além de noções de miscigenação e de raças modernas, um perfil da doutrina racista e alguns dos postulados do racismo(4), dentre os quais ressaltamos os seguintes:</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">- As raças puras são superiores umas às outras e todas são superiores às miscigenadas.<br />
- Para o bem da humanidade, as raças superiores devem dominar as inferiores e usá-las para funções subalternas (Ibidem).</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Ainda de acordo com Pessoa (1996, p. 30), abolir a palavra raça em virtude do racismo e de suas graves conseqüências, não foi uma boa iniciativa, pois "[...] não é lutando contra palavras que venceremos preconceitos".</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Costa (1989) apresenta uma compreensão distinta da de Pessoa (op. cit.) com relação à importância do uso do termo raça. O autor considera que até os anos 30 do século XX o conceito biologizante de raça serviu para hierarquizar segmentos da população. A partir dos anos 70, o conceito ganha outra importância. O autor apresenta as oscilações desse conceito na história, e ressalta que:</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Quando, nos finais dos anos 70, o movimento negro retoma o conceito raça com um sentido político, opera-se, portanto uma inversão semântica fundamental na categoria usada historicamente para subjugar negros e outros não brancos. Não se trata, contudo, de um racismo invertido, como se grupos negros quisessem afirmar alguma distinção biológica essencial ou sua superioridade relativamente aos não negros. O que se tem é uma estratégia política de delimitação e mobilização dos grupos populacionais que, em virtude de um conjunto de características corporais, continuam sistematicamente discriminados. (COSTA, 1989, p. 151).</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Com relação à "luta contra palavras para vencer preconceitos" da qual Pessoa (1996) discorda, podemos afirmar que as palavras não são vazias, e ganham sentidos dentro de um contexto sócio-histórico e político. A academia -lugar por excelência da elaboração de conceitos- trabalha manipulando-os segundo os seus interesses. Portanto, é necessário refletir sobre quem detém o poder intelectual e político de disseminar o conhecimento e fabricar conceitos. </span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">O movimento negro passou a utilizar o termo raça como instrumento político para reafirmar a existência do racismo no nosso país, fortemente enraizado nas instituições e nas formas como estas trabalham as relações no cotidiano. As palavras que denotam o preconceito, os estereótipos e a discriminação, demonstram o perfil racista do Brasil. As palavras fazem parte de uma ideologia pouco percebida, simbólica e discursiva, contra a qual a luta é também com palavras(5). O lugar da palavra, da escola e da universidade tem grande responsabilidade sobre a continuidade dos pensamentos racistas.</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Nascimento (2003) considera que raça é um conceito que traz implícito em sua compreensão dimensões culturais e históricas, justificando a necessidade de se abandonar o uso do temo "etnia", conforme explicação a seguir:<br />
Já que a noção de raça como origem e ancestralidade incorpora as dimensões de história e cultura sem remeter ao essencialismo biológico, perde o sentido a proposta de sua substituição pelo eufemismo "etnia". Ademais, no processo de resistência à discriminação, constata-se a necessidade de reconhecer as realidades sociais criadas a partir dos critérios discriminatórios. Como lutar contra o racismo se negarmos a existência das "raças" e, portanto, da discriminação racial? (p. 50).</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">A autora supracitada considera que, entre racismo e etnicismo, o termo derivado de raça é imediatamente identificado com o fenômeno discriminatório e, portanto, pode ter capacidade mobilizadora. "Etnia", na visão da autora, é um termo que não atinge o imaginário social, e nesse caso, seria uma luta com arma discursiva impotente, segundo o pensamento de Pessoa (1996).</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><b>O ideal de branqueamento no Brasil</b></span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Antes da criação do mito da democracia racial no Brasil(6), que considerou a convivência entre as três raças formadoras do povo brasileiro como algo positivo, existia no Brasil um outro ideário amplamente divulgado pelas ciências médicas, jurídicas, filosóficas, e outras, com fortes influências das idéias de eugenia divulgadas na Europa(7). Esse ideário configurado nas teorias racistas do século XIX(8) consistia na crença de que, a miscigenação era uma aberração, uma verdadeira degenerescência da espécie humana. O ideal seria que as raças fossem puras. As raças inferiores, as negras principalmente, não poderiam se misturar às superiores, e os brancos que cometessem essa imprudência eram castigados. A mistura de raças originaria um ser humano inferior.</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Da mesma forma como interessou a uma elite branca esse pensamento, a reinterpretarão positiva de miscigenação alardeada de forma muito inteligente nos anos 20 e 30 também assegurou a continuação do domínio dessa elite sobre a população negra e índia. Skidmore (1976, p. 192) esclarece que "[...] os anos 20 e 30 no Brasil viram a consolidação do ideal de branqueamento e sua aceitação implícita pelos formuladores da doutrina e pelos críticos sociais".</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">A dificuldade dos negros, de se reconhecerem como tal, e de perceberem como se tornam negros está implícita na construção científica da idéia de que a miscigenação com brancos melhoraria as supostas qualidades inferiores da raça negra. Os efeitos dessas teorias têm reflexo até o momento atual em nossa sociedade, atingindo as dimensões do desejo de crianças, jovens e adultos de se aproximarem ao máximo dos valores cultivados pelos brancos.</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Reiteramos que a escola enquanto instituição por excelência, da palavra, da comunicação, da construção da sociabilidade entre crianças, jovens e adultos, figura como uma das principais mantenedoras desse pensamento racista. Na escola são lidos os textos que foram produzidos por esses escritores, dentre eles um que, até hoje é leitura central nas escolas: Monteiro Lobato, escritor excelente do ponto de vista da técnica, da criatividade, mas que apresenta para os professores questões para serem refletidas com os leitores infantis e juvenis. Apresentamos essa reflexão, pautada nos estudos de Skidmore (1976), quando este coloca a importância que tiveram os escritores na formulação desses ideais de branqueamento. Ele cita a participação de muitos estudiosos(9) que elaboraram idéias dessa política de branqueamento e coloca Gilberto Freyre como um dos principais cientistas na construção dessas idéias.</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Por traz da idéia de uma convivência harmônica entre as raças, parecia existir o propósito de eliminar pouco a pouco a população negra tida como inferior, e desta vez, não pela violência, nem pelos maus tratos próprios da escravidão, mas por um princípio científico amplamente divulgado e inculcado no imaginário social. De que forma combater idéias racistas e todas as formas de preconceito, estereótipos e discriminação, se todos acreditavam no seu desaparecimento, sendo assim tidos como idéias arcaicas, como coisas do passado?</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Conforme Skidmore (1976), o escritor Monteiro Lobato(10) teve uma ascensão expressiva no cenário da literatura brasileira da época devido à divulgação desse ideal de branqueamento através de seus livros e de matérias jornalísticas. Em carta que Lobato escreveu a um amigo podemos perceber a dimensão dos valores diferenciados que este escritor atribui às raças: <br />
Num desfile, à tarde... perpassam todas as degenerescências, todas as formas e má-formas humanas - todas menos a normal... Como consertar essa gente? Que problemas terríveis o pobre negro da África nos criou aqui, na sua inconsciente vingança! Talvez a salvação venha de São Paulo e outras zonas que intensamente se injetam de sangue europeu. Os americanos salvaram-se da mestiçagem com a barreira do preconceito racial. Temos também aqui essa barreira, mas só em certas classes e certas zonas. No Rio, não existe. (LOBATO, 1944 apud SKIDMORE, op. cit., p. 199).</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Andréas Hofbauer (2003), em seus estudos sobre as bases ideológicas do racismo brasileiro, confirma que o racismo que ainda hoje persiste nas relações sociais é fruto não só de uma construção científica, mas também jurídica. Havia uma cobertura legal, reforçando a legitimação das práticas de branqueamento. Hofbauer (op. cit.) citando João Batista Lacerda (1912) afirma que: <br />
[...] ainda no Estado Novo, Getúlio Vargas justificaria a assinatura de um decreto-lei (1945) que devia estimular a imigração européia com as seguintes palavras: "Há necessidade de preservar e desenvolver, na composição étnica da população, as características básicas mais desejáveis de sua ascendência." (LACERDA, 1912 apud HOFBAUER, op. cit., p. 89).</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Parece assim ficar claro que, as construções do conceito de raça e das idéias sobre racismo estão envolvidas em um processo político ideológico no qual os interesses de uma minoria branca dominante se sobrepunha.</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Para Costa (2002, p. 44) "[...] não se trata de uma ideologia racial, mas de uma ideologia nacional(11), com múltiplas dimensões." O autor considera que, em sua dimensão política, a ideologia construída na nação brasileira a partir de 1930 assimilou o modelo francês. Ele declara que a ideologia da mestiçagem comporta as dimensões de gênero, social, cultural, e racial. Sobre a dimensão de gênero implícita nas idéias de mestiçagem, e afirma:<br />
Tanto no trabalho de Freire quanto no âmbito do esforço consistente de institucionalização de uma ideologia nacionalista de institucionalização de uma ideologia nacionalista no Estado Novo, reifica-se a imagem da mulher sem subjetividade própria e sem vida cívica e políticas autônomas; nesse construto, a mulher realiza-se e se completa enquanto objeto do desejo masculino. (Ibidem, p. 44).</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">É interessante observar como as artes, ciências e letras contribuíram para fortalecer esse pensamento com relação a um tipo feminino sensual e objeto do desejo masculino. Ficaram célebres os personagens femininos criados pelo escritor Jorge Amado, traduzido para muitas línguas e levado para o cinema e as telenovelas. A música, a pintura, e a poesia, também contribuíram para formatar uma imagem de mulher brasileira, "tipo exportação" que faz parte desse construto tão abrangente sobre o qual o autor se refere.</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Embora considerando que o mito da democracia racial começa a se desconstruir nos anos 1950, Costa assegura que as desigualdades continuam com a modernização, e coloca a importância do combate ao racismo com medidas específicas de ação afirmativa, com o desenvolvimento dos estudos raciais, dentre outras medidas, sejam de procedência brasileira ou não (Ibidem).</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><b>À Guisa de Conclusão</b></span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Acreditamos que, a Universidade como lugar por excelência da elaboração do pensamento, colabora de tempos em tempos com uma hegemonia de determinada razão cientifica que se cristaliza no âmbito da academia e repercute no pensamento da sociedade. A ressonância dessas idéias no imaginário social é também disseminada. Esse movimento de construção de idéias que advém das pesquisas na ciência pode muitas vezes ser uma encomenda das agências financiadoras das investigações para privilegiar determinados interesses.</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">De acordo com a história da filosofia da ciência, é inerente ao pensamento científico a sua transformação, a sua falseabilidade (POPPER, 1902) as mudanças de paradigmas (KUHN, 2003) ou até a sua desconstrução.</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">A ciência está fadada a ser ultrapassada, muito embora o seu desenvolvimento não se dê de forma inteiramente nova, mas sim com base no que já foi pensado.</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">O que queremos destacar é que no caso das teorias racistas do século XIX as idéias científicas se estabeleceram reforçando a idéia de superioridade de uma raça sobre outra, assim como para justificar também os domínios econômicos, sociais e políticos de brancos sobre as demais raças.</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">A universidade brasileira hoje, por ocasião do debate em torno das ações afirmativas passa a rediscutir a origem e desenvolvimento dessas idéias racistas. Podemos perceber o quanto ainda repercutem nos sentimentos e comportamentos das pessoas, sendo a família e a escola em todos os níveis, a nosso ver, algumas das principais agências responsáveis pela reprodução do preconceito, da discriminação e do racismo.</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Muitas Universidades no Brasil já experimentam o sistema de cotas, e já podem avaliar essa política, desde 2004, quando a primeira Universidade Federal, a UnB faz o seu primeiro vestibular. Os resultados são positivos, sendo o mais significativo a entrada de negros em cursos de médio e alto prestigio como Medicina, Direito, Arquitetura, Psicologia, Engenharia, por exemplo.</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">A Universidade Federal do Ceará, a pedido do Ministério Público e através de um grupo de professores iniciou reflexões sobre a implementação de uma política de acesso e permanência das populações mais desfavorecidas socialmente, camadas nas quais se encontram pretos e pardos (negros) de acordo com a classificação do IBGE. Infelizmente o então Reitor, na gestão vigente ainda neste ano de 2010, se mostrou contrário à política de cotas. Ademais, apesar dos esforços envidados por alguns professores na gestão anterior, assim como na atual gestão, a proposta de cotas para negros, índios e pobres da escola pública, foi fragorosamente derrotada.</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Esta é uma política que vem mobilizando não somente a reflexão da comunidade universitária, mas também os movimentos sociais e a sociedade como um todo, pois comporta no âmbito de suas principais discussões, questões fundamentais relativas aos direitos humanos do cidadão. Nas universidades nas quais vem sendo implementadas políticas de ação afirmativa, estas vêm apresentando bons resultados como na UnB, UFBA, UFMG, mas sem dúvida a que mais cria polêmica são as cotas para negros.</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">A UFC, rejeitando essas políticas, reflete o senso comum, pois no Estado do Ceará é cristalizada a idéia de que não existem negros, mas somente índios e mestiços, ou seja: moreninhos, mulatos, marrons, ou outras tantas nomenclaturas atribuídas às pessoas negras como se isso atenuasse a qualidade ruim de dizer-se negro ou negra. As pessoas negras, aquelas que estão nessa gradação de cor entre pardos e pretos, em geral não se reconhecem como negros, porque ser negro significa ser inferior, sujo, suspeito, marginal, etc. Essas são idéias comuns e corriqueiras que se pode perceber diariamente no imaginário social. Hoje, alguns historiadores vêm procurando desconstruir algumas idéias da história oficial que afirma não ter tido escravidão negra no Ceará, e, portanto, que essa cultura da negritude e da africanidade não existe nesse estado. Na verdade, para o Ceará vieram menos negros se compararmos a estados como Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Maranhão, o que não significa que desvalorizemos, e criemos um silêncio e uma negação dessa cultura para invisibilizá-la. Sabe-se que até hoje há comunidades quilombolas no Ceará que precisam ser reconhecidas e amparadas em seus direitos.</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">A postura da universidade só dificulta esse reconhecimento deixando essas populações em situação muito precária na sua qualidade de vida. Os jovens quilombolas, assim como os demais negros pobres da escola pública, têm direitos à ascensão social e esta com certeza poderá acontecer se pleitearem uma vaga na universidade. Essa é uma responsabilidade da sociedade como um todo, mas, sobretudo, das instituições de ensino superior.</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">BIBLIOGRAFIA:</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">GUIMARÃES, Antonio Sérgio Alfredo. Racismo e anti-racismo no Brasil. São Paulo, Fundação de apoio à Universidade de São Paulo/ Editora 34, 1999.<br />
FERNANDES, Florestan. A Integração do Negro na Sociedade de Classes. São Paulo: Dominus, 1965HASENBALG, Carlos Alfredo. Estrutura Social, mobilidade e raça. Editora Revista dos Tribunais Ltda, São Paulo: Edições Vértice, 1988.<br />
______; DO VALLE SILVA, Nelson. Relações raciais no Brasil contemporâneo. Rio de Janeiro: Rio Fundo Editora/ IUPERJ, 1992.<br />
HOFBAUER, Andréas. Conceito de "Raça" e o ideário do "Branqueamento" no século XIX. Teoria e Pesquisa, São Paulo: Universidade Federal de São Carlos, n. 41- 42, jan./jul. 2003.<br />
KUHN, Thomas S.- A estrutura das revoluções científicas, <a href="http://www.editora/"><span style="color: blue;">www.editora</span></a> perspectiva.com.br. São Paulo, 2003.<br />
LOBATO, Monteiro. A Barca de Gleyre: quarenta anos de correspondência literária entre Lobato e Godofredo Rangel. São Paulo: [s.n.], 1944.<br />
NASCIMENTO, Elisa Larkin. O Sortilégio da cor: identidade, raça e gênero no Brasil. São Paulo: Summus, 2003.<br />
PESSOA, Oswaldo Frota. Raça e eugenia. In: SHWARCZ, Lilia Moritz; QUEIROZ, Renata da Silva (Orgs.). Raça e diversidade. São Paulo: Estação Ciência/ Edusp, 1996.<br />
SCHWARCZ, Lilia Moritz. As teorias raciais, uma construção histórica de finais do século XIX. In: ______; QUEIROZ, Renato da Silva (Orgs.). O contexto brasileiro São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo/ Estação Ciência: Edusp, 1996.<br />
SKIDMORE, Thomas E. Preto no Branco: raça e nacionalidade no pensamento brasileiro. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1976.<br />
SODRÉ, Muniz. Claros e Escuros. Identidade, povo e mídia no Brasil. Petrópolis: Editora Vozes, 1999. </span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">POPPER, Karl R. A Lógica da investigação cientifica. São Paulo, Abril Cultural, 1980.<br />
TELLES, Edward. Repensando as Relações de Raça no Brasil. Teoria e Pesquisa, São Paulo: Universidade Federal de São Carlos, n. 41- 42, jan./jul. 2003.<br />
______. Lei nº 9100 de 19 de setembro de 1995. Trata das eleições municipais de 1996, estabeleceu o percentual mínimo de 20% de candidatas mulheres nas listas dos partidos políticos e coligações. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 12 out. 1995. Disponível em: <<a href="http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/leis/L9100.htm"><span style="color: blue;">http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/leis/L9100.htm</span></a>>. Acesso em: 20 abr. 2005.</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Notas:</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">(1) "A lei nº 9.100/95 expressamente instituiu o percentual mínimo de 20% de mulheres candidatas às eleições municipais do ano de 1996, com o objetivo de aumentar a representação das mulheres nas instâncias de poder. Posteriormente, a lei nº 9.504/97 aumentou o percentual para 30% (ficando definido um mínimo de 25%, transitoriamente, em 1980, estendendo a medida às outras entidades componentes da Federação, e também ampliando em 50% o número de vagas em disputa)." (BELCHIOR, 2006, p. 23). <br />
(2) De acordo com o art. 37, VIII da Constituição Federal, deverá ser reservado um percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência, definindo os critérios de sua admissão.<br />
