No 13 de maio
Lílian Maial
sou negra nos olhos
de cabelos negros
de pêlos pretinhos
de lábios carnudos
sou negra no samba
sou negra de raça
a negra da graça
fazendo pirraça
a pele é que é branca
mas eu sou bem negra
também sou escrava
lanhada no tronco
sou negra e sou terra
porque eu sou povo
porque sou guerra
porque sou lodo
a paz é negra
negra utopia
dos filhos iguais
na mesma alforria
sou negra tupi
sou boa na lida
da trouxa, parida
sou par de Zumbi
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NEGRA
Lílian Maial
negra a melanina
o pigmento
a raça resistente e bela
negra a força dos pelos
crina e a cabeleira
a noite e a lua nova
negra a profundeza do mar
a pupila dos olhos
a menina
negro é o infinito
o imenso universo
o segundo
negra a morte
o fim de tudo
o princípio
negra eu
desejo e mistério
ébano luminoso
branca eu
acaso genético
coração Zumbi
negro o pensamento
onde se formam as cores
e de onde vem a luz.
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*pelo Dia da Consciência Negra e o fim do racismo subliminar que ainda sobrevive entre os homens.
"O homem não pode falar de amor, enquanto gritar diferenças"
Lílian Maial
ZUMBI
Lílian Maial
igualdade - palavra gasta
vence o poder, a força
o domínio
o ego
luta de raça
refrão de cego
Zumbi seria branco,
se negro fosse o feitor
pois que pele é flor
beleza e perfume
enfeite da vontade
sobra o medo embutido
vaga na escola
letra de funk
subir o vidro
esmola
consciência negra
tributo à separação
imposto sobre a melanina
a cada dia nasce um Zumbi na China
no Irã, no Acre, no Congo
em cada esquina
como Cristo,
entre o céu e o crucifixo
como o judeu,
entre o Tovah e o Desmodeu
como Che,
entre o povo e o poder
como a mulher-de-terno
entre a fêmea, a mãe, a escrava e o inferno
zumbi não morreu
nem venceu
está na retina,
nos poros,
na adrenalina
e os punhos ainda guardam os grilhões
e sustentam fuzis e rosas
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liberdade
quando não mais
tiver medo
de pagar pelo que não sei
quando não mais
precisar usar
de subterfúgios pra sorrir
quando não mais
virar o rosto
para não ver
só então
em consciência multicor
deixarei de ser
e
s
c
r
a
v
a
lílian maial
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