(3) Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul (UEMS), Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade Estadual do Mato Grosso (UNEMAT), Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), dentre outras.<br />
(4) O autor faz rico levantamento sobre questões sobre como as raças se formam e se desfazem, e sobre eugenia. Ver mais em Schwarcz e Queiroz (1996).<br />
(5) Jean Paul Sartre (1978) fala também da importância de se dar sentidos e significados novos as palavras de acordo com nossos interesses (interesse dos negros) Com relação à palavra "negro" por exemplo, Sartre (op. cit., p. 94) diz: "[...] o negro não pode negar que seja negro ou reclamar para si esta abstrata humanidade incolor: ele é preto. Está pois encurralado na autenticidade: insultado, avassalado, reergue-se, apanha a palavra ‘preto’ que lhe atiram qual uma pedra; reivindica-se como negro, perante o branco, na altivez."<br />
(6) Conforme Costa (2003, p. 45), "[...] o mito que persistiu desde os anos 30 e que parece ir se desconstruindo a partir dos anos 70 é o da brasilidade inclusiva e aberta, capaz de integrar em seu interior harmonicamente as diferenças." <br />
(7) Ver mais em Skidmore (1976, p. 70-80).<br />
(8) Schwarcz (1996) faz um interessante estudo sobre teorias racistas com base em telas a óleo, gravuras, xilogravuras do século XIX. A autora também apresenta as teses da medicina legal de Lombroso, do psiquiatra Nina Rodrigues, dentre outros que, procuraram comprovar que quem apresentava traços negros ao nascer teria tendências a serem bandidos, marginais perigosos, loucos. Essas teorias justificam as idéias de eugenia. <br />
(9) Muniz Sodré (1999), estudando a questão da identidade nacional, fala de uma referência clássica do Abolicionismo, o intelectual Joaquim Nabuco, e de uma afirmação proferida por este, mostrando o nível de eurocentrismo do seu pensamento.<br />
(10) Sodré (op. cit., p. 86) traz afirmação de Monteiro Lobato, segundo ele, um "racista confesso" no qual este revela: "Só a imigração e a conseqüente fusão de sangue superior trará uma aptidão congênita para o progresso." <br />
(11) Sodré (1999) cita inúmeros brasileiros ilustres de todas as áreas que contribuíram com a formação dessa identidade nacional, dentre eles: Nina Rodrigues (psiquiatra), Euclides da Cunha (escritor), Cassiano Ricardo (poeta e escritor), Silvio Romero, Oliveira Viana (sociólogo), Farias Brito (filósofo) entre outros.</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><br />
* Mestra em Educação, UFC</span></div>Revista Literáriahttp://www.blogger.com/profile/10160769599934066285noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5287993549416225045.post-48287832231099956012010-11-20T03:03:00.000-08:002010-11-20T14:40:17.540-08:0020 de Novembro:-Consciência Negra e Consciência Branca<div style="color: #783f04; font-family: Verdana,sans-serif; text-align: center;"><b>A Consciência Negra e minha Consciência Branca</b></div><div style="color: #783f04; font-family: Verdana,sans-serif; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsTn5cB2zLbYd5ivoQY80ZhW0DSDGy4LknrLfEBm6occocoephJRyf89Q3PXHyLWD9Upm6pJxsA8JGvn4cxEJbABuwAAnc2M5hHgL2UirGf5SJXPdVKM_dfAOLD_yztVcykHng2yneY7nF/s1600/igualdade-racial.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsTn5cB2zLbYd5ivoQY80ZhW0DSDGy4LknrLfEBm6occocoephJRyf89Q3PXHyLWD9Upm6pJxsA8JGvn4cxEJbABuwAAnc2M5hHgL2UirGf5SJXPdVKM_dfAOLD_yztVcykHng2yneY7nF/s400/igualdade-racial.jpg" width="400" /></a></div><div style="color: #783f04; font-family: Verdana,sans-serif; text-align: center;"><br />
</div><div></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: center;"><span style="font-size: small;"><b><span style="color: #783f04;">Cara a Cara com o Racismo</span></b></span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Ao falarmos em Racismo pensamos de pronto em atos de violência física, agressões verbais, hostilidades explícitas em relação ao outros [s] de origens raciais distintas das nossas.</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Tais comportamentos representam os extremos da conduta racista , fatos que repudiamos, e provocam revolta e indignação, todavia, este o Racismo que se coloca explicito diante de nós, ainda que bárbaro ,é tão somente a sua manifestação pública. O Racismo tem dimensões mais amplas e de forma silenciosa permeia nosso dia a dia ,subliminarmente, em muitos atos – aparentemente inócuos , mas que provocam e estimulam a exclusão de uma grande maioria de cidadãos ,simplesmente por sua origem racial.</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Em verdade, devemos reconhecer que o caminho a trilhar no combate a discriminação ainda é longo, e não basta nosso repúdio calado para extinguir de forma definitiva todas as ações racistas que reinam no Brasil . É preciso mais, urge avançar com passos firmes contra todo tipo de discriminação. O fenômeno exige políticas e estratégias que fomentem a Igualdade , sem retóricas populistas, sem falsetes políticos, que apenas mascaram uma proposição efêmera de promover a Igualdade. </span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Carecemos sim, de construir consciências individuais e coletivas, capazes de lutar pela conquista da Igualdade de fato e de direito, lavando e enxaguando a Máscara do Racismo, maquiada na face de considerável parcela da sociedade:- primitiva e xenofóbica.</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Que as Instituições de Ensino atuem neste mister, que o Governo se posicione agressivamente com metas consistentes, que cada Indivíduo seja ator nesta empreitada de construir um Mundo Novo, onde todos possamos vivenciar nossos Direitos Constitucionais, e a plena Cidadania seja verdade :-para mim, para você, para todos, independente de Classes, Credos ou Etnias.</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Construindo este novo cenário social, seremos capazes de vivenciar a Fraternidade, o Respeito Mútuo, e a Igualdade nas relações sociais. </span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Que sejam banidas e severamente punidas as ações excludentes e abjetas-vigentes, a enlamear a Cara do Brasil.</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b><span style="font-size: small;">Legitimar a Igualdade é dever de todos, é o alicerce magno para construção de nossa condição de Humanos.</span></b></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b><span style="font-size: small;"><span style="line-height: 115%;">Nesta data emblemática, ergo aos céus uma prece:</span></span></b></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b><span style="font-size: small;"><span style="line-height: 115%;"> -Que Deus perdoe nossa torpe ignorância branca!</span></span></b></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="color: #7f6000; font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjkxMdk8djAUm196ebZ0MXVW3cHW4FY22lNuripJkLdUc72T7UvdF978euooiVEW_FjVuw9lDzVwDf-NuNpFPuhHA_Og6LrHS9sU2Ms83b4yxthSKR8Ow4ekgGLyPqQlZEE2QxRCN0vL_Wf/s1600/ana_merij+c%25C3%25B3pia.gif" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjkxMdk8djAUm196ebZ0MXVW3cHW4FY22lNuripJkLdUc72T7UvdF978euooiVEW_FjVuw9lDzVwDf-NuNpFPuhHA_Og6LrHS9sU2Ms83b4yxthSKR8Ow4ekgGLyPqQlZEE2QxRCN0vL_Wf/s1600/ana_merij+c%25C3%25B3pia.gif" /></a></div><b><span style="font-size: small;"><span style="line-height: 115%;">anadeabrãomerij</span></span></b></div><div class="MsoNormal" style="color: #7f6000; font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b><span style="font-size: small;"><span style="line-height: 115%;">[Brasileira-filha das Minas Gerais, Professora Universitária, Fundadora e Editora de Literacia] </span></span></b></div><div class="MsoNormal" style="color: #7f6000; font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b><span style="font-size: small;"><span style="line-height: 115%;"><br />
</span></span></b></div><div class="MsoNormal" style="color: #7f6000; font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="MsoNormal" style="color: #7f6000; font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><a href="http://literaciarevistacultural.blogspot.com/"><b><span style="font-size: small;"><span style="line-height: 115%;"> Retornar...</span></span></b></a></div>Revista Literáriahttp://www.blogger.com/profile/10160769599934066285noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5287993549416225045.post-57490820209537535532010-11-19T01:19:00.000-08:002010-11-20T08:25:39.336-08:00<div style="color: #783f04; font-family: Verdana,sans-serif; text-align: center;"><span style="font-size: small;"><b><span class="FonteSite">Zumbi, Comandante Guerreiro da Democracia</span></b></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: small;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiH_MxznBk1PWR5p6wy7dO6wJJAzmpmkMSWS8OuWR6lcxcH_74P177msyhAEN4qBHEI_OzYx3iHhu1eU7vksaKXKVUoxDAXOna31IHyOGXBuBu3FLT1KyOt-kG_rU6-UB_LA76CsheR89ne/s1600/zumbiesta.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiH_MxznBk1PWR5p6wy7dO6wJJAzmpmkMSWS8OuWR6lcxcH_74P177msyhAEN4qBHEI_OzYx3iHhu1eU7vksaKXKVUoxDAXOna31IHyOGXBuBu3FLT1KyOt-kG_rU6-UB_LA76CsheR89ne/s640/zumbiesta.jpg" width="320" /></a></span></div></div><div align="justify" class="MsoNormal" style="color: #783f04; font-family: Verdana,sans-serif; margin: 0pt; text-align: center;"><span style="font-size: small;"><b><br />
</b></span></div><div align="justify" class="MsoNormal" style="color: #783f04; font-family: Verdana,sans-serif; margin: 0pt;"><span style="font-size: small;"><b><br />
</b></span></div><div align="justify" class="MsoNormal" style="color: #783f04; font-family: Verdana,sans-serif; margin: 0pt; text-align: right;"><span style="font-size: small;"><b>Oscar Henrique Cardoso (*)</b></span></div><div align="justify" class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; margin: 0pt;"><span style="font-size: small;"><br />
</span></div><div align="justify" class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; margin: 0pt;"><span style="font-size: small;"><br />
</span></div><div align="justify" class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; margin: 0pt;"><span style="font-size: small;">Me chamou a atenção ao verificar a postagem de um internauta falando sobre o que ele sabia ou pensava sobre Zumbi dos Palmares. A referência feita por este brasileiro, usuário da Internet, me fez pensar em um detalhe que pode ainda mais reforçar a importância de Zumbi dos Palmares na construção da história democrática brasileira. O fato citado por ele fez referência a Zumbi como o primeiro "líder socialista de fato que o Brasil já conheceu".</span></div><div align="justify" class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; margin: 0pt;"><span style="font-size: small;"><br />
</span></div><div align="justify" class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; margin: 0pt;"><span style="font-size: small;">Zumbi dos Palmares não só foi o comandante guerreiro, o líder da resistência dos quilombolas de Palmares. Zumbi dos Palmares implantou na Serra da Barriga um modelo social o qual todos nós perseguimos: um modelo social que proporciona a todos os cidadãos a divisão compartilhada da produção e das riquezas, o debate democrático sobre os destinos de uma comunidade e também a auto-estima dos seus moradores. No caso que falo, os quilombolas que se abrigavam em Palmares tinham orgulho de lutar por um ideal de liberdade, contra a escravidão e o domínio imperialista da coroa portuguesa. </span></div><div align="justify" class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; margin: 0pt;"><span style="font-size: small;"><br />
</span></div><div align="justify" class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; margin: 0pt;"><span style="font-size: small;">Palmares não está somente viva nos livros históricos e também viva na Serra da Barriga, a qual inúmeros peregrinos e militantes do Movimento Negro subiram no último dia 20 de Novembro. Zumbi foi o líder de uma revolução social a qual todos nós sonhamos. Uma revolução que não queremos que se faça pelas armas, mas sim pela construção de um processo cidadão, o qual dê aos negros brasileiros e aos mestiços, o direito de nascer, crescer, viver e morrer em um país digno. Digno por cada um de nós ver resultados concretos e efetivos nos sistemas públicos de saúde, educação, moradia e trabalho e renda. </span></div><div align="justify" class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; margin: 0pt;"><span style="font-size: small;"><br />
</span></div><div align="justify" class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; margin: 0pt;"><span style="font-size: small;">A nação que Zumbi construiu em Palmares foi em minha opinião, sem dúvida, um modelo de sociedade democrática e igual. Fugitivos das senzalas encontravam em Palmares um espaço para desenvolver sua formação cidadã. Uma construção democrática coletiva, onde o direito de ser e de viver era plenamente respeitado. Uma antítese aos tempos de escravidão. </span></div><div align="justify" class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; margin: 0pt;"><span style="font-size: small;"><br />
</span></div><div align="justify" class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; margin: 0pt;"><span style="font-size: small;">O gosto de ver nas ruas deste país a celebração da população negra em razão ao dia 20 de Novembro me faz promover a seguinte leitura. Nós negros queremos ver a sociedade que Zumbi constituiu no Quilombo de Palmares implantada. Nossa população, jovem ou mais velha, ainda deseja assistir a uma partilha de bens iguais dentro de nossa sociedade. Partilhar bens se reflete em dar acesso a negros, pardos e mestiços uma educação de qualidade, a um serviço de saúde que contemple as nossas especificidades raciais e a um pleno desenvolvimento de trabalho e renda para os negros que vivem no campo e nas grandes cidades. </span></div><div align="justify" class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; margin: 0pt;"><span style="font-size: small;"><br />
</span></div><div align="justify" class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; margin: 0pt;"><span style="font-size: small;">Nosso herói Zumbi dos Palmares não foi só um herói abolicionista. Foi também o herói de toda uma parcela da nação brasileira que não concordava com a escravidão imposta pela coroa portuguesa. O sonho de liberdade que Zumbi implantou na Serra da Barriga era também o sonho de inúmeros abolicionistas, que desfilavam em meio à aristocracia o desejo de ver o fim da chibata. Hoje os negros brasileiros esperam derrubar uma versão moderna da chibata. A versão da invisibilidade. </span></div><div align="justify" class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; margin: 0pt;"><span style="font-size: small;"><br />
</span></div><div align="justify" class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; margin: 0pt;"><span style="font-size: small;">A luta é árdua, mas estamos conseguindo começar a nos organizar para deixar para as novas gerações os ideais de igualdade e democracia que foram perseguidos por Zumbi dos Palmares. Ele foi um herói de verdade. Ele fez no seu quilombo o Brasil que todos nós sonhamos. Verdadeiramente Zumbi foi o nosso herói, pois deu sua vida pela igualdade racial e social em um Brasil Colônia que era explorado e usurpado de suas riquezas. </span></div><div align="justify" class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; margin: 0pt;"><span style="font-size: small;"><br />
</span></div><div align="justify" class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; margin: 0pt;"><span style="font-size: small;">Ao voltar a falar sobre este mail que declarava Zumbi como o primeiro líder socialista já conhecido de fato pelo Brasil, me faz acreditar que a importância de Zumbi em nossa história foi muito maior do que simplesmente lembrar dele como mártir. Zumbi foi construtor, mesmo que por um curto espaço de tempo, de um Brasil para o futuro. Um país onde todos sonhamos que um dia existirá. Nosso compromisso é trabalhar para que a imagem de Zumbi dos Palmares não fique configurada apenas nos livros didáticos como mais um herói. Este negro guerreiro deve sim ser lembrado como um cidadão pleno, um empreendedor, construtor de um quilombo que serviu não só de resistência à escravidão. Palmares foi sim o nosso primeiro modelo e exemplo de sociedade democrática, onde todos os fugitivos e não fugitivos exerciam a plenitude da democracia. </span></div><div align="justify" class="MsoNormal" style="border: medium none; font-family: Verdana,sans-serif; margin: 0pt; padding: 0pt;"><span style="font-size: small;"><br />
</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"> <div align="justify" class="MsoNormal" style="margin: 0pt;"><br />
(*) Oscar Henrique Cardoso, natural de Porto Alegre/RS é jornalista, radialista e atual assessor de Comunicação Social da Fundação Cultural Palmares/Ministério da Cultura, em Brasília/DF. È responsável pela execução de projetos em Comunicação Social junto ao Governo Federal, voltados para a cultura e a história afro-brasileira. Edita o Portal da FCP/MinC e o blog <i>A CASA DO OSCAR.</i><br />
<br />
</div><div align="justify" class="MsoNormal" style="margin: 0pt;"></div><div align="justify" class="MsoNormal" style="margin: 0pt;"></div></span> </div><div align="center" style="color: #783f04; font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><b>Palmares - Passado e Presente</b></span><br />
<span style="font-size: small;"><b> </b></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: small;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjW-e1e70KjWCXN6ll8OCnlMgyzt38VX63cyZCoTXPNi0vLK7FBP3HjUJ5vqbp-UIK1urIrbb7F6z_HhiHasKF6DgofcWRCOJ8Qlt1ui_u_xgRahTnIBSdPxaAZ77NWdG61IiVvzSS04jru/s1600/Quilombo_dos_Palmares.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjW-e1e70KjWCXN6ll8OCnlMgyzt38VX63cyZCoTXPNi0vLK7FBP3HjUJ5vqbp-UIK1urIrbb7F6z_HhiHasKF6DgofcWRCOJ8Qlt1ui_u_xgRahTnIBSdPxaAZ77NWdG61IiVvzSS04jru/s640/Quilombo_dos_Palmares.jpg" width="552" /></a></span></div><br />
<span style="font-size: small;"><b><br />
A Relação Afetiva entre o Homem e a Mulher na Poesia dos Cadernos Negros</b></span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: small;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidJo-qv0ENXHyDa4nHJaJ7gWX4PWED8JjfvckJus9k8L4OOfJdHSz4wYpaJliG3Tq1Z_an0lpFajieH2yhXbQX_pPHpsj4juJS03ImcNbLikbzrcp636hno3Fhde49UHNYdj38MKPaws6b/s1600/CadernosNegros-+Black+notebooks.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidJo-qv0ENXHyDa4nHJaJ7gWX4PWED8JjfvckJus9k8L4OOfJdHSz4wYpaJliG3Tq1Z_an0lpFajieH2yhXbQX_pPHpsj4juJS03ImcNbLikbzrcp636hno3Fhde49UHNYdj38MKPaws6b/s400/CadernosNegros-+Black+notebooks.jpg" width="306" /></a></span></div></div><div style="color: #783f04; font-family: Verdana,sans-serif; text-align: right;"><span style="font-size: small;"><b>Esmeralda Ribeiro</b></span></div><blockquote style="font-family: Verdana,sans-serif;"><div align="justify"><span style="font-size: small;"> Segundo o historiador Décio Freitas, no Quilombo dos Palmares "a insuficiência de mulheres gerou conflitos violentos, às vezes sangrentos, em torno da posse de mulheres. Para preservar a coesão social, instituiu-se o casamento poliândrico. União da mulher com até cinco maridos, todos viviam no mesmo espaço físico, no mesmo Mocambo". </span><br />
<span style="font-size: small;"> É consensual a opinião sobre a existência de uma diferença em relação a como o homem e a mulher contemporâneos encaram a relação afetiva amorosa e, mesmo que o amor não esteja ligado exclusivamente ao casamento, a situação de escassez de mulheres é elucidativa. Podemos partir daí, dando ênfase para a situação de casamento poliândrico em Palmares, para tentar pensar como esse relacionamento afetivo amoroso mais desreprimido se refletiria hoje na poética feminina e masculina. </span><br />
<span style="font-size: small;"> A poesia é o melhor instrumento para polarizarmos entre o passado e o presente porque:</span><br />
<span style="font-size: small;">"O poeta vê a própria interioridade na qual se reflete, retrata o mundo", afirma o escritor e jornalista Fernando Paixão.</span></div><div align="justify"><span style="font-size: small;"> Relendo as poesias dos Cadernos Negros tive algumas inquietações: quem com esse passado acumulado mostra na poesia uma afetividade prazerosa? E, quem, afetivamente, desceu o "morro", isto é, quem em seus poemas não reflete a afetividade que os Palmarinos devem ter possuído? É o escritor ou a escritora negra?</span></div><div align="justify"><span style="font-size: small;"><br />
</span></div></blockquote><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; font-family: Verdana,sans-serif; text-align: center;"><span style="font-size: small;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKUsG5HkkhdiCuN-VY2ycNVGHe_7KasnRfRdl5mu79cA6QwIrMVeDjXSuAyuhCMcYsuTkkmgn0qGMuRdjHL1gTF8g08belCdxDe-tO_I-iPI2kVFIQN87062W10czYIGBALGVFZQZap_Os/s1600/escrava.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKUsG5HkkhdiCuN-VY2ycNVGHe_7KasnRfRdl5mu79cA6QwIrMVeDjXSuAyuhCMcYsuTkkmgn0qGMuRdjHL1gTF8g08belCdxDe-tO_I-iPI2kVFIQN87062W10czYIGBALGVFZQZap_Os/s320/escrava.jpg" width="320" /></a></span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br />
</div><blockquote style="font-family: Verdana,sans-serif;"><div align="justify"><span style="font-size: small;"> Na poética amorosa masculina é forte a imagem da sedução, da afetividade. Amor e erotismo se fundem numa coisa só: </span></div><blockquote><blockquote><blockquote><div align="justify"><span style="font-size: small;">BENÇÃO DAS ÁGUAS</span><br />
<span style="font-size: small;"><br />
</span><br />
<span style="font-size: small;">Deveria ser pleno</span><br />
<span style="font-size: small;">é mínimo</span><br />
<span style="font-size: small;">cinza</span><br />
<span style="font-size: small;">úmido</span><br />
<span style="font-size: small;">no ápice de um feriado</span><br />
<span style="font-size: small;">um dia nublado</span><br />
<span style="font-size: small;"><br />
</span><br />
<span style="font-size: small;">A plenitude por dentro</span><br />
<span style="font-size: small;">desejo</span><br />
<span style="font-size: small;">o que eu queria</span><br />
<span style="font-size: small;">surpresa</span><br />
<span style="font-size: small;">o sol não veio</span><br />
<span style="font-size: small;">e ganho a benção que chove</span><br />
<span style="font-size: small;"><br />
</span><br />
<span style="font-size: small;">Deusa das águas, ela deixa o chuveiro</span><br />
<span style="font-size: small;">e se instala na sala de minha retina</span><br />
<span style="font-size: small;">ela e sua toalha-turbante</span><br />
<span style="font-size: small;">perfeita sereia mesmo longe d'areia</span></div><div align="justify"><span style="font-size: small;">Que sorte eu aqui tão perto</span><br />
<span style="font-size: small;">no meio do dia e das águas nubladas</span><br />
<span style="font-size: small;">a sedução ao vivo</span><br />
<span style="font-size: small;">lábios</span><br />
<span style="font-size: small;">olhos</span><br />
<span style="font-size: small;">a tez</span><br />
<span style="font-size: small;">e o verdejante turbante</span><br />
<span style="font-size: small;">coquetel de cores</span><br />
<span style="font-size: small;">tesão por todos os poros</span><br />
<span style="font-size: small;">no mínimo, o máximo</span><br />
<span style="font-size: small;">domingo total</span><br />
<span style="font-size: small;">no qual mergulhei de cabeça. </span><br />
<span style="font-size: small;"> <i>(Jamu Minka, in Cadernos negros 19)</i></span></div></blockquote></blockquote></blockquote><div align="justify"><span style="font-size: small;"> A metáfora Sereia ilustra bem o poder de sedução que a mulher exerce sobre o homem. A excitação sugere a iminência do ato sexual. Ele está disposto a se entregar de corpo e alma. Na poética masculina o desejo do "amor infinito" é colocado sem nenhum pudor no papel:</span></div><blockquote><blockquote><blockquote><div align="justify"><span style="font-size: small;">CANTO À AMADA </span><br />
<span style="font-size: small;"><br />
</span><br />
<span style="font-size: small;">Não fosse sua boca um luar</span><br />
<span style="font-size: small;">E seus olhos</span><br />
<span style="font-size: small;">Cintilantes estrelas</span><br />
<span style="font-size: small;">Não fossem suas mãos</span><br />
<span style="font-size: small;">Perfumadas pétalas</span><br />
<span style="font-size: small;">E teus braços</span><br />
<span style="font-size: small;">Um leito acolhedor</span><br />
<span style="font-size: small;">Não fosse sua vida minha vida</span><br />
<span style="font-size: small;">E teu corpo minha inspiração</span><br />
<span style="font-size: small;">Ainda assim te adoraria</span><br />
<span style="font-size: small;">E te chamaria: meu amor</span><br />
<span style="font-size: small;">Pois a ti eu pertenço</span><br />
<span style="font-size: small;">Como a própria pele... </span><br />
<span style="font-size: small;"> <i>(Márcio Barbosa, in Cadernos negros 5 )</i></span></div></blockquote></blockquote></blockquote><div align="justify"><span style="font-size: small;"> "As oferendas", "os cantos", dão metaforicamente a sensação de que eles nunca estão sós. Para isso regam a planta do amor: para que se enraíze em seus corações:</span></div><blockquote><blockquote><blockquote><div align="justify"><span style="font-size: small;">OFERENDA PARA A MINHA AMADA</span><br />
<span style="font-size: small;"><br />
</span><br />
<span style="font-size: small;">O vento soprou uma semente</span><br />
<span style="font-size: small;">leve como uma pluma</span><br />
<span style="font-size: small;">linda como uma estrela!</span></div><div align="justify"><span style="font-size: small;">E ela caiu e penetrou de mansinho</span><br />
<span style="font-size: small;">nas terras desertas do meu coração</span></div><div align="justify"><span style="font-size: small;">No meu peito nasceu uma planta</span><br />
<span style="font-size: small;">que está crescendo lentamente</span></div><div align="justify"><span style="font-size: small;">E todas as manhãs</span><br />
<span style="font-size: small;">eu a rego carinhosamente</span><br />
<span style="font-size: small;">com sonhos e atitudes</span><br />
<span style="font-size: small;"><br />
</span><br />
<span style="font-size: small;">Sinto a cada dia que passa</span><br />
<span style="font-size: small;">que as raízes</span><br />
<span style="font-size: small;">penetram mais fundo</span><br />
<span style="font-size: small;">na medula do meu ser</span></div><div align="justify"><span style="font-size: small;">Levando-me a cantar com alegria</span><br />
<span style="font-size: small;">porque é grande a magia</span><br />
<span style="font-size: small;">que está encantando o meu viver!</span></div><div align="justify"><span style="font-size: small;">E aguardando ansioso</span><br />
<span style="font-size: small;">o tempo da colheita</span><br />
<span style="font-size: small;">no "sim" do teu coração</span><br />
<span style="font-size: small;"><br />
</span><br />
<span style="font-size: small;">Passo dias e noites torcendo</span><br />
<span style="font-size: small;">que flores e frutos brotem</span><br />
<span style="font-size: small;">para ofertá-los a ti, Vida </span><br />
<span style="font-size: small;"> <i>(Oubi Inaê Kibuko, in Cadernos negros 7)</i></span></div></blockquote></blockquote></blockquote></blockquote><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; font-family: Verdana,sans-serif; text-align: center;"><span style="font-size: small;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqAwFwUU_Cf-nhBtBMwvCYenUfG8WIeXdM3SEnQBK5ww-fN_mAbyN2ruONYUX004ZlKgTrusPQ4zOWcJMxUUaFwYltpZCcfTsrf8GXkFAi7h0M1u9IUA3vd6vKxwTHe5xXw-OaWVfxDJow/s1600/escravo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqAwFwUU_Cf-nhBtBMwvCYenUfG8WIeXdM3SEnQBK5ww-fN_mAbyN2ruONYUX004ZlKgTrusPQ4zOWcJMxUUaFwYltpZCcfTsrf8GXkFAi7h0M1u9IUA3vd6vKxwTHe5xXw-OaWVfxDJow/s320/escravo.jpg" width="225" /></a></span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br />
</div><blockquote style="font-family: Verdana,sans-serif;"><div align="justify"><span style="font-size: small;"> Na poética feminina negra a afetividade caminha junto com a dor. A escritora trabalha com o sentimento do "infinito enquanto dure", embora ela não se entregue de corpo e alma. A porta da emoção precisa ser aberta. Ela dificilmente cultua no poema a imagem do homem que a seduz. Se o cheiro dele agradar, ele vem e jazz... Mas a porta da emoção continua fechada, então ela o deixará escapar entre os dedos. Seria como apanhar a água do rio com as mãos:</span></div></blockquote><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br />
</div><blockquote style="font-family: Verdana,sans-serif;"><blockquote><blockquote><blockquote><div align="justify"><span style="font-size: small;">FLUIDA LEMBRANÇA </span><br />
<span style="font-size: small;"><br />
</span><br />
<span style="font-size: small;">No líquido do copo</span><br />
<span style="font-size: small;">entorno a sua fluida</span><br />
<span style="font-size: small;">lembrança.</span><br />
<span style="font-size: small;">Bebo aos goles</span><br />
<span style="font-size: small;">o seu doce caldo</span><br />
<span style="font-size: small;">armazenado e curtido</span><br />
<span style="font-size: small;">em minha memória</span><br />
<span style="font-size: small;">e, quando depois</span><br />
<span style="font-size: small;">me erro nos passos</span><br />
<span style="font-size: small;">inebriada dos meus enganos</span><br />
<span style="font-size: small;">toco o vazio de sua ausência</span><br />
<span style="font-size: small;">percebendo, então</span><br />
<span style="font-size: small;">que você me escorre dos sonhos</span><br />
<span style="font-size: small;">Tal qual a baba indomável</span><br />
<span style="font-size: small;">que da boca do bêbado sonolento</span><br />
<span style="font-size: small;">escapa. </span><br />
<span style="font-size: small;"> <i> (Conceição Evaristo, in Cadernos negros 18)</i></span></div></blockquote></blockquote></blockquote><div align="justify"><span style="font-size: small;">Ela impõe limites, porém o homem que conseguir ultrapassar esses limites vai encontrar uma mulher que expõe a sua solidão:</span></div><blockquote><blockquote><blockquote><div align="justify"><span style="font-size: small;">LIMITES</span><br />
<span style="font-size: small;"><br />
</span><br />
<span style="font-size: small;">Abro as minhas portas e</span><br />
<span style="font-size: small;">a conformidade das suas coisas vem</span><br />
<span style="font-size: small;">numa adequação de causa e efeito.</span><br />
<span style="font-size: small;">Fecho minhas portas e </span><br />
<span style="font-size: small;">confusamente, as suas coisas vão</span><br />
<span style="font-size: small;">numa inadequação de solidão e desrespeito</span><br />
<span style="font-size: small;">Diante das inconformidades das minhas coisas.</span><br />
<span style="font-size: small;"> <i> (Regina Helena, in Cadernos negros 9) </i></span></div></blockquote></blockquote></blockquote><div align="justify"><span style="font-size: small;"> Quando o homem abre a porta da emoção - e por insensatez deixa marcas, sofrimentos, - se ele retornar é para fechar as feridas. Daí ele descobrirá que ela não havia dado todas as chaves para ele:</span></div><blockquote><blockquote><blockquote><div align="justify"><span style="font-size: small;">...NO REGRESSO </span><br />
<span style="font-size: small;"><br />
</span><br />
<span style="font-size: small;">No dia em que retornares</span><br />
<span style="font-size: small;">provavelmente me encontrarás</span><br />
<span style="font-size: small;">entre a pia e o fogão.</span><br />
<span style="font-size: small;">Antes que tua boca te anuncie,</span><br />
<span style="font-size: small;">procurarei retirar a gordura densa</span><br />
<span style="font-size: small;">nas banheiras anunciadas na tevê.</span><br />
<span style="font-size: small;">Usarei o xampu que dará</span><br />
<span style="font-size: small;">mobilidade aos meus cabelos</span><br />
<span style="font-size: small;">farei teatro em tua presença.</span><br />
<span style="font-size: small;">Te convencerei de que minha disposição</span><br />
<span style="font-size: small;">é a mesma, te envolverei de tal forma...</span><br />
<span style="font-size: small;">farei morrer de inveja a melhor das atrizes.</span><br />
<span style="font-size: small;">Carregarei de ternura o teu coração</span><br />
<span style="font-size: small;">quero que me embales!</span><br />
<span style="font-size: small;">Deixarei deitares teus lábios nos meus</span><br />
<span style="font-size: small;">grossos e banhados em veneno doce</span><br />
<span style="font-size: small;">farei com que bebas através deles minha alma</span><br />
<span style="font-size: small;">e que nos consumamos os dois</span><br />
<span style="font-size: small;"><br />
</span><br />
<span style="font-size: small;">Te carregarei para o inferno</span><br />
<span style="font-size: small;">em que minha vida transformaste.</span><br />
<span style="font-size: small;"> <i>(Sônia Fátima, in Cadernos negros 19)</i></span></div></blockquote></blockquote></blockquote></blockquote><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; font-family: Verdana,sans-serif; text-align: center;"><span style="font-size: small;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVScf_va9-ksu2C6BqBYTGB1llYraBvjoVixf_U1aWpBsy2A_Ap8Q1t_u5-kGXsfamazK3bU6DY7W-N86_o3nGDu3SdkB7-AeqNXkAw05hyphenhyphenf9LFMxN31Uc1Y1HcduLoQ-gp-cVKFQN1YmM/s1600/mulher-africana-isabelle-vital.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVScf_va9-ksu2C6BqBYTGB1llYraBvjoVixf_U1aWpBsy2A_Ap8Q1t_u5-kGXsfamazK3bU6DY7W-N86_o3nGDu3SdkB7-AeqNXkAw05hyphenhyphenf9LFMxN31Uc1Y1HcduLoQ-gp-cVKFQN1YmM/s200/mulher-africana-isabelle-vital.jpg" width="200" /></a></span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br />
</div><blockquote style="font-family: Verdana,sans-serif;"><div align="justify"><span style="font-size: small;"> Há muito a pesquisar, mas na poética afetiva masculina a porta está sempre aberta, o poeta diz "ela me seduz, vou mergulhar de cabeça, vou pertencer a ela como a própria pele, vou regar o amor todos os dias", mostrando a dualidade força/fragilidade. Isso nos remete a Palmares. Os homens eram fortes enquanto guerreiros. Mas lá talvez houvesse a fragilidade afetiva porque, para ter uma mulher ao lado, eram levados a conflitos sangrentos pela pose da amada.</span></div><div align="justify"><span style="font-size: small;"> </span></div><div align="justify"><span style="font-size: small;"> A presença da mulher deu estabilidade social e familiar a Palmares. As condições sociais foram responsáveis pela implantação do modelo de família poliândrica. A consequência desse modelo deve ter sido, para a mulher, uma certa "liberdade amorosa", de poder estar com dois, três ou até cinco homens vivendo sob o mesmo teto. Como afirma Décio Freitas, "os homens eram obedientes à mulher, que mandava em sua vida e no trabalho". </span></div><div align="justify"><span style="font-size: small;"> Concluo que essa condição possibilitou à mulher Palmarina viver uma vida de prazer relativo, apesar do estado permanente de guerra contra os senhores de escravos. A mulher Palmarina pôde escolher com qual dos parceiros ela teria os seus filhos, pôde escolher, entre os parceiros, aquele que a levaria ao desejo de na cama colar em seu corpo como tatuagem, numa harmonia de corpos, aquele que a levaria de colo para uma infinita paixão. Na afetividade amorosa era a mulher Palmarina que tinha todas as armas e também o poder de seduzir e de querer ser seduzida. Mas a poética feminina não herdou nada dessa "liberdade amorosa" de suas ancestrais nos textos. Destruíram Palmares e destruíram também seu prazer amoroso. A poética feminina não tem nada a ver com o que deve ter sido o passado histórico afetivo das mulheres Palmarinas. Agora a história é outra. O sentimento militante feminista predomina em sua poética. Ela deixa bem explícito que as portas não estão mais abertas. Seus sentimentos estão sempre em guarda. É preciso saber tocar o interfone dos sentimentos. Ela avisa ao homem que ele não encontrará uma mulher submissa e sim uma mulher que decide pelo seu próprio corpo, uma mulher que decide sobre suas vontades. Ela falará tudo isso de uma forma dura e às vezes fria, são poucos os poemas nos quais o homem a seduz. Pode-se citar uma raridade. Um poema sem título:</span></div></blockquote><blockquote style="font-family: Verdana,sans-serif;"><blockquote><blockquote><blockquote><div align="justify"><span style="font-size: small;">Meu Zumbi</span><br />
<span style="font-size: small;">De corpo suado</span><br />
<span style="font-size: small;">De olhos meigos e doces</span><br />
<span style="font-size: small;">De boca ardente...</span><br />
<span style="font-size: small;">Nenhuma paisagem se iguala</span><br />
<span style="font-size: small;">à visão que tenho de você</span><br />
<span style="font-size: small;">Explosão de raça em forma de ser</span><br />
<span style="font-size: small;">o que mais quero:</span><br />
<span style="font-size: small;">Entrelaçar nossas peles retintas</span><br />
<span style="font-size: small;">Me animar de vida,</span><br />
<span style="font-size: small;">Buscar meu céu em sua terra</span><br />
<span style="font-size: small;">Saciar minha sede de mel em seu mistério.</span></div><div align="justify"><span style="font-size: small;">Tatuar-te em meu corpo</span><br />
<span style="font-size: small;">para ter a certeza de tê-lo</span><br />
<span style="font-size: small;">preso-colado-filtrado em mim</span><br />
<span style="font-size: small;">na própria pele</span><br />
<span style="font-size: small;">rasgando a epiderme</span><br />
<span style="font-size: small;">que nem laser apaga</span><br />
<span style="font-size: small;">que aos poucos me rasga</span><br />
<span style="font-size: small;">e se fixa e me marca</span><br />
<span style="font-size: small;">num uno indivisível</span><br />
<span style="font-size: small;"> <i>(Lia Vieira, in Cadernos negros 15) </i></span></div></blockquote></blockquote></blockquote><div align="justify"><span style="font-size: small;"> No geral, a mulher desceu do "morro", porque Amor romântico não combina com feminismo. A todo momento ela tem que mostrar poeticamente que é forte, só os fortes ganham a batalha, ganham o poder. Ela não permite expor seus desejos românticos sobre uma folha de papel. Está ocorrendo uma inversão de papéis, agora os homens são escassos, são as mulheres que, metaforicamente, têm de guerrear para ter um parceiro, talvez seja por isso que, na poética feminina, a dor e solidão são retratadas constantemente. Ao mesmo tempo em que ela quer ter um parceiro, ela também quer medir forças com ele. Ela não abaixa as guardas, é um elo que não se quebra. Poeticamente são os homens que querem um relacionamento duradouro, eterno e as mulheres um amor infinito, nem que seja por um dia ou por alguns segundos.</span><br />
<span style="font-size: small;"><br />
</span><br />
<span style="font-size: small;"> Para terminar: a poética masculina continua na Serra da Barriga, eles herdaram dos seus ancestrais o deleite, sentem o prazer pela amada com tanta intensidade como em Palmares. Quem sabe por ter que dividir com outros homens a atenção da mesma mulher, seu amor expresso na poesia é harmonioso, um amor na mesma sintonia, é constante a imagem de rolar na cama, chegando ao êxtase total. Amar é bom demais e por isso eles realizam, concretizam no papel, lindíssimos poemas de amor.</span></div><div align="justify"><span style="font-size: small;">***</span></div><div align="justify"><span style="font-size: small;"><i>Esmeralda Ribeiro</i> <i>é escritora, jornalista e faz parte do Quilombhoje desde 1982. Tem atuado no sentido de incentivar a participação da mulher negra na literatura. Publicou "Malungos & Milongas", conto, em 1988. Tem poemas e contos publicados em diversas antologias no Brasil e no exterior.</i></span></div><div align="justify"><span style="font-size: small;"><br />
</span><br />
<span style="font-size: small;">Bibliografia Citada</span></div><div align="justify"><span style="font-size: small;">Cadernos Negros 5 (org. Cuti). São Paulo: Ed. dos Autores, 1982 (poemas) </span></div><div align="justify"><span style="font-size: small;">Cadernos Negros 7, 9, 13 e 15 (org. Quilombhoje). São Paulo: Ed. dos Autores, 1984, 1986, 1990 e 1992 (poemas).</span></div><div align="justify"><span style="font-size: small;">Cadernos Negros 19 (org. Quilombhoje). São Paulo: Quilombhoje: Ed. Anita, 1996 (poemas).</span></div><div align="justify"><span style="font-size: small;">FREITAS, Décio. Palmares - a guerra dos escravos. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1982.</span></div><div align="justify"><span style="font-size: small;">PAIXÃO, Fernando. O que é poesia. São Paulo: Brasiliense, 1982. </span></div></blockquote><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br />
</div><div style="color: #783f04;"><a href="http://literaciarevistacultural.blogspot.com/"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Retornar... </span></span></a></div>Revista Literáriahttp://www.blogger.com/profile/10160769599934066285noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5287993549416225045.post-58841162037255194872010-11-14T04:34:00.000-08:002010-11-20T01:18:49.832-08:0020 de Novembro -Dia Nacional da Consciência Negra<div id="HOTWordsTxt" name="HOTWordsTxt" style="text-align: justify;"><div style="text-align: center;"></div><div style="color: #783f04; text-align: center;"><span style="font-family: Verdana;"><span style="font-size: x-small;"><b><span style="font-size: small;">Zu</span><span style="font-size: small;">mbi dos Palmares, o maior ícone da resistência negra ao escravismo no Brasil</span></b></span></span></div><div style="color: #783f04; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQtP0ImoEwtkQ0aKPEbYeiFMfnT0dK_fiUMizHJO_xc02ceIKFET1qfjRu-QfIR_0ahqi1yQhLyzubP4OLjgcDQR7aiM4yVrElOW1FTzYZEwGltxJ00QHsuWWPXw5rs6i3f7Na0nQUNxTX/s1600/zumbi.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQtP0ImoEwtkQ0aKPEbYeiFMfnT0dK_fiUMizHJO_xc02ceIKFET1qfjRu-QfIR_0ahqi1yQhLyzubP4OLjgcDQR7aiM4yVrElOW1FTzYZEwGltxJ00QHsuWWPXw5rs6i3f7Na0nQUNxTX/s400/zumbi.gif" width="320" /></a></div><div style="color: #783f04; text-align: center;"><br />
<br />
<span style="font-family: Verdana;"><span style="font-size: x-small;"><span style="font-size: small;"><b>Vinte de novembro é o Dia Nacional da Consciência Negra.</b></span></span></span></div><span style="font-family: Verdana;"><span style="font-size: x-small;"> </span></span><br />
<span style="font-family: Verdana; font-size: small;">I.</span><br />
<span style="font-family: Verdana; font-size: small;">A data - transformada em Dia Nacional da Consciência Negra pelo Movimento Negro Unificado em 1978 - não foi escolhida ao acaso, e sim como homenagem a Zumbi, líder máximo do Quilombo de Palmares e símbolo da resistência negra, assassinado em 20 de novembro de 1695.</span><br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHqXaRc3RcFY3S9CfuTJeFU2r43GQ5EWAHzxRZgMW2AG1RRsAEkBx2RqAKOs8hbQuLWQUmm-Q4iw_SuqAskj1ihXC-h-pzuGfof4LpDmp5BzmWWqijrUVE0G9wHrPL4k0Yu0_Fl6rPXmAx/s1600/quilombo-dos-palmares.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="270" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHqXaRc3RcFY3S9CfuTJeFU2r43GQ5EWAHzxRZgMW2AG1RRsAEkBx2RqAKOs8hbQuLWQUmm-Q4iw_SuqAskj1ihXC-h-pzuGfof4LpDmp5BzmWWqijrUVE0G9wHrPL4k0Yu0_Fl6rPXmAx/s400/quilombo-dos-palmares.jpg" width="400" /></a></div><br />
<span style="font-family: Verdana; font-size: small;"></span><br />
<span style="font-family: Verdana; font-size: small;"></span><br />
<span style="font-family: Verdana; font-size: small;"></span><br />
<div style="text-align: center;"><b><span style="color: #783f04; font-family: Verdana; font-size: x-small;">[Quilombo dos Palmares]</span></b></div><span style="font-family: Verdana; font-size: small;"><br />
O Quilombo dos Palmares foi fundado no ano de 1597, por cerca de 40 escravos foragidos de um engenho situado em terras pernambucanas. Em pouco tempo, a organização dos fundadores fez com que o quilombo se tornasse uma verdadeira cidade. Os negros que escapavam da lida e dos ferros não pensavam duas vezes: o destino era o tal quilombo cheio de palmeiras.<br />
<br />
Com a chegada de mais e mais pessoas, inclusive índios e brancos foragidos, formaram-se os mocambos, que funcionavam como vilas. O mocambo do macaco, localizado na Serra da Barriga, era a sede administrativa do povo quilombola. Um negro chamado Ganga Zumba foi o primeiro rei do Quilombo dos Palmares.<br />
<br />
Alguns anos após a sua fundação,o Quilombo dos Palmares foi invadido por uma expedição bandeirante. Muitos habitantes, inclusive crianças, foram degolados. Um recém-nascido foi levado pelos invasores e entregue como presente a Antônio Melo, um padre da vila de Recife.<br />
<br />
O menino, batizado pelo padre com o nome de Francisco, foi criado e educado pelo religioso, que lhe ensinou a ler e escrever, além de lhe dar noções de latim, e o iniciar no estudo da Bíblia. Aos 12 anos o menino era coroinha. Entretanto, a população local não aprovava a atitude do pároco, que criava o negrinho como filho, e não como servo.<br />
<br />
Apesar do carinho que sentia pelo seu pai adotivo, Francisco não se conformava em ser tratado de forma diferente por causa de sua cor. E sofria muito vendo seus irmãos de raça sendo humilhados e mortos nos engenhos e praças públicas. Por isso, quando completou 15 anos, o franzino Francisco fugiu e foi em busca do seu lugar de origem, o Quilombo dos Palmares.<br />
<br />
Após caminhar cerca de 132 quilômetros, o garoto chegou à Serra da Barriga. Como era de costume nos quilombos, recebeu uma família e um novo nome. Agora, Francisco era Zumbi. Com os conhecimentos repassados pelo padre, Zumbi logo superou seus irmãos em inteligência e coragem. Aos 17 anos tornou-se general de armas do quilombo, uma espécie de ministro de guerra nos dias de hoje.<br />
<br />
Com a queda do rei Ganga Zumba, morto após acreditar num pacto de paz com os senhores de engenho, Zumbi assumiu o posto de rei e levou a luta pela liberdade até o final de seus dias. Com o extermínio do Quilombo dos Palmares pela expedição comandada pelo bandeirante Domingos Jorge Velho, em 1694, Zumbi fugiu junto a outros sobreviventes do massacre para a Serra de Dois Irmãos, então terra de Pernambuco.<br />
<br />
Contudo, em 20 de novembro de 1695 Zumbi foi traído por um de seus principais comandantes, Antônio Soares, que trocou sua liberdade pela revelação do esconderijo. Zumbi foi então torturado e capturado. Jorge Velho matou o rei Zumbi e o decapitou, levando sua cabeça até a praça do Carmo, na cidade de Recife, onde ficou exposta por anos seguidos até sua completa decomposição.<br />
<br />
“Deus da Guerra”, “Fantasma Imortal” ou “Morto Vivo”. Seja qual for a tradução correta do nome Zumbi, o seu significado para a história do Brasil e para o movimento negro é praticamente unânime: Zumbi dos Palmares é o maior ícone da resistência negra ao escravismo e de sua luta por liberdade. Os anos foram passando, mas o sonho de Zumbi permanece e sua história é contada com orgulho pelos habitantes da região onde o negro-rei pregou a liberdade.</span><br />
<div style="color: #b45f06; text-align: center;"><b><span style="font-family: Verdana; font-size: small;">II.</span></b></div><div></div><div style="color: #b45f06; text-align: center;"><b><span style="font-family: Verdana; font-size: small;">Registros Históricos sobre Zumbi dos Palmares</span></b></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVnkW59cmacCCSrmwydq401JcLbqzGNojlJbxq0ta-aSAG3WE_GisVGYaQ_O9Dj38B7Yjpt1X-zjoEayXTgW_9egUn6F0uaCWDpfGMbZcWiUm33ZR3WqalZap9KEdqUbkkdoi2xlYP6L8L/s1600/0011.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="232" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVnkW59cmacCCSrmwydq401JcLbqzGNojlJbxq0ta-aSAG3WE_GisVGYaQ_O9Dj38B7Yjpt1X-zjoEayXTgW_9egUn6F0uaCWDpfGMbZcWiUm33ZR3WqalZap9KEdqUbkkdoi2xlYP6L8L/s320/0011.jpg" width="320" /></a></div><div style="color: #b45f06; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div style="text-align: right;"><span style="font-size: x-small;"><span style="color: #783f04;">[Pintura de Debret- Escravos carregando café]</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: small;"><span style="color: navy; font-family: Verdana;"><span style="color: black;">Durante as invasões holandesas no Brasil, muitos escravos aproveitaram as ocorrências para fugirem dos cativeiros e das senzalas em que viviam. Após as fugas reuniam-se nas fraldas da Serra da Barriga, no Estado de Alagoas. Quando juntavam um número maior de fugitivos, eles formavam repúblicas, que, segundo alguns historiadores, a mais importante foi a República dos Palmares ou (Quilombos).</span></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: small;"><span style="color: navy; font-family: Verdana;"><span style="color: black;">Assim como em cada segmento da sociedade sempre existe uma liderança, no caso dos escravos um recebeu destaque, pelas várias façanhas que protagonizou.</span></span></span></div><div class="MsoNormal" style="color: #783f04; text-align: center;"><b><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana;">Foi “ZUMBI” valente e destemido chefe do Quilombo dos Palmares. </span></span></b></div><div class="MsoNormal"><span style="clear: right; color: navy; float: right; font-family: Verdana; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="1" height="289" src="http://www.capoeiramestrebimba.com.br/ancestralidade_foto.JPG" style="border: 1px solid rgb(0, 0, 128);" width="398" /></span><span style="font-size: small;"></span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: small;"><span style="color: navy; font-family: Verdana;"><span style="color: black;">Esses africanos e seus descentes fugitivos utilizavam a capoeira para se defender de seus perseguidores, entre eles os capitães do mato, ou também expedições chefiadas por capitães que recebiam ordens dos senhores de engenho para capturá-los. Como eles não usavam armas, lutavam corpo a corpo usando os praticantes da capoeira.</span></span></span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: small;"><span style="color: navy; font-family: Verdana;"><span style="color: black;"> </span></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: small;"><span style="color: navy; font-family: Verdana;"><span style="color: black;">Os africanos e seus descendentes souberam transplantar numa coexistência dialética singular, o conjunto civilizatório que permeou toda a sociedade brasileira em organizações e associações.</span></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: small;"><span style="color: navy; font-family: Verdana;"><span style="color: black;">Com o fim da escravidão, esta luta foi bem assimilada pela sociedade atual. Em 20 de novembro estava consagrado como data de celebração da consciência negra. Em 1965, o Quilombo dos Palmares fora destruído, e o seu líder, Zumbi, morto e decapitado, passava para a história como símbolo de um dirigente político negro que lutou até o último suspiro contra a escravidão. Ganga Zumba, seu antecessor, acreditou na possibilidade de uma negociação justa com as autoridades coloniais. A paz de Ganga era a derrota do quilombo. Ele desceu a serra com os seus seguidores, colocou-se na beira da praia sob a tutela dos senhores dos escravos e renunciou à luta contra a escravidão, entregando aos senhores os escravos recentemente liberados no quilombo e recusando-se a aceitar qualquer outro fugitivo. Seu destino foi triste. Faminto, reescravizado, traído, Ganga Zumba morreu.</span></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana;">Zumbi disse não. Reuniu todos os mocambos, fortificou a sede de Palmares e preparou a resistência ao governo da Capitania de Pernambuco. Alguns militantes e historiadores, como Joel Rufino dos Santos, se perguntam por que Zumbi e o povo de Palmares resolveram abandonar a velha tática de guerilhas, pela qual há 100 anos - desde 1595 - "circularam em uma rede de mocambos precários que, uma vez destruídos por ataques dos escravos, rapidamente se refaziam adiante e continuavam a luta. Por que Zumbi preferiu a guerra de posição: fincou pé na Serra da Barriga, fortificou-se e resolveu enfrentar cara a cara o inimigo? Os palmarinos tinham clareza da superioridade militar do inimigo, reunificados após a expulsão dos holandeses, vitoriosos na reconquista de Angola aos holandeses e na guerra contra o reino cristão do Congo. Se assim era, fincar pé em Palmares era morte certa, era suicídio. Hoje, mais de 300 anos depois, a resposta é evidente. Naquele tempo era possível ter esperança. Ousar lutar, ousar vencer, por que não?</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana;">O que cabe a nós, cidadãos e historiadores de hoje, é a pergunta: o que havia de tão valioso que justificava a ousadia temerária daqueles palmarinos? A mesma pergunta pode ser feita em relação aos malês da Bahia. Por que, em vez de fazerem mais um levante para sair da escravidão, como os mais de dez que o precederam na Cidade do Salvador, resolveram fazer uma revolução escrava? A leitura atenta da obra de João José Reis mostra que os malês tinham consciência de que era preciso conquistar a Cidade do Salvador, abolir a escravidão, inverter as hierarquias sociais, para enfim poderem viver plenamente o Islã em liberdade. No caso de Palmares, há evidências de que os quilombolas entenderam que era o momento de parar de fugir e assegurar a consolidação de uma cidade-Estado em que fosse possível a vida em liberdade.</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana;">Para melhor compreendermos essa opção política, é preciso ver em Palmares muito mais do que um refúgio de escravos. Ao longo de 100 anos de resistência, os palmarinos construíram um território amplo, formado por vários mocambos ligados em rede. Várias foram as gerações nascidas em Palmares, fora da escravidão. Elas formaram um povo palmarino, sem o trauma da derrota originária da escravização em África e sem vivência da escravidão no Brasil, com a capacidade de absorção e re-culturação dos fugitivos da escravidão, negros e índios, além dos brancos excluídos da sociedade açucareira. A guerra permanente contra a escravidão soldava a solidariedade do povo em torno de uma identidade quilombola. Além de território, povo e identidade, desenvolveu-se em Palmares um modelo de economia auto-sustentável, regulada por instituições sociais de justiça e de governo. Portanto, estava em curso um processo de formação de um estado nacional multiétnico, fundado na cooperação do trabalho livre e organizado a partir das referências culturais africanas. Esta foi a primeira formulação de um projeto de estado nacional brasileiro, em um momento em que a sociedade colonial portuguesa, mesmo após a vitória de Guararapes contra os holandeses, estava inteiramente empenhada na reconquista da África e na reconstrução do Império Atlântico Português.</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana;">Zumbi fincou pé em Palmares e aceitou a guerra de posição para defender a possibilidade de um Brasil livre, liderado por africanos. Este foi o verdadeiro sonho de Zumbi, que valia o sacrifício e valeu a experiência como legado histórico para as lutas contemporâneas do povo brasileiro. O exemplo de Zumbi é vivo, hoje, não pelo aspecto guerreiro, mas pelo aspecto político. Afinal, sabemos todos que a guerra é uma dimensão terminal da política. Os milhares de quilombos que se organizaram nos 200 anos seguintes resistiram e enfraqueceram a escravidão, mas nenhum deles conseguiu formular um projeto de Estado e de sociedade alternativos à monarquia escravista. O movimento abolicionista, a partir dos anos 60 do século XIX, conseguiu mobilizar a mais ampla frente popular contra a escravidão, mas não produziu nenhum projeto político, social e econômico para o pós-escravidão. O que registra a nossa história é a inteira desarticulação do negro brasileiro no dia seguinte ao 13 de Maio. Sem projeto de sociedade, ficou dilacerado entre o projeto do Terceiro Reinado e o projeto da República, foi esmagado pelo imigracionismo e pela exclusão política e social, perdeu todos os aliados da véspera, virou um subcidadão.</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana;">Hoje, no momento em que o movimento negro brasileiro alcança vitórias importantes e que o governo da República incorpora de uma maneira sincera o compromisso com a igualdade racial, não podemos esquecer o exemplo de Zumbi. Não basta lutar contra o racismo e contra a exclusão social através de múltiplas políticas de ações afirmativas. É preciso construir um modelo político e econômico para o Brasil que consagre a igualdade racial. Como em Palmares, não basta lutar contra a desigualdade. Devemos construir o sonho da igualdade e da liberdade.</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Verdana; font-size: small;"><span style="font-family: Arial;"><b style="font-family: Verdana,sans-serif;">por </b><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"> </span><b style="font-family: Verdana,sans-serif;">Ubiratan Castro </b>- <span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Presidente da Fundação Palmares</span></span></span></div><span style="font-size: small;"><br />
</span><span style="font-family: Verdana; font-size: small;">Fontes: </span><span style="font-size: small;"><a href="http://www.grupoescolar.com/"><span style="color: black; font-family: Verdana;">http://www.grupoescolar.com</span></a></span><span style="font-family: Verdana; font-size: small;"> e Fundação Palmares</span><br />
<div style="color: #783f04;"><a href="http://literaciarevistacultural.blogspot.com/"><span style="font-family: Verdana; font-size: small;">Retornar... </span></a></div></div>Revista Literáriahttp://www.blogger.com/profile/10160769599934066285noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5287993549416225045.post-81327544887735664912010-11-13T03:10:00.000-08:002010-11-15T03:13:06.902-08:00A importância do Negro<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><b><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;"><a href="http://www.blog.geledes.org.br/geografia/teodoro-sampaio-26/11/2009.html"><span style="color: blue;"></span></a></span></b></div><div class="MsoNormal" style="color: #783f04; font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: center;"><span style="font-size: small;"><b><span style="text-decoration: none;">Teodoro Sampaio</span></b></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1BB3EYEhP0snD5xTzALhMBHClc97YGIUfGTJzoowm8S3JWf61zPbiL6gMMnZPciOlDb-oPkCpUO6lyNDpMVd5II_6gb7g6o3fGVXZKQ1c56wpt9VlBlFCXncSMy4_8LkyF9yDlgc9_VuP/s1600/teodoro_sampaio01.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1BB3EYEhP0snD5xTzALhMBHClc97YGIUfGTJzoowm8S3JWf61zPbiL6gMMnZPciOlDb-oPkCpUO6lyNDpMVd5II_6gb7g6o3fGVXZKQ1c56wpt9VlBlFCXncSMy4_8LkyF9yDlgc9_VuP/s400/teodoro_sampaio01.jpg" width="311" /></a></div><div class="MsoNormal" style="color: #783f04; font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: center;"><br />
</div><div style="color: #783f04;"></div><div class="MsoNormal" style="color: #783f04; font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><a href="http://www.blog.geledes.org.br/images/stories/ciencias/sampaio/teodoro_sampaio01.jpg" target="_blank"><span style="color: blue; text-decoration: none;"></span></a><span style="color: black;"></span></span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><b><i><span style="color: black;">Teodoro Fernandes Sampaio</span></i></b><span style="color: black;"> (Santo Amaro da Purificação, 7 de janeiro de 1855 - Rio de Janeiro, 11 de outubro de 1937) foi um engenheiro geógrafo e historiador brasileiro.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><b><i><span style="color: maroon;">Biografia</span></i></b><span style="color: black;"></span></span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="color: black;">Nasceu no Engenho Canabrava, pertencente ao visconde de Aramaré, hoje pertencente ao município baiano de Teodoro Sampaio.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="color: black;">Era filho da escrava Domingas da Paixão do Carmo e do padre Manuel Fernandes Sampaio. Ainda em Santo Amaro estuda as primeiras letras no colégio do professor José Joaquim Passos. É levado pelo pai, em 1864 para São Paulo e depois para o Rio de Janeiro, onde estuda no Colégio São Salvador e, em seguida, ingressa no curso de Engenharia do Colégio Central. Ao tempo em que estuda leciona nos Colégios São Salvador e Abílio, do também baiano Abílio César Borges (Barão de Macaúbas), sendo ainda contratado como desenhista do Museu Nacional.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="color: black;">Formou-se em 1877, quando finalmente volta a Santo Amaro, na Bahia, onde nasceu. Ali, revê a mãe e os irmãos, e comprando, no ano seguinte, a carta de alforria de seu irmão Martinho, gesto que repete com os irmãos Ezequiel (1882) e Matias (em 1884). Por ser filho de branco, Sampaio nunca fora um escravo.<br />
Em 1879 integra a "Comissão Hidráulica", nomeada pelo imperador Dom Pedro II, sendo o único engenheiro brasileiro entre estadunidenses.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><b><i><span style="color: maroon;">Obras na engenharia</span></i></b><span style="color: black;"></span></span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="color: black;">A convite de Orville Derby, que conhecera na expedição aos sertões sanfranciscanos, participa de nova comissão que realiza o levantamento geológico do Estado de São Paulo (1886).</span></span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="color: black;">Antes havia realizado o trabalho de prolongamento da linha férrea de Salvador ao São Francisco (1882). No ano seguinte é nomeado engenheiro chefe da Comissão de Desobstrução do Rio São Francisco, que deixa quando do convite de Derby para ir a São Paulo. Ali, dentre outra realizações, participa em 1890 da Companhia Cantareira (engenheiro-chefe), é nomeado Diretor e Engenheiro Chefe do Saneamento do Estado de São Paulo (de 1898 a 1903). Participou da fundação da Escola Politécnica, junto a Sales Oliveira e ao Coronel Jardim.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><b><i><span style="color: maroon;">Institutos</span></i></b><span style="color: black;"></span></span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="color: black;">Foi, em 1894, um dos fundadores do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo; membro do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (1898), que presidiu em 1922; sócio do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (1902).</span></span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="color: black;">Em 1912 presidiu o V Congresso Brasileiro de Geografia.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><b><i><span style="color: maroon;">Importância de Teodoro Sampaio</span></i></b><span style="color: black;"></span></span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="color: black;">Teodoro Sampaio, que nasceu negro e filho de escrava, foi um dos maiores pensadores brasileiros de seu tempo. Engenheiro por profissão, legou-nos uma bibliografia de vasta erudição geográfica e histórica sobre a contribuição das bandeiras paulistas à formação do território nacional, entre outros temas. É formidável sua sofisticação na percepção da importância dos saberes indígenas (caminhos, mas não só) na odisséia bandeirante. Igualmente digna de consideração foi sua contribuição ao estudo de vários rios brasileiros, de pinturas rupestres em sítios arqueológicos nacionais, do tupi na geografia brasileira e da geologia no País. Neste campo, a geologia brasileira, participou de momentos marcantes, como a expedição de Orville Derby ao vale do rio São Francisco e de comissões específicas. Além disso, foi grande amigo de Euclides da Cunha, e auxiliou o escritor com conhecimentos sobre o sertão baiano na elaboração de Os Sertões.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="color: black;">Seu nome figura na memória intelectual do País ao lado de Capistrano de Abreu, Joaquim Nabuco, Nina Rodrigues e outros do mesmo patamar. Em sua memória, foram batizados dois municípios brasileiros (na Bahia e em São Paulo) e também uma importante rua da cidade de São Paulo.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><b><i><span style="color: maroon;">Principais obras</span></i></b><span style="color: black;"></span></span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="color: black;">• O rio São Francisco e a chapada Diamantina (1906)</span></span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="color: black;"><br />
• O tupi na geografia nacional (1901),</span></span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="color: black;"><br />
• Atlas dos Estados Unidos do Brasil (1908)</span></span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="color: black;"><br />
• Dicionário histórico, geográfico e etnográfico do Brasil (1922)</span></span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="color: black;"><br />
• História da Fundação da Cidade do Salvador (póstumo).</span></span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><b><i><span style="color: maroon;">Os diários de Teodoro Sampaio</span></i></b><span style="color: black;"></span></span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="color: black;">Os diários de Teodoro Sampaio (1855- 1937) estão arquivados no Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB). Vale dizer que a conquista de um acervo tão precioso é mérito da atual presidente do instituto Consuelo Pondé de Sena.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="color: black;">Mas até hoje, o IGHB não conseguiu publicá-los por falta de apoio. Escritos a lápis eles correm o risco de perder a batalha para a ação do tempo e aí estarão fora de alcance partes preciosas da história de um dos mais brilhantes intelectuais brasileiros.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="color: black;">Há, inclusive, em meio a estes diários, uma carta de sua autoria, emocionante, direcionada a um senhor de escravos. Theodoro diz que como está prestes a se casar e, portanto, "montando casa", não tem todo o dinheiro estipulado para a compra. O escravo em questão é seu irmão. Ele queria cumprir uma promessa feita à mãe.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="color: black;">Não se sabe se o proprietário de escravos fez "a caridade pela liberdade", como pede Theodoro. Mas em um outro trecho está anexada a carta de alforria de um outro irmão seu.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="color: black;">"As condições em que se encontram os documentos não permitem sequer a consulta. Só um técnico pode manipular os diários. Tem cópia dos documentos em CD Rom, pois isso conseguimos fazer, mas é necessária a restauração. Infelizmente, o IGHB não tem verba para pagar".</span></span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="color: black;">O IGHB é uma instituição privada, mas de utilidade pública e que tem um valioso acervo de livros, documentos e periódicos. Atualmente, recebe uma ajuda de custo do governo estadual de cerca de R$ 10 mil que, com os descontos, fica em R$ 8 mil.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="color: black;">Engenheiro, Theodoro Sampaio foi também historiador e geógrafo. Hoje dá nome a uma avenida em São Paulo, com reverências por lá maiores do que as que recebe em seu Estado de origem, a Bahia, de forma tal que há quem pense que ele é paulista.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="color: black;">Mas Theodoro nasceu em Santo Amaro. É certo que hoje existe um município baiano que leva o seu nome, mas acho pouco diante da sua vida e obra.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="color: black;">Era filho de Domingas da Paixão do Carmo, uma escrava de origem jeje. O padre Manoel Fernandes Sampaio assumiu a paternidade e lhe deu o sobrenome, mas segundo a historiadora Consuelo Pondé, ele poderia também ser filho de Francisco Antonio da Costa Pinto.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="color: black;">Teodoro Sampaio escreveu trabalhos como O Rio São Francisco e Chapada Diamantina e Viajantes Estrangeiros no Brasil. Não é segredo que Euclides da Cunha utilizou várias das informações geográficas coletadas por ele em Os Sertões, mas não lhe deu o crédito merecido. Fez apenas uma pequena observação sobre a contribuição em uma das edições do seu livro que virou clássico. Conta-se que Teodoro, que dirigiu o IGHB de 1922 a 1937, ficou magoado com o amigo, mas engoliu a omissão de forma discreta.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="color: black;">Não tão discreto ele foi em relação a um episódio de racismo explícito. Convocado para integrar a Comissão Hidráulica do governo brasileiro, que faria um estudo dos portos e das condições de navegalibidade do interior do país, foi o único do grupo a não ter seu nome divulgado no edital de convocação.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="color: black;">Ao ser apurado o episódio, a justificativa do funcionário de gabinete foi a seguinte: "Poderia causar constrangimento aos outros estar ao lado de um homem de cor". A comissão era coordenada por um engenheiro americano: William Milnor Roberts. A omissão foi reparada, mas a agressão a Teodoro já estava feita.</span></span></div><span style="font-family: Verdana,sans-serif; font-size: small;"><span style="color: black; line-height: 115%;"> Pesquisa de textos e imagem: </span><b><span style="color: maroon; line-height: 115%;">Carlos Eugênio Marcondes de Moura</span></b></span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif; font-size: small;"><b><span style="color: maroon; line-height: 115%;">Retornar... </span></b></span>Revista Literáriahttp://www.blogger.com/profile/10160769599934066285noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5287993549416225045.post-66250498934074057692010-11-12T02:58:00.000-08:002010-11-15T03:12:45.675-08:00<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="color: #783f04; line-height: normal; text-align: center;"><span style="font-size: small;"><b><span style="font-family: "Verdana","sans-serif";">Diferentes na cor, iguais em OPORTUNIDADES?</span></b></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNO5mB8kFiM7jc_IOYZ6KOYWKh6GH6QewTL8tadvZIjIffDsLTt1iSCbU0P_6ukrNencOKK-gyIWkWfl-DQRAJUlCoAtERS9U6zJstaAG7-rCUMPcAezJijE_GLsSUh73CZZoHd35LMuTy/s1600/diferentes.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="290" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNO5mB8kFiM7jc_IOYZ6KOYWKh6GH6QewTL8tadvZIjIffDsLTt1iSCbU0P_6ukrNencOKK-gyIWkWfl-DQRAJUlCoAtERS9U6zJstaAG7-rCUMPcAezJijE_GLsSUh73CZZoHd35LMuTy/s400/diferentes.jpg" width="400" /></a></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;">SOCIEDADE BRASILEIRA SE VÊ COMO DEMOCRÁTICA E JUSTA, MAS AINDA É POSSÍVEL DETECTAR E É PRECISO COMBATER A PRESENÇA DO RACISMO NAS ESCOLAS, NOS MOVIMENTOS SEPARATISTAS E NEONAZISTAS, E NA POUCA PARTICIPAÇÃO DOS NEGROS EM ALTOS CARGOS NO TRABALHO E NA POLÍTICA</span></b></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif";">A importância do tempo social voltado ao tema das culturas negras e suas diferentes formas de expressão e celebração é uma forma da sociedade se dedicar a pensar a si mesma e a pensar no outro. A Semana da Consciência Negra, comemorada entre 13 e 20 de novembro, cada vez mais passa a integrar com maior força e participação dos brasileiros uma cadeia de eventos e celebrações que buscam construir uma sociedade em que prevaleça o direito à diferença e o direito à igualdade de condições sociais, culturais, políticas e os direitos à cidadania.<br />
<br />
Embora pareça que as lembranças e as memórias das populações e grupos sociais que viveram e/ou ainda vivem em situação de silêncio ou excluídas dos espaços culturais e da escrita da história, elas permanecem vivas nas narrativas, nas canções, na oralidade, na religiosidade, no parentesco, nos territórios e nas identidades culturais.<br />
<br />
Um dos principais fatores que contribuiu para a crença de que vivemos uma democracia racial foi a ideologia do branqueamento, na passagem do Governo Imperial para a Primeira República e a suposta substituição total da mão-de-obra escravizada dos negros para o trabalho dos imigrantes, fortalecendo a condição de invisibilidade dos negros no Sul do país. Durante os séculos 18 e 19, esta ideologia operava pela negação da presença de outras populações negras e indígenas num suposto “vazio demográfico” na região Sul e Sudeste do Brasil, tal como a Marcha para o Oeste que procurava colonizar as terras indígenas de Mato Grosso, Vale do Rio Araguaia, Goiás, entre outros estados.<br />
<br />
As ideias de desenvolvimento, progresso e branqueamento foram articuladas por meio de artigos e livros “científicos” como de Silvio Romero, Nina Rodrigues, Oliveira Vianna entre outros. Na crítica desta ideologia, Boaventura Leite (1986: 40) identifica nos textos da historiografia sobre o Sul do Brasil um discurso subjacente sobre duas “especificidades” que diferenciariam esta região do restante do País: “o negro teve e tem presença rara, inexpressiva ou insignificante e atribui a isto a ausência de um grande sistema escravista voltado para a exportação”, e que em determinadas áreas e atividades as relações foram mais “democráticas e igualitárias”.<br />
<br />
Tal discurso vai galvanizar uma imagem para a região sul brasileira de Europa à brasileira, a região mais branca do País, e, portanto, mais desenvolvida e progressista que o Norte e Nordeste, inviabilizando, assim, políticas públicas para a população negra e indígena, e colocando-os à margem do reconhecimento cultural como sujeitos identitários e históricos. Mas estes sujeitos resistiram de diferentes formas, nos terreiros de Candomblé, nos movimentos negros, nas três mil comunidades quilombolas por todo o Brasil, e nos mais de 200 povos indígenas da América do Sul.<br />
<br />
<b><i style="color: #b45f06;">Sonia Regina Lourenço é antropologa e coordenadora do Museu Nacional de Imigração e Colonização.</i></b></span></span></div><div class="MsoNormal" style="color: #b45f06; text-align: justify;"><b><span style="font-size: small;"> Retornar...</span></b></div>Revista Literáriahttp://www.blogger.com/profile/10160769599934066285noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5287993549416225045.post-71801513161610162552010-11-11T04:35:00.000-08:002010-11-15T04:44:40.244-08:00José do Patrocínio<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwVOqG6VUwl7k2stD5_WUEPJdMUkkdYJkiDDh72NKdWe9Glz0ttIpStSu9FPSyMGyS9ns7-uG22x_dko3PfsxYt6qpad84mDm2ibQafj6Snk-sFvNBRMES3yg8wDGxoBs51oRT3QxEBODr/s1600/josedopatrocinio.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwVOqG6VUwl7k2stD5_WUEPJdMUkkdYJkiDDh72NKdWe9Glz0ttIpStSu9FPSyMGyS9ns7-uG22x_dko3PfsxYt6qpad84mDm2ibQafj6Snk-sFvNBRMES3yg8wDGxoBs51oRT3QxEBODr/s400/josedopatrocinio.jpg" width="306" /></a></div><table border="0" style="font-family: Verdana,sans-serif; margin-left: 0px; margin-right: 0px; text-align: left;"><tbody>
<tr><td><br />
</td> <td><br />
</td><td><br />
</td> </tr>
</tbody></table><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"> </div><div class="imagem" style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"></span> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">José do Patrocínio (J. Carlos do P.), jornalista, orador, poeta e romancista, nasceu em Campos, RJ, em 8 de outubro de 1854, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 30 de janeiro de 1905. Compareceu às sessões preparatórias da instalação da Academia Brasileira de Letras e fundou a Cadeira n. 21, que tem como patrono Joaquim Serra. </span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Era filho natural do padre João Carlos Monteiro, vigário da paróquia e orador sacro de grande fama na capela imperial, e de "tia" Justina, quitandeira. Passou a infância na fazenda paterna da Lagoa de Cima, onde pôde observar, desde criança, a situação dos escravos e assistir a castigos que lhes eram infligidos. Por certo nasceu ali a extraordinária vocação abolicionista. Tinha 14 anos quando, tendo recebido apenas a educação primária, foi para o Rio de Janeiro. Começou a trabalhar na Santa Casa de Misericórdia e voltou aos estudos no Externato de João Pedro de Aquino, fazendo os preparatórios do curso de Farmácia. Ingressou na Faculdade de Medicina como aluno de Farmácia, concluindo o curso em 1874. Sua situação, naquele momento, se tornou difícil, porque os amigos da "república" de estudantes voltavam para suas cidades de origem, e ele teria que alugar outra moradia. Foi então que seu amigo João Rodrigues Pacheco Vilanova, colega do Externato Aquino, convidou-o a morar em São Cristóvão, na casa da mãe, então casada em segundas núpcias com o capitão Emiliano Rosa Sena. Para que Patrocínio pudesse aceitar sem constrangimento a hospedagem que lhe era oferecida, o capitão Sena propôs-lhe que, como pagamento, lecionaria aos seus filhos. Patrocínio aceitou a proposta e, desde então, passou também a freqüentar o "Clube Republicano" que funcionava na residência, do qual faziam parte Quintino Bocaiúva, Lopes Trovão, Pardal Mallet e outros. Não tardou que Patrocínio se apaixonasse por Bibi, sendo também por ela correspondido. Quando informado dos amores de sua filha com Patrocínio, o capitão Sena sentiu-se revoltado, mas, afinal, Patrocínio e Bibi se casaram. Já a esse tempo Patrocínio iniciara a carreira de jornalista, na Gazeta de Notícias, e sua estrela começava a aparecer. Com Dermeval da Fonseca publicava os Ferrões, quinzenário que saiu de 1o de junho a 15 de outubro de 1875, formando um volume de dez números. Os dois colaboradores se assinavam com os pseudônimos Notus Ferrão e Eurus Ferrão. Dois anos depois, Patrocínio estava na Gazeta de Notícias, onde tem a seu cargo a "Semana Parlamentar", que assinava com o pseudônimo Prudhome. Em 1879 iniciou ali a campanha pela Abolição. Em torno dele formou-se um grande coro de jornalistas e de oradores, entre os quais Ferreira de Meneses, na Gazeta da Tarde, Joaquim Nabuco, Lopes Trovão, Ubaldino do Amaral, Teodoro Sampaio, Paula Nei, todos da Associação Central Emancipadora. Por sua vez, Patrocínio começou a tomar parte nos trabalhos da associação. </span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Em 1881, passou para a Gazeta da Tarde, substituindo Ferreira Meneses, que havia morrido. Na verdade, ele tornou-se o novo proprietário do periódico, comprado com a ajuda do sogro. Patrocínio tinha atingido a grande fase de seu talento e de sua atuação social. Fundou a Confederação Abolicionista e lhe redigiu o manifesto, assinado também por André Rebouças e Aristides Lobo. </span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Em 1882, foi ao Ceará, levado por Paula Ney, e ali foi cercado de todas as homenagens. Dois anos depois, o Ceará fez a emancipação completa dos escravos. Em 1885, visitou Campos, onde foi saudado como um triunfador. Regressando ao Rio, trouxe a mãe, doente e alquebrada, que veio a falecer pouco depois. Ao enterro compareceram escritores, jornalistas, políticos, todos amigos do glorioso filho. Em setembro de 1887, deixou a Gazeta da Tarde e passou a dirigir a Cidade do Rio, que havia fundado. Ali se fizeram os melhores nomes das letras e do periodismo brasileiro do momento, todos eles chamados, incentivados e admirados por Patrocínio. Foi de sua tribuna da Cidade do Rio que ele saudou, em 13 de maio de 1888, o advento da Abolição, pelo qual tanto lutara. </span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Em 1899, Patrocínio não teve parte na República e, em 1891, opôs-se abertamente a Floriano Peixoto, sendo desterrado para Cucuí. Em 93 foi suspensa a publicação da Cidade do Rio, e ele foi obrigado a refugiar-se para evitar agressões. Nos anos subseqüentes a sua participação política foi pouca. Preocupava-se, então, com a aviação. Mandou construir o balão "Santa Cruz", com o sonho de voar. Numa homenagem a Santos Dumont, realizada no Teatro Lírico, ele estava saudando o inventor, quando foi acometido de uma hemoptise em meio ao discurso. Faleceu pouco depois, aos 51 anos de idade, aquele que é considerado por seus biógrafos o maior de todos os jornalistas da Abolição. </span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Obras: Os Ferrões, quinzenário, 10 números. Em colaboração com Dermeval Fonseca (1875); Mota Coqueiro ou A pena de morte, romance (1887); Os retirantes, romance (1879); Manifesto da Confederação Abolicionista (1883); Pedro Espanhol, romance (1884); Conferência pública, feita no Teatro Politeama, em sessão da Confederação Abolicionista de 17 de maio de 1885; Associação Central Emancipadora, 8 boletins. Artigos nos periódicos da época. Patrocínio usou os pseudônimos: Justino Monteiro (A Notícia, 1905); Notus Ferrão (Os Ferrões, 1875); Prudhome (A Gazeta de Notícias, A Cidade do Rio). </span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"> </div><div class="fonte" style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Fonte: www.biblio.com.br </span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"> </div><h6 style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"></span></h6><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"> </div><div class="imagem" style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="clear: right; float: right; font-size: small; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/jose-do-patrocinio/imagens/foto-de-jose-do-patrocineo.gif" width="259" /></span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Se toda a propriedade é roubo, a propriedade escrava é um roubo duplo, contrária aos princípios humanos que qualquer ordem jurídica deve servir." Não se tratava apenas de uma retórica inflamada de nítida inspiração socialista, nem de um mero exercício de propagandismo desabusado que se poderia esperar de um dos jornalistas mais famosos do pais. Filho de um padre com uma escrava que vendia frutas, José do Patrocínio (1853 – 1905) sabia do que estava falando: senhor por parte de pai, escravo por parte de mãe, vivera na pele todas as contradições da escravatura. </span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Nascido em Campos (RJ), um dos pólos escravagistas do país, mudou-se para o Rio de Janeiro e começou a vida como servente de pedreiro na Santa Casa de Misericórdia do Rio. Pagando o próprio estudo, formou-se em farmácia. Em 1875, porém, descobriu a verdadeira vocação ao um jornal satírico chamado "Os Ferrões” Começava ali a carreira de um dos mais brilhantes Jornalistas brasileiros de todos os tempos. Dono de um texto requintado e viril, José do Patrocínio - que de início assinava Proudhon -- se tornou um articulista famoso em todo o país. Conheceu a princesa Isabel, fundou seu diário, a "Gazeta da Tarde" virou o "Tigre do Abolicionismo". Em maio de 1883, criou, junto com André Rebouças, uma confederação unindo todos os clubes abolicionistas do país. A revolução se iniciara. "E a revolução se chama Patrocínio», diria Joaquim Nabuco. </span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Pouco depois de a princesa Isabel assinar a Lei Áurea, sob uma chuva de rosas no paço da cidade, a campanha que, por dez anos, Patrocínio liderara enfim parecia encerrada. “Minha alma sobe de joelhos nestes paços", diria ele, curvando-se para beijar as mãos da "loira mãe dos brasileiros”. Aos 35 anos incompletos, era difícil difícil supor que, a partir dali, Patrocínio veria sua carreira ir ladeira abaixo. Mas foi o que aconteceu: seu novo jornal, “A Cidade do Rio” (fundando em 1887), virou porta-voz da monarquia – em tempos republicanos. Patrocínio foi acusado de estimular a formação da "Guarda Negra", um bando de escravos libertos que agiam com violência nos comícios republicanos. Era um "isabelista". </span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Em 1889, aderiu ao movimento republicano: tarde demais para agradar aos adeptos do novo regime, mas ainda em tempo para ser abandonado pelos ex-aliados. Em 1832, depois de atacar o ditador de plantão, marechal Floriano, Patrocínio foi exilado na Amazônia. Rui Barbosa o defendeu, num texto vigoroso. "Que sociedade é essa, cuja consciência moral mergulha em lama, ao menor capricho da força, as estrelas de sua admiração?" Em 93, Patrocínio voltou ao Rio, mas, como continuou o "Marechal de Ferro", seu jornal foi fechado. A miséria bateu-lhe à porta e Patrocínio mudou-se para um barracão no subúrbio. Por anos, dedicou-se a um projeto delirante: construir um dirigível de 45 metros de comprimento. A nave jamais se ergueria do chão.</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjv5y5aGh1ZPXHIwvemgfiPPGURIShdNvre1WS2Z0UGjxJOMF_4JE_DA4C3xjnisltHSbecclaMz0s5U8byWMq7cTg2r0HxXrbpqpGELXDhZftbmInGmUByss4QlaB3YXKa8HS3SeXSI8AW/s1600/carta_jose_do_patrocinio.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjv5y5aGh1ZPXHIwvemgfiPPGURIShdNvre1WS2Z0UGjxJOMF_4JE_DA4C3xjnisltHSbecclaMz0s5U8byWMq7cTg2r0HxXrbpqpGELXDhZftbmInGmUByss4QlaB3YXKa8HS3SeXSI8AW/s400/carta_jose_do_patrocinio.jpg" width="361" /></a></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="color: #783f04; font-size: x-small;"> [Carta de José do Patrocinio]</span></span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"> </span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">No dia 29 de janeiro de 1905, José do Patrocínio sentou-se em frente da sua pequena escrivaninha no modesto barracão em que vivia no bairro de Inhaúma, no Rio de Janeiro. Começou a redigir: “Fala-se na organização de uma sociedade protetora dos animais. Tenho pelos animais um respeito egípcio. Penso que eles têm alma, ainda que rudimentar, e que têm conscientemente revoltas contra a injustiça humana. Já vi um burro suspirar depois de brutalmente espancado por um carroceiro que atulhava a carroça com carga para uma quadriga, e que queria que o mísero animal a arrancasse do atoleiro...” Não terminou a palavra nem a frase – Um jato de sangue jorrou-lhe da boca. O “Tigre do Abolicionismo” – pobre e desamparado – morria, imerso em dívidas e mergulhado no esquecimento. </span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"> </div><div class="fonte" style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Fonte: www.culturabrasil.pro.br </span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"> </div><h6 style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"></span></h6><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"> </div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: small; margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Militares e civis deportados para a Amazônia. José do Patrocínio é o terceiro da esquerda para a direita " border="0" src="http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/jose-do-patrocinio/imagens/jose-do-patrocinio-6.jpg" width="350" /><br />
<b>Militares e civis deportados para a Amazônia. </b></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: small; margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><b>José do Patrocínio é o terceiro da esquerda para a direita </b></span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"> </div><div class="fonte" style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Fonte: www.projetomemoria.art.br</span></div>Revista Literáriahttp://www.blogger.com/profile/10160769599934066285noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5287993549416225045.post-67180020633982803872010-11-05T11:46:00.000-07:002010-11-13T11:51:02.855-08:00<div style="color: #783f04; text-align: center;"><b><span style="font-size: small;">Carolina Maria de Jesus</span></b></div><div><div style="color: black;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial;"><span style="font-family: Verdana;"><div align="justify" class="middle" id="collection"><div class="content"><div class="portal"><table border="0" cellpadding="1" cellspacing="1" summary=""><tbody>
<tr> <td style="text-align: justify;" valign="top" width="20%"><img align="top" alt="" height="320" src="http://acervos.ims.uol.com.br/local/Image/biblioteca/CMJ02.JPG" width="241" /><br />
<img alt="" height="252" src="http://acervos.ims.uol.com.br/local/Image/biblioteca/CMJ01.JPG" width="320" /><br />
<img alt="" height="248" src="http://acervos.ims.uol.com.br/local/Image/biblioteca/CMJ03.JPG" width="320" /></td> <td style="text-align: justify;"></td> <td valign="top"><div style="text-align: justify;"> Carolina Maria de Jesus nasceu em Sacramento, interior de Minas Gerais, em 14 de março de 1914. Estudou até o segundo ano primário. Migrou para São Paulo em 1947, indo morar na extinta favela do Canindé, na zona norte. Nessa cidade, trabalha como doméstica, não se adaptando, contudo, a esse tipo de trabalho. Passa a trabalhar como catadora de papel, trabalho que realiza até sua morte, em 1977. Carolina nunca se casou e teve três filhos. </div><div style="text-align: justify;">Até aqui, temos uma história que poderia ser a de qualquer outra mulher brasileira pobre: negra, semi-alfabetizada, favelada, como tantas que existem pelo Brasil afora, não fosse por um detalhe – a paixão de Carolina Maria de Jesus pela leitura e pela escrita. Carolina dividia seu tempo entre catar papel, cuidar dos filhos e escrever. </div><div style="text-align: justify;">Em 1958, aparece a primeira reportagem sobre Carolina no jornal Folha da Noite. No ano seguinte, é a vez da revista O Cruzeiro divulgar o retrato da favela feito por Carolina. </div><div style="text-align: justify;">Em meados da década de 1960, o jornalista Audálio Dantas, ao visitar a favela do Canindé para escrever uma matéria sobre a expansão do local, conhece Carolina, que lhe entrega os manuscritos de seu diário. Surge então seu primeiro livro, Quarto de despejo, livro-diário em que relata a fome cotidiana, a miséria, os abusos e preconceitos sofridos por ela, seus filhos e outros moradores da favela. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div align="left"><br />
</div><div align="left"><br />
</div><div align="left"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjctu8z2-WHKVBuvyKzxMtlG9kTGsgC-cUNcM27892B6uBbvWlHkRUo2xG4-G9j3_ZNxt5ZbrpGGtPF2RhTQsD9FLrJXtSBo8blK2j-uvncPyGT_HEMMGb9s_oY02ZBye31OXDD8cxnOlzQ/s1600/429.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjctu8z2-WHKVBuvyKzxMtlG9kTGsgC-cUNcM27892B6uBbvWlHkRUo2xG4-G9j3_ZNxt5ZbrpGGtPF2RhTQsD9FLrJXtSBo8blK2j-uvncPyGT_HEMMGb9s_oY02ZBye31OXDD8cxnOlzQ/s400/429.jpg" width="287" /></a></div><div align="left"><br />
</div></td></tr>
<tr> <td colspan="3"><div style="text-align: justify;">Quarto de despejo foi lançado pela Livraria Francisco Alves em agosto de 1960 e editado oito vezes no mesmo ano; mais de 70 mil exemplares foram vendidos na época. Para se ter uma idéia do sucesso, para uma tiragem então ser considerada bem-sucedida, era preciso alcançar a margem de, aproximadamente, quatro mil exemplares. Nos cinco anos seguintes, Quarto de despejo foi traduzido para 14 idiomas e alcançou mais de 40 países, como Dinamarca, Holanda, Argentina, França, Alemanha, Suécia, Itália, Tchecoslováquia, Romênia, Inglaterra, Estados Unidos, Rússia, Japão, Polônia, Hungria e Cuba. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyFb1ECkPTUknL2qWAgfmjkbbT3avMbkMYsXesUvbOsIURPVMhwo1fBqEQjoI8GOl7EXG5g1bAWP0K3iOjNi_uUQyuEj7c2hyBNIRV9_Fd0SQQ1Lgrp5WDdhgFKO5Nqsr6Vn1gS8haRHf7/s1600/escritora+Carolina+Maria+de+Jesus..jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyFb1ECkPTUknL2qWAgfmjkbbT3avMbkMYsXesUvbOsIURPVMhwo1fBqEQjoI8GOl7EXG5g1bAWP0K3iOjNi_uUQyuEj7c2hyBNIRV9_Fd0SQQ1Lgrp5WDdhgFKO5Nqsr6Vn1gS8haRHf7/s320/escritora+Carolina+Maria+de+Jesus..jpg" width="320" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Além de Quarto de despejo, Carolina também publicou Casa de alvenaria (1961), Provérbios e Pedaços da fome (1963) e Diário de Bitita (publicação póstuma, realizada em 1982, pela editora francesa A. M. Métailié). <br />
Há indícios, na prosa da escritora, de que ela teria tido acesso a obras de grandes escritores brasileiros, provavelmente nas casas em que trabalhou, o que explicaria as menções em suas obras a poetas como Casimiro de Abreu e Castro Alves. Em seus livros, Carolina alterna incorreções ortográficas, sintáticas e de pontuação – reflexos da linguagem oral – com o emprego correto de termos específicos da linguagem escrita culta. <br />
Outro traço particular de Carolina Maria de Jesus é a sua consciência política e social. Passagens de seus livros mostram que a escritora estava sempre a par do que acontecia não só em São Paulo, mas também em outros Estados, provavelmente por meio de notícias lidas em jornais que via nas bancas. </div><div style="text-align: justify;">Apesar de todo o sucesso de seu primeiro livro, as publicações seguintes da autora não tiveram êxito, e Carolina caiu no esquecimento. Pobre, morreu na casa em que morava com o filho mais velho, no bairro de Parelheiros, em São Paulo, no dia 13 de fevereiro de 1977. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div></td></tr>
</tbody></table><b>Pesquisa e texto: Maria Paula Galdino Miyashiro </b></div></div></div></span></span><b><span style="font-family: Arial;"> <div align="justify" style="margin: 0px 0px 3px;"><br />
</div></span></b></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial;"><div align="justify"><div style="text-align: center;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6TP-yWQKGGYYQSlTPH-P-VmPgjhqJLuy4LXf6OnaAH-dU5FBABUUPEUhyqKuUYoeXY5hqvZSYrqDqBRiBOEyiftLURljEjfNVC_jHuIUH7gDBbwPd5950jJB4MJaPqbsp6bj4_HfPDezs/s1600-h/Carolina+Maria+de+Jesus.jpg"><span style="font-family: Verdana;"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5318245706977028370" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6TP-yWQKGGYYQSlTPH-P-VmPgjhqJLuy4LXf6OnaAH-dU5FBABUUPEUhyqKuUYoeXY5hqvZSYrqDqBRiBOEyiftLURljEjfNVC_jHuIUH7gDBbwPd5950jJB4MJaPqbsp6bj4_HfPDezs/s400/Carolina+Maria+de+Jesus.jpg" style="float: left; height: 169px; margin: 0px 10px 10px 0px; width: 150px;" /></span></a><span style="font-family: Verdana;"> </span></b><span style="font-family: Verdana;"><b><span style="color: #783f04;">“Eu, que sou exótica,</span><br style="color: #783f04;" /><span style="color: #783f04;"> gostaria de recortar</span><br style="color: #783f04;" /><span style="color: #783f04;"> um pedaço do céu</span><br style="color: #783f04;" /><span style="color: #783f04;"> para fazer</span><br style="color: #783f04;" /><span style="color: #783f04;"> um vestido”</span></b><br />
</span></div><span style="font-family: Verdana;">Carolina Maria de Jesus (1914-1977). Escritora, publicou seu primeiro livro, Quarto de Despejo, em 1960, best-seller escrito a partir de anotações feitas sobre seu cotidiano na favela onde morou em São Paulo. Esta obra alcançou recordes de venda, foi traduzida para 13 idiomas e lançada em mais de 40 países. </span></div></span></span></div><div style="color: black;"></div><div style="color: black;"><span style="font-size: small;"><div style="margin: 0px 0px 3px; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial;"></span> </div></span><span style="font-size: small;">Retornar...</span></div></div>Revista Literáriahttp://www.blogger.com/profile/10160769599934066285noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5287993549416225045.post-37844008654609072262010-11-04T02:20:00.000-07:002010-11-05T02:45:35.563-07:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiU3MWscqbDrJ50ZgPEtGGb04OaiSD_tZhtatRh_Q4c2r6c40LkovcMd_gc0qOrHfadJAgUogpZmEmJBQ0V5U6OFG-M17ibxGq0u9GVxdSVJiDt9_knM9WOMoqyuUedVdFPkJUPggqVLfRc/s1600/cn.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="416" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiU3MWscqbDrJ50ZgPEtGGb04OaiSD_tZhtatRh_Q4c2r6c40LkovcMd_gc0qOrHfadJAgUogpZmEmJBQ0V5U6OFG-M17ibxGq0u9GVxdSVJiDt9_knM9WOMoqyuUedVdFPkJUPggqVLfRc/s640/cn.jpg" width="640" /></a></div><br />
<div class="MsoNormal" style="color: #783f04; line-height: 150%; margin-bottom: 6pt; text-align: center;"><span style="font-size: small;"><b><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; line-height: 150%;">Conceição Evaristo – Poemas da recordação e outros movimentos</span></b></span></div><div class="MsoNormal" style="color: #783f04; line-height: 150%; margin-bottom: 6pt; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: small;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8VMH-pojyd-CA3xZVL-14IYLIfZx7hDR1dyXq4jcbyEQQWod6969LCUI_sxr3cj_KK65M_trh8X8_QiJB0_Jceghsch9OdoSFh6mCMZ2Y-jKJKv911SPVP8qrrjJ2ztFOSLB86-yMdDGT/s1600/ce.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8VMH-pojyd-CA3xZVL-14IYLIfZx7hDR1dyXq4jcbyEQQWod6969LCUI_sxr3cj_KK65M_trh8X8_QiJB0_Jceghsch9OdoSFh6mCMZ2Y-jKJKv911SPVP8qrrjJ2ztFOSLB86-yMdDGT/s400/ce.jpg" width="300" /></a></span></div><div class="MsoNormal" style="color: #783f04; line-height: 150%; margin-bottom: 6pt; text-align: center;"><br />
</div><div style="color: #783f04;"></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6pt; text-align: right;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; line-height: 150%;"><b><span style="color: #783f04;"> por Ricardo Riso</span></b></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6pt; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; line-height: 150%;">Hoje não é nenhum absurdo nem exagero afirmar que Conceição Evaristo é a principal voz feminina da nossa literatura afro-brasileira. Por isso, devemos celebrar o lançamento de “Poemas de recordação e outros movimentos”, pela editora Nandyala, em 2008, antologia poética que reúne poemas do passado e inéditos dessa mineira de Belo Horizonte, nascida em 29 de novembro de 1946. </span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6pt; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; line-height: 150%;">Desde os anos 1970 radicada no Rio de Janeiro, formada em Letras, Mestre em Literatura Brasileira pela PUC/RJ e Doutora em Literatura Comparada pela UFF/RJ, Evaristo teve sua estreia literária em 1990, na série Cadernos Negros, publicação anual editada pelo Grupo Quilombhoje com o intuito de lançar escritores afro-brasileiros, projeto iniciado em 1978. A partir daí, a poeta começou a ter seus textos, que navegam entre a poesia, o conto e o romance, em diversas antologias nacionais e estrangeiras. Individualmente, publicou os seguintes romances: “Ponciá Vicêncio” (2003 e já na segunda edição) e “Becos da Memória” (2006).</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6pt; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; line-height: 150%;">A obra de Conceição Evaristo conduz-nos a um profundo mergulho na memória que navega entre as recordações individual e coletiva, “a memória bravia lança o leme:/ Recordar é preciso”. Logo somos banhados pelas “águas-lembranças” de Evaristo que se posiciona como mulher negra e da comunidade negra em geral para transformar em poesia as suas “escrevivências”. Estas são motivadas pelas lembranças familiares, formadoras do binômio vida-poesia, destacando-se a convivência com a mãe, “mulher de pôr reparo nas coisas,/ e de assuntar a vida”, e que “me ensinou,/ insisto, foi ela,/ a fazer da palavra/ artifício/ arte e ofício/ do meu canto/ da minha fala”, o aprendizado oral pelos provérbios, “quando se anda descalço/ cada dedo olha a estrada”, e também do contato frutífero com a Tia Lia que “temperando os meus dias/ misturava o real e os sonhos/ inventando alquimias./ (...) Houve um tempo/ em que a velha/ me buscava/ e eu menina/ com os olhos/ que ela me emprestava,/ via por inteiro/ o coração da vida”.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6pt; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; line-height: 150%;">O cruel desenvolvimento das adversidades pelas quais passam as mulheres negras através dos tempos, configurando a dor e as experiências de injustiças sociais, são demonstrados no poema “Vozes-Mulheres”, no qual o sujeito lírico retoma as dores sofridas pela bisavó no passado de violenta escravidão, como ecos na memória de “lamentos/ de uma infância perdida”. Relembra a submissão sofrida pela avó ainda escrava diante da “obediência/ aos brancos-donos de tudo”, recorda os ecos das dores de sua mãe “no fundo das cozinhas alheias/ debaixo de trouxas/ roupagens sujas dos brancos”. Até chegar no tempo presente, na sua voz que ainda “ecoa versos perplexos/ com rimas de sangue/ e/ fome”, para atingir a consciência madura de sua filha, voz que “recorre todas as nossas vozes” e que se quer livre: “Na voz de minha filha/ se fará ouvir a ressonância/ o eco da vida-liberdade”.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6pt; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; line-height: 150%;">A condição feminina aparece com frequência em seus poemas. Em “Do fogo que em mim arde” a coisificação da mulher é combatida: “Sim, eu trago o fogo,/ o outro/ não aquele que te apraz”; conduzindo à metapoesia e à afirmação de um sujeito feminino pleno: “Sim, eu trago o fogo,/ o outro/ aquele que me faz,/ e que molda a dura pena/ de minha escrita./ É este o fogo/ o meu,/ o que me arde/ e cunha a minha face/ na letra-desenho/ do auto-retrato meu”. Portanto, verifica-se a rigidez de um sujeito lírico que possui a força de dar a vida, por fim, dar movimento ao mundo e que diz: “Eu fêmea-matriz/ Eu força-motriz/ Eu-mulher”.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6pt; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; line-height: 150%;">Ao posicionar-se como negra e ao fazer literatura com cariz afro-brasileiro, torna-se inevitável apresentar temas que não integram o cânone e são excluídos por ele, tal como a denúncia do racismo presente em nossa sociedade que a ordem estabelecida insiste em negar e persiste com a mentira de que vivemos em uma democracia racial. Os poemas de Evaristo invocam este e outros assuntos referentes ao nosso cotidiano de cidadão negro e o poema “Meu Rosário” é um excelente exemplo por tratar da religiosidade híbrida brasileira – “Nas contas de meu rosário eu canto Mamãe Oxum e falo/ padres-nossos, ave-marias” –, a discriminação permanente que o negro é submetido em uma cerimônia cristã – “As coroações da Senhora, em que as meninas negras,/ apesar do desejo de coroar a Rainha,/ tinham de se contentar em ficar ao pé do altar/ lançando flores” –, escancara o subemprego dos nossos pares – “As contas do meu rosário fizeram calos/ nas minhas mãos/ pois são contas do trabalho na terra, nas fábricas,/ nas casas, nas escolas, nas ruas, no mundo”. Entretanto, permanecem os “sonhos de esperanças” e a transformação do verbo em poesia – “E neste andar de contas-pedras,/ o meu rosário se transmuta em tinta,/ me guia o dedo,/ me insinua a poesia”.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6pt; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; line-height: 150%;">Intertextualizando com Carlos Drummond de Andrade, para nós negros há sempre incontáveis “pedras no meio do caminho”. Para suportar e superar “a áspera intempérie/ dos dias”, necessita-se assumir “a ousada esperança/ de quem marcha cordilheiras/ triturando todas as pedras/ da primeira à derradeira”, “moldando fortalezas-esperanças” para sobreviver diante de tantas desigualdades e perseguições ao nosso povo, principalmente aos jovens, vítimas constantes da violência policial e demonstrada com sutileza pelo sujeito lírico: “E pedimos/ que as balas perdidas/ percam o rumo/ e não façam do corpo nosso,/ os nossos filhos,/ o alvo”. Fatos recorrentes que revoltam, o incômodo por séculos de opressão não segura mais a língua metamorfoseando a conjungação dos verbos: “E não há mais/ quem morda a nossa língua/ o nosso verbo solto/ conjugou antes/ o tempo de todas as dores”. Sendo assim, o sujeito lírico atua como agente de mudança da História e propõe o seu grito de liberdade: “E o silêncio escapou/ ferindo a ordenança/ e hoje o anverso/ da mudez é a nudez/ do nosso gritante verso/ que se quer livre”.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6pt; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; line-height: 150%;">Devemos frisar que o poeta afro-brasileiro é um partícipe ativo – e por sinal, incômodo – da presença negra na literatura brasileira, assim como possui plena consciência da necessidade de uma revisão crítica da História oficial que minimiza o passado de séculos de escravidão e a exclusão social que se perpetua para a maioria de nossos pares na contemporaneidade. Só resta ao sujeito lírico cumprir seu papel e assumir essa condição, ou seja, denunciar “o que os livros escondem,/ as palavras ditas libertam. E não há quem ponha/ um ponto final na história”.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6pt; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; line-height: 150%;">Com isso, os poemas de Conceição Evaristo possuem o predomínio temático das diversas e urgentes questões afro-brasileiras e também da mulher, todavia, sua poesia navega com desenvoltura pela metapoética, demonstrando reverência ao verbo poético, transbordando lirismo e emocionando as retinas: “Quando eu morder/ a palavra,/ por favor/ não me apressem,/ quero mascar,/ rasgar entre os dentes,/ a pele, os ossos, o tutano/ do verbo,/ para assim versejar/ o âmago das coisas”.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6pt; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; line-height: 150%;">E é assim “crivando buscas/ cavando sonhos/ aquilombando esperanças/ na escuridão da noite” e cosendo “a rede/ de nossa milenar resistência” que a poesia de Conceição Evaristo insiste na defesa inquestionável dos negros, persiste com as denúncias às condições discriminatórias sofridas por nós e amadurece em sua estrutura estético-formal. “Poemas da recordação e outros movimentos” mostram um verbo depurado de uma autêntica artífice da linguagem, marcando a sua posição destacada na construção de uma literatura afro-brasileira autônoma, para além de configurar a inclusão do nome de Conceição Evaristo entre o que vem sendo produzido de melhor qualidade na literatura brasileira contemporânea.</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; line-height: 150%;"><a href="http://literaciarevistacultural.blogspot.com/">Retornar... </a></span></span></div>Revista Literáriahttp://www.blogger.com/profile/10160769599934066285noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5287993549416225045.post-81635127804878635282010-11-03T02:32:00.000-07:002010-11-05T02:46:14.495-07:00<div class="MsoNormal" style="color: #783f04; line-height: 150%; margin-bottom: 14.4pt; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><b><i><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; line-height: 150%;">Cuti – compromisso com a afirmação da consciência negra na poesia afro-brasileira</span></i></b></span></div><div class="MsoNormal" style="color: #783f04; line-height: 150%; margin-bottom: 14.4pt; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><b><i><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; line-height: 150%;"></span></i></b></span></div><div class="MsoNormal" style="color: #783f04; line-height: 150%; margin-bottom: 14.4pt; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><b><i><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; line-height: 150%;"></span></i></b></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAUfHDj05RAoO_PNu4vJVcVboHePiqua0OhMESL7ggMNU1NHiY65yNPJOQCm5MLhp07ISLn2Oj_1jRbvGrGuezNE1PNRw0nZxS2tQSaVd1tNC2FWaP_H7C2Ct0P8sGNOn8MFCtjhurvcQp/s1600/40047.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAUfHDj05RAoO_PNu4vJVcVboHePiqua0OhMESL7ggMNU1NHiY65yNPJOQCm5MLhp07ISLn2Oj_1jRbvGrGuezNE1PNRw0nZxS2tQSaVd1tNC2FWaP_H7C2Ct0P8sGNOn8MFCtjhurvcQp/s400/40047.jpg" width="285" /></a></div><div align="right" class="MsoNormal" style="color: #783f04; margin-left: 4cm; text-align: right;"><br />
</div><div align="right" class="MsoNormal" style="color: #783f04; margin-left: 4cm; text-align: right;"><br />
</div><div align="right" class="MsoNormal" style="color: #783f04; margin-left: 4cm; text-align: right;"><span style="font-size: small;"><i><span style="font-family: "Verdana","sans-serif";">sou a ave da noite / sou ávida noite / que bate asas de vento / e traz um canto agourento / ao sonho dos opressores / e traz um canto suave / a despertar outras aves / pro revoar da justiça (CUTI. Ave. p. 76)</span></i></span></div><div align="right" class="MsoNormal" style="color: #783f04; margin-left: 4cm; text-align: right;"><br />
</div><div align="right" class="MsoNormal" style="color: #783f04; margin-left: 4cm; text-align: right;"><span style="font-size: small;"><i><span style="font-family: "Verdana","sans-serif";"><b>por Ricardo Riso </b></span></i></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.4pt; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; line-height: 150%;">A epígrafe assinala o compromisso de Cuti, pseudônimo de Luís Silva, na conscientização do negro brasileiro. Além de ser um dos criadores e mantenedores da importante publicação “Cadernos Negros”, Cuti tornou-se nome de referência destacando-se no panorama literário, social e intelectual brasileiro por sua expressiva produção literária, pela coerente defesa dos seus ideais e reivindicações em prol da população afro-descendente, massacrada por séculos de submissão e opressão.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.4pt; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; line-height: 150%;">Com uma produção multifacetada, Cuti passeia com desenvoltura, rigor e excelência pela poesia, prosa, teatro, ensaios etc. sempre tendo como preocupação primeira revelar as desigualdades impostas pelas relações étnico-raciais e em elevar a autoestima do afro-descendente brasileiro. Com isso, o reconhecimento e o respeito ao seu trabalho ultrapassa as barreiras “invisíveis” da sociedade brasileira impondo-se pela ótima qualidade de sua escritura, o que fica evidente na leitura dos 84 poemas selecionados pelo autor na antologia “Negroesia” (Belo Horizonte: Mazza Edições, 2007).</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.4pt; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; line-height: 150%;">Abrangendo sua produção poética desde 1978, ano de sua estreia, Cuti acrescenta dez poemas inéditos na edição de “Negroesia”. Dividida em quatro partes: Cochicho, Aluvião, Chamego e Axé, anunciam as temáticas que perpassam os textos reunidos por um sujeito lírico criativo, inovador e dissonante na maneira como subverte o discurso da ordem estabelecida, reformulando pensamentos e atitudes, chamando atenção para as injustas condições sociais e sendo incisivo na crítica à consciência submissa do negro.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.4pt; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; line-height: 150%;">A preocupação em denunciar as mazelas da língua revela-se em diversos poemas, sendo enfrentadas pelo sujeito lírico que recorre a figuras de linguagem como anáforas, assonâncias e aliterações; ora é lúdico, ora é lírico; às vezes irônico e sarcástico; ora polissêmico, ora em surpreendentes neologismos. Em relação à forma, encontramos poemas curtos e longos, alguns em prosa demonstrando a versatilidade do autor.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.4pt; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; line-height: 150%;">A perversidade do racismo à brasileira é escancarada na constante autocensura do negro em várias situações humilhantes do cotidiano: “às vezes sou o policial que me suspeito / me peço documentos / e mesmo de posse deles / me prendo / e me dou porrada (...) / às vezes sou o meu próprio delito / o corpo de jurados / a punição que vem com o veredicto (...)” (p. 53). Tal consciência do negro, reveladora de sua baixa autoestima, torna-o incapaz de ser agente da história e conquistar sua dignidade, mostrando o quanto é pernicioso o discurso dominante. O curto poema “Medo Medular” expõe esse problema: “todo mundo tem medo / da vingança do preto / até o preto” (p. 48). </span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.4pt; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; line-height: 150%;">Por outro lado, o sujeito lírico está “atento / contra o jogo da humilhação e / do cansaço” (p. 39), em sua luta diária para afirmar sua identidade negra desprezada por séculos pela elite social branca. Não se entrega, resiste, faz da fruição poética o espaço para almejar os novos tempos conduzidos por um novo homem negro, “o negro pronto (...) com suor dilui espinhos / do horizonte cria músculos / e semeia o novo no crepúsculo” (p. 39-40). Como “está se fazendo sempre” (p. 39), o sujeito lírico, como “um peixe fora d’água”, insurge contra manifestações aparentemente inofensivas de desprezo a sua etnia, recorre à polissemia para demonstrar sua posição em “Para ouvir e entender ‘estrela’”: “se o papai-noel / não trouxer boneca preta / neste natal / meta-lhe o pé no saco!” (p. 42)</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.4pt; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; line-height: 150%;">No seu papel de conscientização e de elevar a moral do negro, o sujeito lírico utiliza a metapoesia em diversas situações, reconfigurando as significações, abalando os sentidos, desestruturando as certezas e rebelando-se contra a linguagem opressiva busca metáforas impactantes para eliminar a autocensura, cria neologismo (poesídios) para libertar-se do encarceramento imposto, como em “Negroesia”: </span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-left: 2cm; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif";">“enxurrada de mágoas sobre os paralelepípedos / por onde passam carroções de palavras duras / com seus respectivos instrumentos de tortura // entre silêncios / augúrios de mar e rios / o poema acende seus pavios / e se desata / do vernáculo que mata // ao relento das estrofes / acolhe os risos afros / embriagados de esquecimento e suicídio / no horizonte do delírio // e do âmago do desencanto contesta as máscaras / lançando explosivas metáforas pelas brechas dos <i>poesídios</i> / contra o arsenal do genocídio.” (p. 29)</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.4pt; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; line-height: 150%;">Mostrando-se atento ao seu tempo e compromissado em diminuir as injustiças até então perpetuadas a seus pares, o sujeito lírico revolta-se contra a hipocrisia da classe dominante que destina espaços específicos e limitados para suas reivindicações, e manifesta sua indignação em “A Trajehistória”: </span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-left: 2cm; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif";">“então dirigi meu verbo indignado aos palacetes onde anos a fio passei a desfiar meu rosário de denúncias com a fé inabalável de que as flores brotariam em maio e os frutos em novembro. distintas senhoras e senhores conversavam na varanda ouviam meus discursos aplaudiam e quando minhas palavras secavam ordenavam que me servissem bebidas finas. e diziam:<i> – estamos estudando... estamos estudando... estamos estudando... as suas reivindicações...</i> (p. 79)</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.4pt; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; line-height: 150%;">Quando “a noite entrou toda nua e decidida com seus versos iansânicos” (p. 79), o sujeito lírico apreende que jamais terá suas reivindicações atendidas pelos caminhos liberados pelo poder. Resta o abandono à submissão, o sofrimento com as consequências de sua decisão; porém, retorna ao passado e recria com afeto o quilombo, o local que seus antepassados conseguiam manter a autonomia da identidade negra, ainda o espaço simbólico de libertação para os dias atuais e para unir os seus pares nas lutas vindouras:</span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-left: 2cm; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif";">por isso eu fugi e criei este quilombo no lado esquerdo do peito. Aqui flores e alimento nascem de janeiro a janeiro e outros fugitivos são recebidos com um canto guerreiro e podem adormecer com uma cantiga de ninar. (p. 80)</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.4pt; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; line-height: 150%;">Apesar da poesia cutiana ser incisiva ao defender o negro, o afeto é frequente como forma de acalanto às dores sofridas por séculos de desprezo e humilhações, fragmentando e dilacerando o negro. Ler os poemas de Cuti é como receber um “abraço fraterno” (p. 67); com lirismo, os versos procuram recompor a história do negro: </span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-left: 2cm; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif";">eu vou ao mar pedir à maré-cheia / que despeje no meu coração tudo o que é meu / dessa longa e interminável viagem / de ser preso de um lado / retalhado do outro / e desacreditado depois // (...) eu vou ao mar lançar minha rede / tecida em caminhos de fuga / quilombola / pois minha falta de mim / minha falta de tribo / saímos de madrugada em busca de raízes afogadas / raízes suculentas no coração da história (p. 61-62)</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.4pt; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; line-height: 150%;">Sensível ao problema da educação brasileira, pois “a corte sempre ordena / que se barre a nossa gente” (p. 57), que não se esforça em elaborar um plano educacional inclusivo, a fim de respeitar e considerar a diversidade étnico-racial do país, o sujeito lírico, “em secular esforço / de superar-se coisa e se fazer pessoa” (p. 73), apresenta a defesa coerente do regime de cotas e ações afirmativas: “cota é só a gota afrouxando botas / de um exército / para o exército da equidade // cota não reforça derrota / equilibra / entre ponto de partida / e ponto de chegada / a vitória coletiva / reinventada” (p. 74).</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.4pt; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; line-height: 150%;">Ao percorrer as páginas de “Negroesia” deparamo-nos com poemas que são como “foice aparando o coice da prepotência” (p. 16) do discurso vigente, de um sujeito lírico que explora os extremos das potencialidades da língua para desmascarar as artimanhas do racismo e fazer da tessitura poética o local para “quebrar todo os elos dessa corrente de desesperos” (p. 50). Por ser “daqueles que cobram o leite derramado” (p. 46), a poesia de Cuti ensina-nos a abrir “a porta enferrujada do silêncio” (p. 70), a abandonarmos nossas angústias, medos e pesadelos. Cuti crê na força do verbo poético atuando na transformação de novas consciências, na afirmação da identidade negra, na valorização da sua história coletiva, na justiça social que um dia se fará. </span></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXq2FkdPDRDkyoBDLjuui4McUqO2gKRU6rGtTHtTWdNCVcph_q54j7niIJtwHDGS_XXYRXmVbFmLHYzpx3RgZP7TgrZhpwGEnQ_LQEOG66CM4J51IIk1b40uQvix7Rul3IlgEVy84NGnSh/s1600/cuti1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXq2FkdPDRDkyoBDLjuui4McUqO2gKRU6rGtTHtTWdNCVcph_q54j7niIJtwHDGS_XXYRXmVbFmLHYzpx3RgZP7TgrZhpwGEnQ_LQEOG66CM4J51IIk1b40uQvix7Rul3IlgEVy84NGnSh/s320/cuti1.jpg" width="257" /></a></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.4pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="color: #783f04; line-height: 150%; margin-bottom: 14.4pt; text-align: justify;"><a href="http://literaciarevistacultural.blogspot.com/"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; line-height: 150%;">Retornar... </span></span></a></div>Revista Literáriahttp://www.blogger.com/profile/10160769599934066285noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5287993549416225045.post-39364674630216922532010-11-02T02:40:00.000-07:002010-11-05T14:23:20.897-07:00<div style="text-align: justify;"><div style="text-align: justify;"><div style="color: #783f04; text-align: center;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMoxEB-_F6Z52r5QGAkf0P9tc7rKk2SwXlGWyenHR0ZfAyaleNr26dYw81auGSrlll87sAaX0glPDo6kPxKCaCe0N7kiPrrmwXM3dKBdJ9-C5d4UpnZY1XQcyTylDnk9r38dAAYZlQk6v3/s1600/logo-igualdade-racial.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMoxEB-_F6Z52r5QGAkf0P9tc7rKk2SwXlGWyenHR0ZfAyaleNr26dYw81auGSrlll87sAaX0glPDo6kPxKCaCe0N7kiPrrmwXM3dKBdJ9-C5d4UpnZY1XQcyTylDnk9r38dAAYZlQk6v3/s640/logo-igualdade-racial.jpg" width="564" /></a></div><b><span style="font-family: Comic Sans MS; font-size: x-small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif; font-size: small;"><b><br />
</b></span></span></b></div><div style="color: #783f04; text-align: center;"></div><div style="color: #783f04; text-align: center;"><br />
<div style="text-align: right;"><span style="font-family: Comic Sans MS; font-size: x-small;"><span style="font-size: 14px;"><span style="font-family: Franklin Gothic Medium;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif; font-size: small;">Lílian Maial</span></span></span></span></div></div><br />
<div style="color: black;"><span style="font-family: Comic Sans MS; font-size: x-small;"><span style="font-size: 14px;"><span style="font-family: Franklin Gothic Medium;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif; font-size: small;">Papai me chamava carinhosamente de "petinha", que é o jeitinho tatibitáti para "pretinha". Ele já me adivinhava um arco-íris, um caleidoscópio, uma nebulosa.</span></span></span></span></div><div style="color: black;"><span style="font-family: Comic Sans MS; font-size: x-small;"><span style="font-size: 14px;"><span style="font-family: Franklin Gothic Medium;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif; font-size: small;">Cresci incolor, transparente, imperceptível, sem máculas ou nódoas, sentindo na pele apenas o vento a eriçar pelos, ou o sol a dourar a alegria.</span></span></span></span></div><div style="color: black;"><span style="font-family: Comic Sans MS; font-size: x-small;"><span style="font-size: 14px;"><span style="font-family: Franklin Gothic Medium;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif; font-size: small;">Foi quando me deparei com o mundo e essa coisa maluca de dividir em nuanças: claro e escuro, branco e preto, feio e bonito, macho e fêmea. </span></span></span></span></div><div style="color: black;"><span style="font-family: Comic Sans MS; font-size: x-small;"><span style="font-size: 14px;"><span style="font-family: Franklin Gothic Medium;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif; font-size: small;">Bolas! Que diabos! Por que alguém deveria ser separado de outro alguém da mesma espécie, quando seres de espécies diferentes se dão bem? Se o homem possui animais de estimação para quem devota carinho, tempo, atenção e energia, por que não despende cotas semelhantes aos seres humanos que, afinal, são todos iguais na maneira de nascer, no DNA, na constituição física, nas sensações e sentimentos, nos potenciais?</span></span></span></span></div><div style="color: black;"><span style="font-family: Comic Sans MS; font-size: x-small;"><span style="font-size: 14px;"><span style="font-family: Franklin Gothic Medium;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif; font-size: small;">Nunca aceitei discriminação de espécie alguma. </span></span></span></span></div><div style="color: black;"><span style="font-family: Comic Sans MS; font-size: x-small;"><span style="font-size: 14px;"><span style="font-family: Franklin Gothic Medium;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif; font-size: small;">Um absurdo alguém se achar diferente de outro alguém (melhor ou pior), quando por dentro é igualzinho! Posso afiançar que somos todos iguais, eu já vi! Querem ver? Basta assistirem a uma cirurgia em indivíduos de cada região do mundo, e verificar que não dá pra identificar a “raça” por dentro.</span></span></span></span></div><div style="color: black;"><span style="font-family: Comic Sans MS; font-size: x-small;"><span style="font-size: 14px;"><span style="font-family: Franklin Gothic Medium;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif; font-size: small;">Se eu tenho olho azul, não sou diferente de quem tem olho verde, ou castanho, ou preto. Meu olhar, sim, pode ser diferente do seu, do que carregamos em nossos corações.</span></span></span></span></div><div style="color: black;"><span style="font-family: Comic Sans MS; font-size: x-small;"><span style="font-size: 14px;"><span style="font-family: Franklin Gothic Medium;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif; font-size: small;">Meu sangue é vermelho, e se esvai como o seu, numa hemorragia.</span></span></span></span></div><div style="color: black;"><span style="font-family: Comic Sans MS; font-size: x-small;"><span style="font-size: 14px;"><span style="font-family: Franklin Gothic Medium;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif; font-size: small;">Minhas lágrimas são cristalinas como as suas.</span></span></span></span></div><div style="color: black;"><span style="font-family: Comic Sans MS; font-size: x-small;"><span style="font-size: 14px;"><span style="font-family: Franklin Gothic Medium;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif; font-size: small;">Meus dentes são brancos, como os seus.</span></span></span></span></div><div style="color: black;"><span style="font-family: Comic Sans MS; font-size: x-small;"><span style="font-size: 14px;"><span style="font-family: Franklin Gothic Medium;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif; font-size: small;">Meu corpo se deteriora a cada dia, em direção ao prazo estabelecido de validade, como o seu.</span></span></span></span></div><div style="color: black;"><span style="font-family: Comic Sans MS; font-size: x-small;"><span style="font-size: 14px;"><span style="font-family: Franklin Gothic Medium;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif; font-size: small;">A dor da perda não é diferente. O riso da alegria também não. O amor, menos ainda. A esperança, essa é verde e universal.</span></span></span></span></div><div style="color: black;"><span style="font-family: Comic Sans MS; font-size: x-small;"><span style="font-size: 14px;"><span style="font-family: Franklin Gothic Medium;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif; font-size: small;">Então, é por isso que sou negra, como sou amarela, vermelha, azul, violeta, verde, rosa, roxa, marrom, bege, lilás, grená, e todas as cores que o pintor do universo resolveu misturar na aquarela da vida.</span></span></span></span></div><div style="color: black;"><span style="font-family: Comic Sans MS; font-size: x-small;"><span style="font-size: 14px;"><span style="font-family: Franklin Gothic Medium;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif; font-size: small;">Até hoje me lembro da brancura do sorriso de meu pai, e da negritude de seus olhos, que se misturaram no vermelho do meu sangue e na miscigenação do meu coração.</span></span></span></span></div><div style="color: black;"><span style="font-family: Comic Sans MS; font-size: x-small;"><span style="font-size: 14px;"><span style="font-family: Franklin Gothic Medium;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif; font-size: small;">Não tenho cor e sou todas as cores, pois pinto meus dias de liberdade e de amor à vida. Todas as vidas. De todas as cores. </span></span></span></span></div><div style="color: black;"><span style="font-family: Comic Sans MS; font-size: x-small;"><span style="font-size: 14px;"><span style="font-family: Franklin Gothic Medium;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif; font-size: small;">Enquanto houver necessidade de um dia de consciência negra, ou amarela, ou vermelha, ou branca, não haverá paz, e não haverá o verdadeiro amor no mundo.</span></span></span></span></div></div><div style="color: #783f04; text-align: justify;"><a href="http://literaciarevistacultural.blogspot.com/">Retornar...</a></div></div><span style="color: navy; font-family: Comic Sans MS; font-size: x-small;"><span style="font-size: 14px;"><span style="font-family: Franklin Gothic Medium;"><br />
</span></span></span>Revista Literáriahttp://www.blogger.com/profile/10160769599934066285noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5287993549416225045.post-64098451539379903192010-09-27T12:12:00.000-07:002010-09-27T12:12:02.068-07:00<div align="center" class="titlepost" style="color: #783f04; font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><b>Mãe preta</b></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQRwFvrwSIqUD0e97ojIPa2dxT8jahjDKTxJmOsEHtqPxZJlu90t3oikf3kBnJ4bNAAcYTdFk0-tgnbkRGy7W-V5uxPcfk3S7XdnhWTODf9vRT9PWeQ0VoCWDOeTrn8IXoui49OmSRe-fz/s1600/1916_resenhas_02.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQRwFvrwSIqUD0e97ojIPa2dxT8jahjDKTxJmOsEHtqPxZJlu90t3oikf3kBnJ4bNAAcYTdFk0-tgnbkRGy7W-V5uxPcfk3S7XdnhWTODf9vRT9PWeQ0VoCWDOeTrn8IXoui49OmSRe-fz/s640/1916_resenhas_02.jpg" width="488" /></a></div><div align="center" class="text" style="color: black; font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br />
</span><span style="font-size: small;"><b>Pele encarquilhada carapinha branca<br />
Gandôla de renda caindo na anca<br />
Embalando o berço do filho do sinhô<br />
Que há pouco tempo a sinhá ganhou<br />
Era assim que mãe preta fazia<br />
Criava todo o branco com muita alegria<br />
Porém lá na sanzala o seu pretinho apanhava<br />
Mãe preta mais uma lágrima enxugava<br />
Mãe preta, mãe preta<br />
Enquanto a chibata batia no seu amor<br />
Mãe preta embalava o filho branco do sinhô<br />
</b><b><span style="color: #783f04;">Duo Ouro Negro</span></b></span></div><div align="center" style="color: #783f04; font-family: Verdana,sans-serif;"><b><span style="font-size: small;"> Poema de Matheus Nunes (Caco Velho)</span></b></div>Revista Literáriahttp://www.blogger.com/profile/10160769599934066285noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5287993549416225045.post-38463212344884563672010-09-27T11:14:00.000-07:002010-09-27T11:14:47.343-07:00<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;">Dia Nacional da Mãe Preta</span></b></div><div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;">28 de Setembro</span></b></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcP9z4Ul33KleqOAeg5eUwSa4WWplaYULZHutUaRDfk3j9PnZ0xPNjQdT7Kv-E3lvEHlGoMoGApzcNDrdjjHT7FzZxH6FcdU_xWes6zE18Fm3oiH7SQpukq1fk-AxNxjwFkc3OLsDF61rQ/s1600/GEDC3198.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcP9z4Ul33KleqOAeg5eUwSa4WWplaYULZHutUaRDfk3j9PnZ0xPNjQdT7Kv-E3lvEHlGoMoGApzcNDrdjjHT7FzZxH6FcdU_xWes6zE18Fm3oiH7SQpukq1fk-AxNxjwFkc3OLsDF61rQ/s640/GEDC3198.JPG" width="480" /></a></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;">Por um lado, prevalece há séculos a noção convencional da Mãe Preta construída pela sociedade racista: um símbolo de subordinação, abnegação e bondade passiva. </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;">Por outro lado, surge o retrato da mulher negra construído por ela própria na ação social, na militância política e na vivência cultural.</span></div><blockquote><blockquote><blockquote><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;">Mãe Preta ( Autor: José de Freitas (1889-1984) </span></b></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;">Foram muitos "nenéns" que se amamentaram<br />
Pretos e brancos, todos recém-nascidos <br />
Dos brancos até doutores se formaram<br />
São irmãos de leite, porém desconhecidos. </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;">Na Senzala à tarde faziam oração <br />
Para agradecer a Deus o trabalho do dia, <br />
E para "Mãe Preta" com fé e boa intenção<br />
Encerrava-se a reza com a "Ave Maria":<br />
Um monumento por filhos desconhecidos:<br />
Até em ouro poderiam erigi, <br />
Em troca dos afagos também recebidos <br />
De quem muitas das noites passou sem dormir. </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;">Salvem mães pretas escravas santas <br />
Que por Deus serão sempre abençoadas,<br />
Já deram vidas à muitas crianças <br />
Até mesmo à crianças enjeitadas. <br />
Mãe preta de nome bem aventurado,<br />
Representando a santa mãe Universal.<br />
Sois digna de uma data feriado<br />
Com bandeira hasteada e hino Nacional. </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;">Fonte: Unicamp</span></div></blockquote></blockquote></blockquote><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;">A MÃE PRETA</span></b><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;"></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;">Afinal,o dia dela chegou;dia de homenagear um dos pilares na formação social e cultural da família brasileira nos séculos XVIII e XIX,a ama-de-leite,a mãe preta,que forjou a personalidade de muitas gerações de brasileiros,principalmente no Nordeste.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;">As iaiás coloniais casavam muito cedo,não só para proteção contra os apelos da carne,como também,pela escassez de mulheres brancas ,indispensáveis á formação das famílias brasileiras.</span></div><blockquote><blockquote><blockquote><blockquote><blockquote><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;">Meu S. João.casai-me cedo</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;">Enquanto sou rapariga,</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;">Que o milho rachado tarde</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;">Não dá palha,nem espiga.</span></div></blockquote></blockquote></blockquote></blockquote></blockquote><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;">A ama era figura fundamental na Casa Grande.Era escolhida pela docilidade,pela higiene,pela força(física e espiritual)e pela beleza.A maioria dos criados de dentro eram angolanos,que logo se adaptavam ao dia a dia dos Engenhos e assimilavam facilmente os costumes e a religião dos brancos,embora jamais perdessem suas características africanas,como o linguajar “mole” e as crenças nos seus deuses primitivos.Pelo contato com as Iaiás,tornavam-se quase pessoas da família,confidentes e leva-e-trás das mocinhas e senhoras.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;">Mas,a função principal da ama era criar o sinhozinho,amamenta-lo,cuida-lo,embalar a sua rede,ensina-lo a falar e a rezar,enfim,era responsável pela saúde,pela higiene e pela formação do futuro senhor de engenho.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;">Uma boa ama tinha que ser corpulenta,carinhosa,seus peitos deviam ser nem muito rijos,nem moles demais,os bicos nem muito ponteagudos,nem encolhidos,segundo o médico J,B.A. Imbert.Pela boca da ama ,os guris aprendiam as primeiras palavras,os ôxente,os pru mode,absorviam superstições,como o bicho papão,o homem do surrão e o saci pererê ,o curupira.A negra “amaciou a língua portuguesa,para desespero dos padres puristas,como fazia com a comida dos nenén,tornando a carne dura mais palatável,com o molho de ferrugem,e,o pirão mais comível,com o amassado das verduras e os caldos suculentos.As palavras,como o alimento,desmanchavam na boca.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;">Daí vieram as palavras Cacá,bumbum,pipi,dindinha,au-au,tatá,neném,mimi,cocô,e os apelidos,as transformações dos nomes próprios portugueses:</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;">Antonio,virou Totonho,Tonho;Francisco,Chico,Chiquinho;Teresa,virou Teté;Manoel,Nézinho ou Mané;Maria,Maroca,Mariquinha,e,por aí vai.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;">Sem esquecer os diminutivos: ioiô.iaiá,nhonhô,calu,sinhá,sinhozinho,como era chamado meu avô,com tanta freqüência que,poucos sabiam seu nome de batismo.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;">As amas e mucamas também eram responsáveis pela iniciação sexual das iaiás e sinhozinhos,ensinando-lhes os mistérios do sexo,assunto tabu,entre as senhoras brancas;meninas que se casavam quase sempre depois da primeira menarca,com senhores mais velhos,escolhidos pelos pais,inocentes de tudo que se passava no leito conjugal,não fosse pelos “ensinamentos” das escravas.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;">E,as orações,então!?Ainda me lembro que aprendi e ensinei a meus filhos e netos ,as orações que minha mãe aprendeu de minha avó,que aprendeu das negras:</span></div><blockquote><blockquote><blockquote><blockquote><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;">Com Deus me deito</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;">Com Deus me levanto.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;">Com a graça de Deus</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;">E do Espirito Santo.</span></div></blockquote></blockquote></blockquote></blockquote><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;">Ou,</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;">Santo Anjo do Senhor,meu zeloso guardador,se a ti me confiou a piedade divina,sempre me rege,guarda,governa,ilumina amém.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;">Ou,ainda:</span></div><blockquote><blockquote><blockquote><blockquote><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;">Sta.Anna bendita</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;">Rogai com affecto</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;">Por nós miseráveis</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;">A Deus,vosso netto.</span></div></blockquote></blockquote></blockquote></blockquote><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;">(escrita no português da época).</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;">Rendo minhas homenagens a essas mulheres extraordinárias,que tiraram o leite de seus filhos para alimentar e nutrir os filhos de seus algozes e lhes ensinou,além dos mistérios da vida,o amor,a confiança,as crenças e os valores que hoje são o alicerce das sociedades modernas.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;">Fonte: www.artigonal.com</span></div>Revista Literáriahttp://www.blogger.com/profile/10160769599934066285noreply@blogger.com0